A dimensão continental do Brasil é certamente uma das principais razões para a nossa cultura tão diversificada e ampla. São hábitos, sotaques, cores e tradições diferentes em cada ponto do território. E é justamente essa pluralidade uma das nossas maiores riquezas! A mistura desses elementos, especialmente quando falamos sobre arte, costuma gerar os melhores resultados!
Agora, junte as especificidades de Minas Gerais, Sergipe e Bahia. Três estados com fortes singularidades na música nacional deram origem ao grupo Neotribais, uma das mais interessantes surpresas da cena musical deste ano até então.
O grupo foi formado em Salvador e é composto por três integrantes: Miguel Freitas (filho mais velho de Carlinhos Brown), Bruno Souri e Gonçalo Santana. Eles se conhecem desde a infância e, por isso, carregam muitas memórias em conjunto. O trio lançou recentemente o seu primeiro single, intitulado “Fluxo Frenético“. A sonoridade, por sinal , é de fato frenética, pondo tradição e modernidade em paralelo.
A novidade tem produção de Dudu Marote (Skank, Jota Quest, Pato Fu, Francisco el Hombre), foi mixada nos Estados Unidos e masterizada em Brasília. Confira com os próprios ouvidos no player abaixo:
O Opanijé e o ritmo acelerado da cidade grande
A música fala sobre o dia-a-dia corrido de uma megalópole como São Paulo, mergulhada nos mais diversos tipos de conflito. “Quero me libertar desse fluxo frenético, desse ritmo caótico, desse fluxo sem nexo”, clama o refrão da faixa.
A temática casa claramente com o instrumental, entre uma riffs que guitarra, elementos eletrônicos e uma excitante explosão rítmica. Vale destacar a utilização do Opanijé, ritmo sagrado do Candomblé. Originalmente associado aos orixás Omolu e Obaluaye, o ritual em questão envolve partilha de alimento e prece por saúde e longevidade (que, convenhamos, todos precisamos).
De forma antropofágica, o Neotribais aliou o som dos terreiros ao groove do drum & bass e a todos os outros elementos que enriquecem a faixa. Isso reforça o diálogo que o grupo promove, entre tradução e modernidade.
O diálogo entre a tradição e o moderno
A faixa mostra que o grupo bebeu da água de grupos como Nação Zumbi e BaianaSystem, ao mesclar elementos da tradição musical local com elementos estéticos modernos. De forma homogênea, Bruno, Miguel e Gonçalo juntam suas referências em um resultado original onde nenhuma inspiração pesa mais do que as outras. É uma música, por assim dizer, balanceada.
A ideia é aproveitar os novos recursos tecnológicos da música para potencializar a afirmação das raízes brasileiras do grupo, que se inspira nos mais diversos gêneros musicais. É também uma forma de convidar a nova geração a compreender a sonoridade das gerações mais antigas (e vice-versa).
Sobre a música, o vocalista Bruno Souri afirma:
Nessa faixa, que é importantíssima para esse nosso novo projeto, buscamos conciliar o ancestral e o contemporâneo, deixando em ambos uma certa harmonia. A letra traz novas nuances que discutem muito as dificuldades que passamos diariamente, trazendo à luz questões como solidão, exclusão e o ritmo de uma cidade grande.
Uma canção nova por mês
O trio vem com uma proposta ousada. O plano, de acordo com a banda, é lançar uma música por mês. “Fluxo Frenético” é apenas o primeiro destes lançamentos.
Questionados pelo TMDQA! se a ideia é formar um álbum, eles disseram que, neste primeiro momento, pretendem apenas lançar singles, mas que não descartam consolidar um disco cheio mais para frente. E, é claro, manteremos vocês cientes dessas novidades.
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