Música

Rush: após perda de Neil Peart, Alex Lifeson diz que perdeu vontade de tocar guitarra

Depois da morte de Neil Peart, Alex Lifeson (Rush) diz que tem tido dificuldade para retomar a paixão pela música, mas não descarta reunião com Geddy Lee.

Alex Lifeson (Rush)
Foto via Wikimedia Commons

É claro que o mundo todo ficou chocado quando o lendário Neil Peart, baterista do Rush, morreu no início deste ano. Mas talvez poucos tenham sido tão impactados quanto seus ex-companheiros de banda, Alex Lifeson Geddy Lee.

Em nova entrevista a uma rádio (via Blabbermouth), o guitarrista falou sobre como tem sido o período sem o amigo e sobre a possibilidade de um encontro musical com Geddy. Perguntado se vinha conversando com o baixista sobre isso, ele diz:

Não muito. Tem sido difícil. Depois que o Neil faleceu em Janeiro, eu toquei muito pouca guitarra. Eu não me sinto inspirado e motivado. Foi a mesma coisa quando a filha [do Neil] morreu em um acidente de carro em 1997; eu não toquei de verdade por cerca de um ano. E eu só não sinto isso no meu coração agora. Toda vez que pego uma guitarra, eu só meio que toco qualquer coisa e guardo depois de 10 minutos. Normalmente, eu pegaria uma guitarra e tocaria por algumas horas sem nem perceber que estou gastando tanto tempo. Então eu sei que vai voltar.

E eu acho que com o Geddy trabalhando em seu livro por esses últimos anos, ele estava tão envolvido naquele livro — que é, por sinal, um livro fabuloso — que quando ele terminou, ele foi em turnê por um ano para promovê-lo. Toda vez que falei com ele sobre nos reunirmos ele ficou, tipo, ‘Sim, quando eu terminar isso, quando eu terminar isso.’ E aí sempre aparece alguma coisa, eu acho. Eu não sei se há motivação para fazermos qualquer coisa agora. Certamente estamos orgulhosos do que já fizemos, e ainda amamos música. Mas é diferente agora.

Apesar disso, ele deixa claro que ainda é um grande amigo de Geddy — e garante que essa amizade irá “existir até o fim de nossos dias” — e que vinha encontrando com o ex-companheiro de trabalho regularmente até antes da pandemia pela COVID-19.

Ainda assim, Lifeson garante que não sente falta das turnês com o Rush:

Agora, já são quase cinco anos desde a última turnê. Eu não posso dizer que eu realmente sinto falta nesse momento. Talvez um ou dois anos depois de pararmos, eu provavelmente senti mais falta. Mas eu me acostumei agora, e eu gosto bastante da minha vida e do que estou fazendo. Eu me mantenho ativo na música, e eu estou tão apaixonado pelo golfe durante o verão, e eu estou perto da minha família. É um belo equilíbrio pra mim.

Alex Lifeson e Neil Peart

Em outro trecho da entrevista, Alex aproveitou para relembrar como foi a chegada de Neil Peart à banda. Após citar que sua amizade com Lee veio de antes do Rush, ele conta como Neil impressionou ambos com sua técnica e que o trio funcionou sempre como “uma unidade”:

Quando o Neil entrou na banda, ele era tão técnico, até naquele momento inicial, que era inspirador para Geddy e para mim, e nós meio que nos movemos como uma unidade. Nós também compartilhamos um gosto musical muito similar, então o tempo que passamos juntos quando não estávamos focados na música era como se estivéssemos com nossos melhores amigos o tempo todo. E você pode viajar e ver esse outro mundo e viver essa experiência que você só sonhava antes, e você pode fazer tudo com caras que você realmente ama. Então não houve dúvidas, realmente, pra gente.

Nós fomos muito, muito sortudos. Porque eu conheço muitas bandas que implodiram — os caras não conseguiam aguentar uns aos outros depois de um tempo, ou havia uma competição ou ciúmes sobre quem escreveu qual música e quem fez qual dinheiro e todas essas coisas. Nós sempre fomos muito democráticos na forma que fazemos as coisas. Se não era uma decisão unânime fazer algo, nós não faríamos. Se houvesse um pagamento de royalties porque alguém escreveu algo, toda a banda compartilhava. Isso tirou muito do estresse e da angústia e daquele tipo de ciúme e raiva que pode se desenvolver em algumas bandas.

Neil Peart faleceu aos 67 anos no último dia 7 de Janeiro, depois de três anos batalhando um tipo agressivo de câncer no cérebro. Você pode relembrar alguns de seus solos de bateria mais incríveis por aqui.