Entrevistas

Música, Brasil e conexões: conversamos com o XAXIM sobre passado, presente e futuro

Leia entrevista exclusiva do duo Xaxim, formado por Dudu Marote e Fabião Soares, ao Tenho Mais Discos Que Amigos!; duo remixou Francisco, el Hombre.

Xaxim

XAXIM é uma dupla brasileira pra lá de interessante que começou os seus trabalhos recentemente.

O projeto é formado por Dudu Marote, produtor responsável por verdadeiros clássicos da música brasileira como O Samba Poconé e Calango, ambos do Skank, e Fabião Soares, que decidiram iniciá-lo em um DJ Set durante um festival de música eletrônica experimental.

Nos últimos meses eles remixaram canções como a sensacional “Calor da Rua”, da Francisco, el Hombre, e também lançaram sons próprios, inclusive o fazendo em disco de vinil.

O TMDQA! conversou com o XAXIM para falar a respeito disso tudo, entender as origens do duo e entender para onde eles estão indo.

Veja logo abaixo a entrevista exclusiva!

TMDQA!: XAXIM é um projeto que já nasce com um nome que chama a atenção e toda uma estética. É daquelas palavras que só da gente ler já visualiza algo bem definido e, além de tudo, é bem brasileiro. Como surgiu o projeto e como vocês dois, atarefados com outras frentes na música, estão lidando com ele?

Xaxim: Fabião e eu temos uma irmandade há muitos anos e nosso principal assunto sempre foi música. Estávamos na onda desses sons com ritualismos, ancestralidades e uma pista delícia quando fomos ao Dekmantel de 2018 e saímos do festival com a decisão de criarmos o projeto. É verdade que somos total atarefados na vida, mas esse modo multitasking só estimula a gente a puxar no XAXIM o grau máximo dos nossos conceitos e ao mesmo tempo poder comunicar musicalmente com as pessoas o que bate no nosso coração.

TMDQA!: O mundo da produção é bastante amplo e lidando com bandas dos mais variados tipos a todo momento, é comum ter um caldeirão de influências na hora de criar a própria sonoridade. Quem inspira o (a?) XAXIM e quais foram os “nortes” que vocês desenharam lá no começo?

Xaxim: A ritualística, os beats afro-brasileiros, ancestralidades do pré-Brasil, das Américas, África e Ásia. Ao mesmo tempo a gente ama a pista. Nessas a conexão com a Sonido Trópico e artistas como Spaniol, Nicola Cruz, Xique Xique, Polo & Pan foi imediata. Nas faixas que lançaremos em breve teremos a presença de membros do BaianaSystem na percussão e no baixo. Laylah Arruda é MC de Sound System que é algo que pude expressar desde que produzi os álbuns Calango e O Samba Poconé pro Skank nos anos 90.

TMDQA!: Em 2019 vocês lançaram um disco de vinil de 7 polegadas com duas canções. A ideia do vinil esteve lá desde o começo? Você acha que isso tem a ver com o calor da sonoridade que a banda quer transmitir e o faz já no nome?

Xaxim: O vinil é parte da nossa formação sim. O Fabião toca vinil como DJ desde a adolescência. E surgiu a oportunidade no momento que a fábrica Vinil Brasil e os produtores Michel Nath e Arthur Joly conseguiram viabilizar a produção de compactos com altíssima qualidade e a um preço acessível. Além do “calor”, o vinil traz uma experiência única que comemoramos com um pequeno lançamento na loja do mítico Caverna, no centro de SP, um brother de Russo Passapusso.

TMDQA!: Por falar em calor, o lado B do disquinho é um remix de “Calor da Rua”, da sensacional Francisco, el Hombre. Você trabalhou com a banda, mas em que momento decidiu que levaria uma composição dos caras para o XAXIM? Como nasceram as ideias para o resultado final?

Xaxim: nosso encontro teve dois lados. Um foi graças ao Miranda, na época que ele faleceu. Outro foi que a filha mais velha do Fabião tava total nessa vibe e o levou pro show da banda. Ele, claro, voltou encantado.

Foi louco que quando começamos a desenhar o XAXIM, tanto Fabião quanto eu trouxemos a visceralidade da Francisco El Hombre como um norte muito claro a ser alcançado. Começamos o remix de “Calor da Rua” apenas com o 2 track mesmo, a música mixada, e terminamos em menos de duas horas. Quando a tocamos na VoodooHop de Heliodora, MG, no ano passado, percebemos o tamanho do efeito que o remix causava nas pessoas. Surgiu a coragem de procurar a banda e pra nossa alegria eles não só amaram, como imediatamente me chamaram pra produzir seu novo single, que saiu agora, “Matilha”. Com tudo isso viramos presença diária e intensa nas vidas uns dos outros.

TMDQA!: Ao falar do som, a própria Francisco el Hombre disse que a nova versão fez com que eles entendessem “pontos fortes” da música que passavam batidos nos palcos pelo Brasil. Como vocês identificaram esses pontos e os colocaram em evidência?

Xaxim: Como não tínhamos os canais separados pra fazer o remix tivemos que nos concentrar em alguns pontos mais mântricos. E sem dúvida o baixo do Gomes foi por onde nos baseamos. Ao fazermos o mantra do baixo com os vocais de Mateo, Juliana e Sebastian rolou uma catarse natural. Mas creio que a cereja do bolo foi um efeito subliminar que criamos com um reverbão que não deixa a frase principal do refrão acabar. Pelo menos é onde a galera sempre grita quando a gente toca o remix. Muito loco como esse remix causou não só no Brasil quanto nas pistas da Europa que tocamos.

TMDQA!: 2020 chegou e imagino que novos planos estejam no horizonte para o projeto. Como vocês se enxergam ao final desse ano? O que farão até lá em termos de produção musical? Vocês pensam em levar apresentações para as ruas e palcos?

Xaxim: queremos evoluir este ano. Vamos expandir nossas fronteiras musicais e esperamos tocar em muito mais festivais, cidades e países. Lançaremos um EP muito em breve com participações novas bacanas. E até o final do ano lançaremos nosso primeiro álbum.