Entrevistas

"Melhor que o Grammy": Rodrigo Lima (Dead Fish) fala sobre homenagem com nome de besouro

Com exclusividade ao Tenho Mais Discos Que Amigos!, Rodrigo Lima falou sobre homenagem de biólogo fã do Dead Fish que batizou nova espécie com seu nome.

Rodrigo (Dead Fish) e besouro
Foto por Vitor Malheiros

Há alguns dias a gente falou por aqui sobre como Rodrigo Lima, vocalista do Dead Fish, foi homenageado de uma forma nada convencional.

Um biólogo brasileiro chamado Vinícius Ferreira batizou uma espécie até então desconhecida de besouro com um nome que celebra Rodrigo, Acroleptus limai, já que é fã do grupo capixaba de hardcore.

O bicho, aliás, também é nativo do Espírito Santo, o que resultou na homenagem perfeita.

Conversamos com Rodrigo Lima

Após a notícia, o TMDQA! bateu um papo com Rodrigo para falar a respeito do assunto e ele não escondeu sua animação, dizendo que “é mil vezes melhor que ganhar o Grammy”:

Talvez tenha sido um dos melhores prêmios que tive o privilégio de receber. Ainda não tive a oportunidade de agradecer pessoalmente ao Vinícius [o biólogo responsável] pela linda homenagem por eu estar fora do país, mas quero tatuar e tudo (risos).

O mais interessante aqui do meu ponto de vista do homenageado, é que se trata de um besouro patrício, local, capixa mêmo (risos) e ser uma espécie de vagalume que não emite luz. Passei dois dias pensando nisso cá com meus vagalumes mentais e no meu trabalho como músico, o nicho que escolhi atuar, menos afeito a luzes e vaidades, pensei na minha dificuldade de década de me assumir como um artista e não só como um trabalhador da música, apesar das duas coisas serem bastante próximas… Mó doideira beacho. Pensei que um vagalume pra ser capixaba tem que não emitir luz, em analogia a nossa conhecida falta de autoestima local. Rapá, fui longe nos pensamentos, portanto definitivamente é talvez a maior homenagem que já recebi. Fora que virei beatle capixaba né? (Risos) Sempre soube, com muita humildade. (Risos)

É claro que tudo ganha um nível ainda mais bacana quando estamos falando de uma homenagem vindo de quem segue fielmente o trabalho e a obra do cara, um fã, e perguntamos a Rodrigo sobre como é ter esse reconhecimento durante tanto tempo:

Olha, tenho recebido tantas, mas tantas boas notícias da molecada que seguiu a banda por anos e se tornaram adultos e fizeram grandes homenagens à banda. Já li duas teses de mestrado que foram embasadas nas letras da banda, tenho uma tese de doutorado em casa sobre marxismo de um colega de cena dos anos 90 que abre com uma letra do Dead Fish, inclusive essa tese é fenomenal e tem que se tornar um livro!

Fora tatuagens, negócios e vídeos feitos tendo como primeira inspiração nossas letras. É um perigo até por que tenho uma forte sensação de dever cumprido e isso te endurece, tu começa a se levar muito a sério e achar que tem que virar estátua, não pode.

Por fim, perguntamos ao vocalista do Dead Fish sobre quais músicos ele homenagearia com bichos, e a resposta foi a seguinte:

Nunca me passou pela cabeça dar uma representação de algum animal pra alguém que gosto… Sei lá, sempre chamei todos os artistas que gosto de brutais, animais. O Redson [Cólera] seria uma espécie de coruja talvez, o [João] Gordo um elefante daqueles bem mauzões da África mas terno na manada, o Henry Rollins um gorila… o Mozine [Mukeka Di Rato, Merda, Laja Records] um ratinho desses camundongos pequenos tipo o Mickey (risos), sei lá…

Nada mal, hein?