Lars Ulrich, baterista do Metallica, deu uma entrevista hoje mais cedo para Marc Benioff, CEO da Salesforce.
A ideia era falar a respeito de como ele e seus companheiros de banda estão se conectando em tempos de pandemia do novo Coronavírus, além de detalhar ações beneficentes que as lendas do Heavy Metal têm feito através da ONG All Within My Hands.
Durante o papo, Ulrich falou sobre criatividade, encontros virtuais com James Hetfield, Kirk Hammett e Rob Trujillo, além de imaginar um mundo pós-pandemia.
Quando falou sobre isso tudo, ele disse que a banda faz os seus planejamentos com muita antecedência e precisão, sabendo sempre o que e quando irá fazer, mas que tudo mudou em 2020.
Foi aí que o Brasil entrou na história: o Metallica deveria estar por aqui nesse final de Abril fazendo shows como parte de uma turnê pela América do Sul ao lado da banda norte-americana Greta Van Fleet (com abertura do Ego Kill Talent no país).
Os shows foram remarcados para dezembro mas, ao que tudo indica, nem Lars tem muita certeza de que eles irão acontecer (via Blabbermouth):
Temos sentado durante as últimas quatro ou seis semanas realizando inúmeras conversas. Os quatro integrantes do Metallica se conectam via Zoom uma vez por semana, e é ótimo se conectar. Todos os quatro estão, obviamente, em lugares diferentes em quatro estados diferentes agora. Mas um assunto da conversa nessas sessões semanais de Zoom é como as coisas serão no futuro? Como serão os dois próximos meses? Como será o resto do ano? E o que irá, obviamente, por exemplo, a próxima década significar para a forma como criamos, como compomos canções, como gravamos músicas, como compartilhamentos músicas, e como tudo isso irá parecer com as incertezas à frente de nós.
Eu acho que para pessoas como eu mesmo, para pessoas na banda, para pessoas no nosso entorno, podemos ficar bastante confortáveis sabendo tudo que está à nossa frente. Eu poderia te mostrar em detalhes como seria o resto do meu ano de 2020, eu poderia começar a te mostrar já como seria meu 2021. Planejamos tudo com anos de antecedência. Sabemos onde estaremos – nossos calendários e nossos iPhones estão cheios de compromissos e todos os lugares para onde iremos viajar. E eu acho que é uma grande lição para pessoas como nós mesmos que gostam de estar em cima de tudo e controlar cada elemento da nossa existência o fato de que, de repente, estamos aqui pela primeira vez desde que eu me lembre sem saber como será o resto de 2020.
Eu deveria estar no Brasil essa semana, fazendo shows por toda a América Latina. Todos eles foram adiados para o outono [do Hemisfério Norte, nossa Primavera]. Deveríamos tocar em festivais por toda América do Norte em Maio. Todos foram remarcados. Mas agora alguns desses que foram remarcados para Setembro e Outubro, um deles foi cancelado na semana passada, em Kentucky. E eu vou dizer, enquanto me sento aqui, eu não sei o que será do resto dessas datas de shows remarcadas. Eu espero, obviamente que a gente possa sair para tocar e que a gente possa se conectar e reunir as pessoas nessas situações através da música, mas você e eu sabemos, e todo mundo ouvindo essa entrevista e nos assistindo sabe que há uma grande chance de que nenhuma dessas datas aconteça, porque a ideia de reunir dezenas de milhares de pessoas em ambientes de shows talvez não seja correta para a segurança e a saúde de todo mundo em 2020.
Novo Disco do Metallica?
Na mesma entrevista, Lars Ulrich foi questionado a respeito de um possível novo disco do Metallica, e disse:
Em todos os lugares no mundo, não apenas na música, mas no mundo do entretenimento em geral – obviamente, cinema, teatro, arte; qualquer coisa ligada à criatividade – eu posso garantir que há milhares de conversas agora mesmo sobre como gravaremos discos? Como faremos filmes? Como faremos arte? Como compartilharemos o material com esse novo paradigma? Como será do outro lado do túnel da ‘nova normalidade’? Mesmo se você trouxer para o nosso mundo, as pessoas que fazem todo o software e todas as coisas que são utilizadas para gravar estão sentadas agora tentando pensar em como Lars, James, Kirk e Rob podem gravar um disco do Metallica em quatro lugares diferentes, estando em quatro estados diferentes dos EUA. E isso é algo sobre o qual estamos pensando bastante e estamos bastante empolgados
Muito disso, é claro, irá depender de quanto as ordens de isolamento irão durar. Muito terá a ver com a possibilidade de existir uma segunda onda do vírus. Quem sabe como o nosso mundo estará daqui a seis meses? Mas, obviamente, a coisa na qual você pode depender, quando o assunto são as pessoas criativas, para o bem ou para o mal, é que elas não conseguem ficar paradas por muito tempo. E eu posso dizer para você que nessas reuniões semanais do Metallica no Zoom, estamos falando sobre como podemos ser uma banda novamente. E há diferentes fases de uma banda, mas a mais básica delas, e certamente onde tudo começou há 37 anos, é ter quatro caras fazendo música juntos.
O fato de que a música acaba sendo compartilhada pelo mundo inteiro conectando milhões de pessoas, isso é outro assunto completamente diferente. Mas o núcleo e a essência de tudo acontece com os quatro caras em uma sala, ou conectados via Zoom, fazendo música juntos. E eu posso te dizer que nós quatro estamos muito empolgados com o que poderíamos fazer. Então, teremos um disco de quarentena no Metallica? Não posso te dizer, porque, novamente, eu não sei quanto tempo a quarentena irá durar. Mas se você e eu e o resto do mundo estivermos sentados aqui daqui a seis meses ou um ano, eu diria que há grandes chances.
O último disco do Metallica é Hardwired… to Self-Destruct, de 2016.
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