John Prine é uma verdadeira lenda da música country norte-americana e, infelizmente, nos deixou aos 73 anos de idade nesta terça-feira (7).
Vítima de complicações da COVID-19, John havia sido internado no último dia 26/03 e ficou algum tempo em estado crítico. Descoberto por Kris Kristofferson, John Prine lançou seu primeiro disco de estúdio em 1971 e o álbum homônimo foi celebrado como um dos melhores daquele ano pelo público e pela crítica.
Conhecido por contar causos da sua vida misturados tanto a traços de humor quanto a críticas sociais, o cantor é considerado como uma das maiores influências para toda uma geração de músicos que conquistaram o mundo.
John Prine e a influência em grandes artistas
Bob Dylan, por exemplo, elegeu o cara como um de seus compositores favoritos e destacou a excelente “Sam Stone” como uma composição genial que “só poderia ser feita por alguém como Prine”.
A canção trata de um soldado que lutou no Vietnã viciado em drogas e sofrendo de TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático), algo que certamente dialogou com milhares (se não milhões) de americanos à época.
Outro que também cita — e muito — Prine como influência é Roger Waters, do Pink Floyd. Waters colocou o cara no mesmo patamar de Neil Young e John Lennon e, em 2017, chegou a tocar a icônica “Hello in There” com seu ídolo no festival folk de Newport.
Por fim, como se não bastasse, Johnny Cash simplesmente colocou o cara em seu “Big Four”, ou seja, seus quatro compositores preferidos. Em sua autobiografia, Cash disse que o ouvia sempre que precisava “procurar por inspiração” e chegou a fazer suas próprias versões de canções como a própria “Sam Stone” e outra clássica, “Paradise”.
Além do álbum de estreia
As três músicas anteriores fazem parte do álbum de estreia de Prine, que certamente foi o seu mais aclamado na vida. Mas nada disso impediu o músico de lançar 18 discos de estúdio durante a sua carreira, entre eles Common Sense (1975), o primeiro a quebrar a barreira do Top 100 nas paradas.
Curiosamente, o trabalho foi um dos menos aclamados pela crítica. Ainda assim, o respeitado ex-crítico do Los Angeles Times Robert Hilburn, que ajudou a lançar a carreira de Prine e de outros nomes como Elton John, elegeu a icônica “Come Back to Us Barbara Lewis Hare Krishna Beauregard” entre as suas dez preferidas em uma lista feita em homenagem ao lendário músico.
Já o último trabalho de John Prine foi The Tree of Forgiveness, em 2018, que rendeu ao cantor a sua melhor estreia com a quinta posição nas paradas. Um reconhecimento tardio, já que ele passou boa parte da sua vida no underground, mas ao mesmo tempo merecido e apreciado: foram diversos shows lotados em casas de grande capacidade nos EUA.
Naquele disco, ele colaborou com um nome bem conhecido da música moderna. Dan Auerbach, do The Black Keys, e um dos maiores expoentes do gênero de cujas raízes Prine faz parte, participou da composição nas faixas “Caravan of Fools” e “Boundless Love”, que encerram com chave de ouro essa carreira brilhante.