Cultura

Infectologista diz que governo brasileiro deve restringir grandes eventos

Com o surto de coronavírus, um infectologista entrevistado pela BBC orientou a suspensão de grandes eventos. Por enquanto, São Paulo manteve a agenda.

Coronavírus SARS-CoV-2
Foto via Flickr

Com tantas dúvidas surgindo sobre o coronavírus, a BBC resolveu falar com o especialista Marcos Boulos para tirar dúvidas. Ele faz parte do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), e por lá comentou todas as consequências da declaração de pandemia e as recomendações gerais acerca da doença.

Porém, ele também conversou sobre a possibilidade de realização de grandes eventos no Brasil. O país tem diversos shows marcados nos próximos dias, como o McFly (19 a 29 de Março), o Backstreet Boys (que já se apresentou em Uberlândia neste dia 11 e fica por aqui até dia 15) e a dupla punk The Offspring Pennywise (entre 17 e 22 de Março).

Além disso, grandes campeonatos esportivos têm partidas marcadas em todo o território nacional. Para Boulos, o Brasil poderia ter cancelado esses acontecimentos antes mesmo da declaração de pandemia e citou que devemos adotar medidas de outros países muito em breve:

Poderia fazer isso mesmo antes do anúncio, como já foi feito na Itália e na França, onde jogos do campeonato francês não terão torcida. Times como o Paris Saint-Germain, de Neymar, vão jogar com portões fechados.

Os Estados Unidos vetaram, depois de 69 anos consecutivos, um congresso de cardiologia neste ano por conta do coronavírus. Assim que o número de casos aumentar, medidas como essa devem acontecer em breve no Brasil também. O governo estuda, inclusive, antecipar as férias escolares de dezembro para evitar aglomerações nas escolas.

Além disso, o especialista também indicou que os governantes façam extratos de emergência. A ideia é facilitar a liberação de verba pública tanto para construir mais leitos quanto para lidar com as consequências gerais da doença.

Coronavírus no Brasil e coletiva de João Doria

Em coletiva que anunciou a disponibilização de mil novos leitos de UTI para pacientes de coronavírus, o governador de São Paulo João Doria (PSDB) afirmou que irá manter a realização de grandes eventos. Ele repassou a decisão final aos organizadores.

Neste momento, volto a repetir, nesta data não há nenhuma recomendação do governo do estado de São Paulo para cancelamento de eventos esportivos, de entretenimento ou de conteúdo. Nesse 12 de março não há nenhuma determinação para cancelamento de eventos públicos, independentemente do número de pessoas. Cada instituição pode tomar essa decisão, mas não sob recomendação oficial.

Isso quer dizer, portanto, que não haverá intervenção do governo — pelo menos por enquanto — quanto à realização do Lollapalooza Brasil, cuja capacidade gira em torno de 80 mil pessoas por dia e geralmente se vê próximo da lotação. Marcos Boulos falou sobre essa possibilidade, também no papo com a BBC:

Aqui no Brasil, vamos ter o Lollapalooza (de 5 a 7 de abril) e o governo pode evitar, caso queira. Caso faça isso, ele pode ser acionado na Justiça pela empresa responsável, que pode argumentar que todos os ingressos já foram vendidos. O governo também pode apenas fazer recomendações para o público evitar qualquer reunião que tenha mais de 50 pessoas.