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Diretor de "Parasita" assiste a "Bacurau" e pede apoio do governo brasileiro ao cinema

Bong Joon-Ho, diretor ganhador do Oscar com "Parasita", enxerga semelhanças de sua obra com "Bacurau" e pede apoio do governo ao trabalho de cineastas.

Bong Joon-Ho e Song Kang-ho em Cannes, 2019
Foto Stock via Shutterstock

A cidade de Londres serviu como ponto de encontro para um crossover histórico. Bong Joon-Ho, diretor premiado no Oscar por Parasita (que fez história ao ganhar como Melhor Filme), esteve em sessão do filme brasileiro Bacurau ao lado dos diretores Kléber Mendonça Filho Juliano Dornelles.

Vale ressaltar que o coreano não foi um convidado especial nem nada do tipo. Segundo a BBC, ele comprou ingresso como qualquer outro espectador e escolheu um lugar no fundo da sala, à direita. Após o término do longa, Joon-Ho comentou:

É muito bonito. Tem uma energia única, traz uma força enigmática e primitiva. Eu espero que o governo brasileiro apoie mais a indústria de cinema brasileira e seus incríveis cineastas, como Kleber Mendonça e Juliano Dornelles. A indústria cinematográfica é arriscada e precisa de segurança e estabilidade.

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O encontro é especialmente notável devido à semelhança entre as propostas dos dois filmes. O diretor percebeu isso, dizendo que “são pessoas e lugares diferentes, mas há uma conexão da luta dos oprimidos”.

ParasitaBacurau e encontro bem-humorado de diretores

Bong e Kléber também comentaram sobre as cotas para filmes nacionais em seus países de origem. Por aqui, o assunto virou polêmica quando o presidente Jair Bolsonaro declarou que “fazendo bons filmes, não vamos precisar de cota”; o sul-coreano contou que, por lá, “houve dificuldades e uma grande luta. Agora, o público gosta e está acostumado com os atores e diretores coreanos”.

Os dois ainda tiveram uma conversa bem-humorada sobre os paralelos de luta de classes nas duas obras. Joon-Ho diz que “o pessoal das classes mais baixas de Bacurau é muito mais legal que o de Parasita, que está muito mais bravo”, ao que Mendonça Filho justifica dizendo que “são só uma família, se fossem um grupo maior, talvez…”.

O diretor vencedor do Oscar finaliza brincando — ou não — que “infelizmente” as pessoas de Parasita “nunca pegam em armas”:

Isso, a questão da comunidade é muito bonita em Bacurau. Só que infelizmente as pessoas das classes baixas em Parasita nunca ficam tão bravas quanto as de Bacurau, nunca pegam em armas! Tão triste [risos]! Os meus só querem um pouco de dinheiro!

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