Música

#TBTMDQA: Corona e "The Rhythm of the Night", um dos maiores hits do movimento eurodance

Emblemático hit do movimento eurodance, "The Rhythm of the Night", do grupo Corona, se mostra uma música atemporal entre remixes, covers e memes.

Capa de "The Rhythm of the Night" (Corona)
Foto: Divulgação

O início dos anos 90 marcou a consolidação mundial do eurodance, gênero musical híbrido do hip hop, da techno e da house music. Uma cena cada vez mais forte foi crescendo e ganhando cada vez mais visibilidade. Desse momento, nasceram nomes como Snap! (Alemanha), Vengaboys (Holanda) e Aqua (Dinamarca).

A Itália também foi um dos epicentros do movimento. Isso porque presenteou o mundo com Black Box (a quem se associa o grande primeiro hit do eurodance, “Ride On Time”) e Double You. Mas não tem como falar dessa época sem citar (em uma triste/irônica coincidência de nomes) o grupo Corona.

Em 1993, a banda (que em nada dialoga com o vírus que atualmente assola o mundo) fez de seu primeiro single um inquestionável sucesso comercial. Estamos falando de “The Rhythm of the Night“, um hit que você COM CERTEZA conhece.

Separamos algumas curiosidades sobre a história e o legado desta canção. Confira abaixo:

 

O Corona que viralizou antes da vírus

Antes de qualquer acusação, é preciso deixar claro que o nome do grupo não foi uma espécie de premonição do que aconteceria no mundo em 2020. Isso porque a palavra “corona” nada mais é do que o italiano para “coroa”.

Mas, não: não estamos lidando com uma doença cujo nome faz referência a algo relacionado à realeza. O coronavírus tem esse nome por ser da família Coronaviridae e apresentar uma espécie de “coroa” em seu entorno, não tendo qualquer relação direta com a Itália, já que foi descoberto na cidade chinesa de Wuhan.

Dito isso, voltemos ao assunto principal do texto.

Corona/Coroa
Foto: Reprodução / Google Tradutor

 

Mais um gol do Brasil na música internacional

Não é nenhum segredo que o brasileiro tem naturalmente uma musicalidade encantadora aos olhos e ouvidos dos gringos. Foi assim que o produtor italiano Francesco Bontempi descobriu a carioca Olga Maria de Souza, que viveu sua infância no bairro do Vigário Geral.

Olga se mudou para a Itália para projetar uma carreira no mundo da música. Francesco (Checco) a viu cantando “Garota de Ipanema” em um bar, e logo imaginou que havia ali um potencial enorme.

 

Jenny B

Apesar de Olga ser o rosto do projeto e de ter um admirável talento vocal, a voz em “The Rhythm of the Night” não é dela. Quem canta na gravação original é a cantora italiana Giovanna Bersola, mais conhecida por seu nome artístico Jenny B.

O clipe, no entanto, é estrelado por Olga, e há várias “explicações” sobre por que isso teria acontecido, inclusive rumores sobre como entendia-se que a cantora brasileira seria “mais fotogênica” para estampar o single ao mundo. A brasileira faz uma espécie de “lip-sync” convincente. Aparentemente não era nada específico contra Jenny, já que esse tipo de substituição era uma estratégia comercial na época. O grupo Black Box, que tem três hits cantados por Martha Wash, nunca a usou em seus vídeos.

Logo no ano seguinte ao lançamento do hit, Jenny lançou o projeto Playahitty, que emplacou a canção “The Summer Is Magic” como grande hit. Na época, muitos, por conta da voz reconhecível, achavam que se tratava de um novo hit do Corona, apesar da diferente vocalista. Desta vez, foi a própria Jenny que deu vida ao clipe.

 

Sucesso comercial

“The Rhythm of the Night” ganhou destaque mundial em um momento em que o eurodance dominava as pistas e começava a ganhar cada vez mais público. Chegou à favorável posição 11 na Billboard, além de ter dominado as paradas italianas.

Até aquele momento, em 1994, poucas canções deste movimento musical ganharam tamanha visibilidade. Apenas três músicas conseguiram mais destaque, sendo duas do Snap! (“The Power”, que chegou à segunda colocação, e “Rhythm Is a Dancer”, que alcançou a quinta) e uma do Black Box (“Strike It Up”, que chegou à oitava posição).

Além disso, o projeto foi extremamente rentável por conta do sucesso do hit e dos shows que vieram como consequência dele.

Segundo a Wikipedia, em 2013 Olga disse que “fez seu pé de meia”, já que tinha adquirido, ao lado do marido italiano Gianluca Milano, “uma casa no bairro do Morumbi em São Paulo, um sítio no estado, uma casa em Roma, uma casa no Rio de Janeiro, outra em Portugal e mais uma na Espanha.”

Em entrevista para o EGO naquele ano, a declaração foi parecida.

https://www.youtube.com/watch?v=j1BNcSBApOU

 

Covers, samples e etc

Sendo uma canção influente no imaginário musical dos anos 90, certamente o hit do Corona acabaria recebendo diversas homenagens ao longo dos anos seguintes.

De acordo com o WhoSampled, a faixa foi “sampleada” 24 vezes, remixada 6 vezes e ganhou 18 releituras. Algumas das homenagens mais notáveis estão na cover do grupo alemão Cascada e na recente “RITMO (Bad Boys for Life)“, parceria entre o grupo The Black Eyed Peas e o cantor latino J Balvin.

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Bastille e o “suco” do eurodance

Um grupo que se beneficiou muito do pegajoso refrão catapultado pelo Corona foi a banda britânica Bastille. Em 2013, eles lançaram “Of the Night“, que nada mais é do que um mashup de “The Rhythm of the Night” com “Rhythm is a Dancer“, outro grande sucesso da eurodance, lançado pelo Snap!. Haja ritmo (rs)!

A canção recebeu críticas positivas, muito por conta da criatividade da versão. No entanto, apesar de dançante, a faixa ganhou um clipe triste e um tanto “creepy”. Os personagens mortos que aparecem no vídeo estão cantando o icônico refrão e isso é perturbador.

 

“Jesus Humilha o Satanás”

É claro que não poderíamos deixar de falar de um meme que “ressuscitou” a música aqui no Brasil.

Jesus Humilha o Satanás” surgiu em meados de 2013, a partir de uma brincadeira de alguns colegas dentro de um ônibus. A versão feita conta, inclusive, com um mashup com o hit nacional “Tô Tranquilão“, de MC Sapão. Mas é claro que o mais icônico no vídeo viral é ver como as métricas das duas frases combinam!

Vale citar que a brincadeira também leva em conta a técnica do lip-sync, que Olga dominou muito bem na versão original.

 

O Rei do Camarote

O hit do Corona também serviu como trilha sonora para outro meme. Também em 2013, uma reportagem da Veja sobre paulistanos que esbanjam riqueza em baladas locais deu origem ao arquétipo do “Rei do Camarote”. O empresário Alexander de Almeida (o tal rei) virou assunto nas redes sociais na época, por conta de seu modo de vida extravagante.

Bom, o resto a gente nem precisa comentar, certo? O meme já veio pronto, junto à maior visibilidade de “The Rhythm of the Night”, que abre o vídeo.

 

E hoje?

Olga, mais conhecida como Corona, obviamente foi procurada pela grande imprensa quando o surto de Covid-19 começou a preocupar o mundo. Em entrevista ao Extra em fevereiro, ela disse ter pega de surpresa e que vê graça nas associações com a música.

No papo, a cantora, que ainda vive na Itália, citou seu desejo por voltar a fazer shows no Brasil. Ela demonstrou preocupação com o cenário de saúde mundial:

Vi muitos memes. Estão todos em alarme neste momento. Sem dúvidas, uma notícia desse gênero traz muita ansiedade, pois não sabemos como lidar com isso ainda. Seria muito melhor se o mundo fosse contagiado pela música e não por um vírus tão perigoso.

Meme da cantora Corona
Foto: Reprodução / Instagram