JJ Wilde é uma verdadeira artista.
Em 2018, aos 26 anos de idade, ela se deparou com a difícil decisão de largar os “empregos normais” que tinha para viver de música, e optou pela segunda a opção.
Para a nossa sorte, a escolha mostrou-se mais do que sábia e Wilde nos presenteou com verdadeiros petardos voltados ao Rock And Roll, emplacando canções como “The Rush” em playlists mundo afora.
Em entrevista exclusiva para o Tenho Mais Discos Que Amigos!, JJ Wilde falou sobre as suas motivações, carreira, planos para o futuro pós-pandemia e mais.
Leia tudo logo abaixo.
TMDQA!: Seu release de imprensa diz que quando alguém te perguntou sobre escolher entre a música e um relacionamento, você escolheu a música. Quando a sua relação com a música começou e quando você percebeu que ela era tão poderosa e importante na sua vida?
JJ Wilde: Eu tenho um relacionamento forte com a música desde que posso me lembrar. Eu diria que começou quando eu tinha 10 ou 11 anos de idade e eu percebi os gêneros e sonoridades que me atraíam. Para mim a música sempre foi algo que eu usei para expressar o que estou sentindo. Eu ouço diferentes tipos de música dependendo de tantas coisas diferentes, desde o meu humor até o clima daquele dia, e as atividades que estou fazendo. Mas eu estou quase sempre ouvindo algo. Me ajuda a superar qualquer coisa. Eu acho que realmente percebi a importância da música na minha vida quando comecei a compor e tocar. Eu sempre amei e apreciei ouvir música mas poder me expressar através das coisas que eu toco foi algo completamente diferente.
TMDQA!: Em 2018, após compor mais de 500 músicas, você teve que decidir entre seguir em frente nessa carreira ou ter “empregos normais”, e você estava trabalhando em três lugares diferentes na época, certo? O que te fez não desistir e lançar seu primeiro EP? Apenas dois anos depois, como você vê o impacto dessa decisão na sua vida? Vocês ainda trabalham em “empregos normais”?
JJ Wilde: Eu estava trabalhando em três empregos diferentes e fazendo música ao mesmo tempo. Fico feliz em poder dizer que não estou mais trabalhando em três empregos e posso me dedicar à música em tempo integral!
A escolha de ir atrás da música veio após eu ir a um encontro com um conselheiro vocacional para procurar por coisas que eu poderia estar fazendo. E havia várias opções que pareciam muito legais. Mas eu saí da consulta com 100% de certeza de que não seria feliz fazendo qualquer uma daquelas coisas e não queria ficar pensando no que teria acontecido se eu simplesmente tivesse aceitado. Eu precisava pelo menos tentar para saber se a música poderia funcionar. Eu vejo o impacto dessa decisão todos os dias! Eu não mudaria nada.
JJ Wilde: Seu som é uma mistura perfeita de Blues e Rock And Roll, e você ainda consegue imprimir um estilo único nesse caldeirão, que claramente pertence a você. Canções como “Wired” e “The Rush” são brutalmente honestas e nos lembram de um período de tempo onde o Rock And Roll dominava as rádios. Como você descreveria seu processo de composição tanto no sentido das letras honestas quando no instrumental, com riffs e solos de guitarra? Como você se sente em relação ao estado do Rock And Roll hoje em dia?
JJ Wilde: Meu processo de composição pode variar. Eu normalmente só escrevo algo quando me sinto inspirada, mas ninguém está inspirado o tempo todo, então varia. Eu normalmente mesento com o violão e toco alguma coisa até que uma melodia apareça. Eu improviso uma música inteira e repito isso algumas vezes, gravo tudo e aí escolho as notas vocais para criar a música que estou tentando cantar. Às vezes eu componho uma música com outra pessoa onde começamos do zero e conversamos sobre ideias, o que queremos dizer, o que está acontecendo na minha vida, esse tipo de coisa. Realmente depende.
Quanto ao Rock, eu realmente acho que o gênero irá fazer um retorno extremo, eu adoro Pop, mas eu também sinto falta de ouvir instrumentos de verdade e harmonias que não soam como se tivessem saído de uma máquina. Há algo que eu sinto falta na sonoridade crua do Rock And Roll antigo. Eu acho que estamos no caminho de termos de volta uma sonoridade de bandas mais orgânicas tocando nas rádios. Há tantas novas bandas talentosas, trazendo seu som próprio à cena. Eu tive o prazer de excursionar com algumas delas. Quanto mais músicas ao vivo eu vejo, mais esperança tenho para o Rock And Roll. Ele não está morto, só está no underground. Esperando para tomar conta das rádios.
TMDQA!: Como você descreveria seu som para alguém que nunca ouviu uma música sua?
JJ Wilde: Eu diria que é Rock And Roll honesto e sem firulas.
TMDQA!: Você também diz que quer mostrar para as pessoas quem você é, para que elas tomem suas decisões e gostem ou não. Não é assustador se abrir tanto para o público através da arte? Ou você acha que esses são registros permanentes de períodos da sua vida que você poderá revisitar quando quiser?
JJ Wilde: Bem, eu acho que é um pouco das duas coisas. Eu estou sempre com o meu coração à mostra quando estou compondo, não posso evitar. Então as músicas são vulneráveis e às vezes quando o assunto da canção é obscuro ou desconfortável então definitivamente é assustador mostrar tanta coisa de você mesmo para todo mundo e estar à mercê dos ouvintes. Mas ao mesmo tempo se eu sou completamente honesta com aquilo que estou enfrentando ou as minhas opiniões, então eu acho que as pessoas irão ouvir e poderão se relacionar com aquilo mais do que se eu estivesse tentando cantar algo que as pessoas querem ouvir.
Definitivamente há músicas como “Gave It All” que eu escrevi quando tinha 18 anos de idade, mas essas músicas significaram muito para mim na época que eu as cantei, e eu ainda sinto tudo aquilo. E às vezes elas inclusive se relacionam com coisas que estão acontecendo hoje, até mesmo na minha vida.
TMDQA!: Obviamente estamos passando por um dos piores períodos da história. As coisas estão ruins há algum tempo e o Coronavírus tornou tudo ainda pior no mundo todo. Aqui no Brasil temos a impressão de que nada jamais será o mesmo, para o bem ou para o mal. Como você tem lidado com a pandemia e como sente que ela irá afetar a indústria da música e a sua música?
JJ Wilde: É um período muito difícil pelo qual estamos passando. Eu acho que algo assim irá moldar uma geração. Eu acho que as pessoas irão aprender a estar no presente e aproveitar o que está à frente delas. Não ficarem mais presas em uma tela, mas estarem presentes com aqueles ao seu redor. Quando o contato humano é tirado das pessoas, você realmente percebe o que foi subestimado.
É claro que quando tudo isso passar haverá perdas irreparáveis para todas as indústrias e algumas ainda mais pesadas para aquelas que precisam de engajamento público como restaurantes, bares, casas de shows, locais de casamento, clubes e mais. O efeito não será pequeno. Por sorte com o mundo online nos dias de hoje, artistas ainda têm uma forma de se comunicar com seus fãs e pares para criar um tipo de comunidade diferente. Mas quando a quarentena acabar eu acho que haverá um grande crescimento econômico. As pessoas estarão muito empolgadas para sair de casa novamente, os restaurantes ficarão cheios, as casas de shows ficarão quentes e os bares estarão lotados. Eu não sei por que isso está acontecendo, mas eu acredito que sairemos como pessoas melhores do outro lado.
TMDQA!: Estamos todos em quarentena e o nosso site se chama Tenho Mais Discos Que Amigos! Quais são os discos que te inspiram e que você pode chamar de verdadeiros amigos em tempos como esses?
JJ Wilde: Essa é a verdade nesse momento! Meus discos favoritos são Born To Run do Bruce Springsteen, And The War Came do Shakey Graves, Masterpiece do Big Thief, Coast To Coast: Overture and Beginners de Rod Stewart & The Faces e Trouble de Ray LaMontagne. Metals, da Feist, também é um ótimo disco com um bom clima.
TMDQA!: Quais são os seus planos para o futuro, após passarmos por tudo isso e realizarmos as maiores festas da história do planeta? Um disco cheio vem por aí?
JJ Wilde: Teremos que esperar pra ver! Eu mal posso esperar para voltar a sair por aí e aproveitar shows ao vivo e eventos, além de todas as pequenas coisas que subestimamos por muito tempo. É muito interessante quanta coisa você percebe quando está preso dentro de casa. Eu venho compondo um pouco e estou empolgada para compartilhar esse material. Fiquem ligados para o período da Primavera!