Violet Soda está impulsionando uma revolução nada silenciosa no rock nacional

Violet Soda levou todo seu grunge e rock alternativo ao palco da Fabrique, em São Paulo, para lançamento de disco homônimo de estreia.

Violet Soda em São Paulo, 2020
Foto por Murilo Amâncio

Foto por Murilo Amancio

Domingo, 08 de Março de 2020, Dia Internacional da Mulher.

Em São Paulo, cidade conhecida pela imensa quantidade de opções de entretenimento, o dia chuvoso poderia ser aproveitado, entre outras coisas, com atrações nacionais e internacionais no Festival GRLS ou até mesmo no show do Black Flag.

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Acontece que centenas de pessoas optaram por irem até a Fabrique, na Barra Funda, para lotar a casa no show de lançamento do disco da banda paulistana Violet Soda.

Falando sobre o grupo liderado pela vocalista e guitarrista Karen Dió há algum tempo, eu fiz questão de presenciar essa festa incrível de perto e posso dizer com tranquilidade que não apenas não me arrependi como vi o que parece ser o início de um movimento interessante para o quarteto.

Violet Soda em São Paulo

Para divulgar seu primeiro disco cheio, lançado ao final de 2019, a banda não se limitou a marcar um show onde seria a atração principal como também fez questão de dividir o palco com outras bandas, todas com mulheres em sua formação.

Sendo assim, a tarde que lembrou as boas e velhas apresentações de hardcore dos Anos 90 e 2000 ainda teve shows de Miami Tiger, Putz e The Mönic, que aqueceram os motores para os últimos sons da noite.

E eles vieram com as guitarras altas, o baixo certeiro, a bateria imponente e o vocal de Karen que sabe alternar melodias suaves como no início de “Charlie” e “I’m Trying” com berros poderosos como os de “Girl!”

Foto por Murilo Amancio

Apesar de nova, a banda conta com quatro músicos experientes em sua formação e é incrível ver a evolução que teve do EP Here We Go Again para o mesmo formato em Tangerine, ambos de 2018.

Muitíssimo bem ensaiada, sem medo de aumentar o volume e sabendo transmitir a pressão na medida certa, o Violet Soda está fazendo com que o rock de guitarras seja novamente interessante para uma legião de fãs que, como ficou bem claro, não necessariamente fazem parte da “cena”, mostrando que o grupo começou a furar uma bolha e está chegando a lugares onde o independente normalmente custa pra chegar.

Foto por Murilo Amancio

É claro que há todo um movimento acontecendo há algum tempo e a cada single, clipe ou álbum lançado por bandas daqui com sons de guitarra, a chama vai ganhando mais força, e quem deixa a preguiça de lado para “bisbilhotar” o underground sabe que há tempos bandas como Ego Kill Talent, Black Pantera, Molho Negro, Menores Atos, Pense, Bullet Bane, Deb And The Mentals, Far From Alaska e tantas outras têm carregado a bandeira das guitarras nos shows que fazem pelo país e fora dele.

Com tanta gente na plateia cantando em inglês do início ao fim e não apenas murmurando os refrães, ficou claro que ao resgatar o grunge, o punk e o rock alternativo dos Anos 90 de forma criativa, o Violet Soda está conversando com uma molecada que está ávida por novos sons e disposta a seguir seus novos ídolos.

A melhor parte disso tudo, e talvez a questão mais importante, é que a banda está fazendo questão de seguir em frente ao lado de diversos pares, aproveitando suas ocasiões para congregar e criar o que não vemos há muito tempo de forma robusta por aqui, uma cena que alcance grandes proporções.

No show, tivemos participações especiais de Emmily Barreto e Cris, ambas do Far From Alaska e Isa Salles, do Scatolove, além de uma invasão de outros artistas ao final.

No último domingo ficou claro: a música do Violet Soda é com guitarras, distorção e ainda assim tem grande apelo para a geração que ficou conhecida por seguir o pop e o hip hop primariamente. O que será do futuro obviamente não sabemos, mas estaremos aqui para celebrar, apoiar e desejar que seja o início de uma carreira repleta de grandes feitos.

Talento e potencial tá rolando de sobra!

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