Quando foi anunciado há alguns meses, com até pouco tempo de antecedência, a premissa do GRLS, novo festival no circuito de São Paulo, parecia maravilhosa. E o resultado foi, também, mas talvez tenha seguido um caminho inesperado (ou não?) pelos organizadores que queriam celebrar a mulher acima de tudo.
A primeira edição do evento aconteceu no último final de semana no Memorial da América Latina, com seu segundo dia caindo em 8 de março — o Dia Internacional da Mulher. O line-up musical foi inteiramente feminino, assim com a escalação para as Talks, palestras sobre o mundo feminino em suas várias vertentes que rolaram do outro lado da avenida.
No sábado (7) rolou a tão aguardada volta de Kylie Minogue ao Brasil após 12 anos de espera e, com isso, veio também um público dividido, pendendo para uma maioria de homens. Não fui a única que percebeu esse acontecimento, discutido também pela sala de imprensa e até entre o próprio público — se o festival tem como foco a mulher, por que ela marcou tão pouca presença nas pistas?
Essa discussão vai longe e, acredito eu, deve estar sendo assunto também para a organização. Podemos levar em conta, é claro, a apresentação de Kylie, que realmente tem um público gay muito forte — assim como o Little Mix, que foi headliner do dia seguinte. Podemos discutir, também, outros tópicos como atratividade da programação, disparidade de salários (caso queira ir mais fundo) e afins. Mas a verdade é que a diversidade também foi objetivo mirado, sendo lembrada a todo momento pelas artistas que passaram pelo palco durante os dois dias. Então por que não?
O fato é este: a festa foi boa. Entre palco, backstage, iluminação, imprensa e organização, as mulheres foram maioria — e devo dizer, tudo funcionou pra lá de bem. Dos eventos que acontecem no Memorial ao longo do ano, inclusive da mesma produção, este foi um dos mais organizados que aconteceu por lá. Se continuará acontecendo nos próximos anos, ainda não sabemos… mas tomara que sim!
Os shows
O sábado foi o dia das artistas solo no GRLS. A festa começou com Linn da Quebrada já tocando para um público volumoso que tomava as pistas premium e comum, saindo do palco ovacionada. Rolou até coro durante algumas canções, o que emocionou a cantora e sua banda.
Depois veio Gaby Amarantos para falar das delícias e dores da xoxota, exaltando a todo momento o girl power e também suas colegas de line-up. A artista foi seguida por Ludmilla, que chegou de última hora substituindo Thierra Wack, em um dos shows mais barulhentos de todo o evento. Feliz da vida, ela até se esticou para ouvir o público cantar seu novo hit, a polêmica “Verdinha”.
Kylie Minogue dispensa apresentações. Doze anos depois de seu último show por aqui, a diva australiana voltou com um setlist para fã algum colocar defeito, feito especialmente para o público brasileiro, que captou esse presente na hora. A cantora chegou até mais cedo ao palco para ter tempo de encaixar tudo o que queria e, como sempre, sua apresentação foi impecável e fenomenal.
Já no domingo o dia começou com muita luta, militância das boas e sonzeira pesada com a Mulamba. A banda ganhou a plateia de assalto e fez todo mundo repetir seus coros políticos, inclusive contra certo presidente. Mc Tha, que veio em seguida, não deixou por menos — mesmo de forma mais sutil e swingada, a cantora também fez seu protesto embalado de uma música bem gostosa, que fez todo mundo dançar e aplaudir.
A penúltima atração foi a sempre ótima Iza, que entregou um show cheio de hits e covers de artistas negros como Bob Marley, Gilberto Gil e Natiruts. Rolou também Rihanna e seu rom pom pom no setlist, o que fez a galera cantar mais alto ainda.
Quem fechou o GRLS foi o Little Mix, que veio pela primeira vez ao Brasil desfalcado. Perrie Edwards, uma das integrantes do quarteto, alegou problemas de saúde e nem chegou ao país. A moça fez falta e também não fez, já que suas três colegas levaram a apresentação nas costas com muita dança, vozeirões e uma amizade instantânea com os fãs que tanto as esperaram. Devem voltar em breve.
Valeu, GRLS!