Uma das bandas mais significativas do hardcore nacional é, sem dúvidas, a Plastic Fire. Formada há quase 15 anos no subúrbio carioca, em Madureira, o quarteto comprova seu status com a faixa “A Espiral”, recém-lançada.
Mantendo a urgência de questionar, refletir e expurgar suas manifestações e seus pontos de vista em letras cada vez mais fortes, a canção exprime diversos conceitos a partir da sensação de “poder”.
Gravada no estúdio dos amigos e membros da banda Bullet Bane, que neste ano estreou sua nova formação com o álbum Ponto, a faixa é a terceira novidade apresentada pelo Plastic Fire nos últimos meses.
Recentemente o grupo que possui três álbuns lançados entre 2008 e 2014 (sendo o último Cidade Veloz Cidade), também liberou como single “Tesouras” e “Um Brinde”, após se reconstruir com “Lavanrac” em 2018.
Reynaldo Cruz, vocalista e compositor da banda que conta com Daniel Avelar (guitarra), Márcio Ian (baixo) e André Assis (bateria), comentou com exclusividade para o Tenho Mais Discos Que Amigos! sobre o lançamento:
‘A Espiral’ é a terceira e última de uma série de músicas que a Plastic Fire teve o prazer de gravar lá no TOTH, estúdio dos nossos amigos Fernando e Danilo, guitarristas do Bullet Bane. Nós íamos lançar todas juntas num formato de EP com mais outras músicas, mas acabou que fomos lançando elas aos poucos, no formato de single, junto com os lyric-videos produzidos pelo querido Marcus Iahn, da KRX VÍDEOS, irmão do nosso baixista Márcio. Acabamos nos perdendo um pouco no meio de tantos afazeres de shows e outras ideias e demoramos para postar ‘A Espiral’ nas redes. Acabamos achando oportuno lançá-la agora, nesta época de quarentena, para mostrar para o nosso público, para eles matarem essa ‘saudadinha’ da gente.
A letra fala sobre conceitos variados, mas a ideia-base é tratar do ‘poder’, em si: sobre como nós, humanos, estamos sujeitos, em todos os sentidos e âmbitos, a uma submissão advinda de algo ‘superior’ ao nosso próprio ser, seja ele o Estado, o sistema, a sociedade, ou a lei. Parece-me sempre que viver é ter que escapar dessa condição, dessa ‘linha reta’. Mas, de onde vem esse ‘poder’? Nesses termos, ‘A Espiral’ acaba sendo a forma de escapar da rotina, do comum, daquilo que nos dói na existência, um jeito de viver inteiro e ter o poder da vida em nossas próprias mãos.
Reynaldo, que é sempre caloroso ao recepcionar seus fãs e amigos a cada reencontro e show da Plastic Fire, aproveitou para também falar sobre seus sentimentos em relação ao isolamento social, imposto de forma abrupta no mundo:
Nesses tempos difíceis e inimagináveis de quarentena, eu realmente espero que tudo isso passe sem deixar muitas sequelas, até porque acho que jamais pensamos nessa possibilidade ‘apocalíptica’ de vida. Vamos nos cuidar e esperar que toda essa doideira passe logo!
Como a música é um dos caminhos para manter a mente durante esses tempos complicados, confira abaixo a nova faixa da Plastic Fire.
Plastic Fire – “A Espiral”
Letra:
Regras pra não ter,
Vidas pra não ser,
Transitar, transcrever!
O corpo aspira à conclusão,
Subversiva imersão!
Refrão:
Abraça a forma, enfrenta a transição,
Comande as normas da situação!
Quando o percurso é turvo e irregular:
Espera, inspira e expira!
Curvas pra manter,
Linhas pra romper,
Limitar, absorver!
Infinita propulsão,
Sucessiva inflexão!
Defina os seus conceitos, indefina as soluções,
(Encontra a meta e mire pra acertar)
Prefira o meio termo, dentre as regras, as exceções
(Se livre do que só quer te enganar)
Entenda os seus direitos, se supere quando errar
(Usa o conflito pra desafiar)
E atire pra matar…
…o afã das teorias!
Abarca o impacto e sente a precisão,
Explode a face da decepção!
Busque o empenho para incomodar:
A retidão das coisas!
Se o poder do poder não está no poder?
E se o poder do poder não está…
Se o poder do poder não está no poder?
E se o poder do poder não está no poder?