"Racista e doente": Lorde fala sobre violência policial em e-mail aos fãs

A jovem cantora neozelandesa Lorde mandou um e-mail aos fãs falando sobre como tem participado de protestos e ajudado ativistas contra o racismo.

Lorde no VMA da MTV em 2017
Foto da Lorde via Shutterstock

A jovem artista neozelandesa Lorde pegou seus fãs de surpresa quando voltou a escrever um novo e-mail para eles em pouquíssimo tempo.

Como a gente publicou por aqui, ela que normalmente fica afastada da Internet por longos períodos, havia falado recentemente sobre como entrou em estúdio e está idealizando novas músicas.

Agora, nesse novo recado, Lorde abordou o assunto mais comentado do momento nos Estados Unidos que são os protestos desencadeados por mais um caso absurdo de violência policial, dessa vez com a morte de George Floyd.

Lorde Fala Sobre a Violência Policial

No e-mail, a cantora e compositora de 23 anos disse (via NME):

Olá novamente,

Eu sei o que você está pensando – ‘Duas cartas em duas semanas. Quem é ela?!’ Você provavelmente não estava esperando ouvir de mim até mais alguns meses, mas eu não posso pedir por sua atenção em uma semana e me silenciar sobre algo como isso na semana seguinte. Então vamos lá.

Eu tenho acompanhado os eventos dessa semana nos Estados Unidos aqui da Nova Zelândia. Eu também fui ao protesto pacífico em Auckland hoje para apoiar o movimento Black Lives Matter. Uma das coisas que eu acho mais frustrante sobre as mídias sociais é o ativismo performático, predominantemente feito por celebridades brancas (como eu). É difícil encontrar um balanço entre exposições nas mídias sociais feitas só para aparecer e ações verdadeiras. Mas parte de ser um aliado é saber quando falar e quando ouvir, e eu sei que o silêncio branco agora é mais prejudicial do que a selfie de protesto maluca de alguém.

Então deixe-me ser bastante clara: essa permanente e sistêmica brutalidade policial é racista, é doente, e não é surpreendente.

Como alguém que fez arte diretamente inspirada e em paralelo com o hip hop, é a minha responsabilidade que vocês saibam que estou aqui. Eu estendo esse sentimento para todos os meus colegas músicos e produtores que apertaram uma caixa de bateria para que ela soasse mais trap, que criaram um padrão de chimbal no ProTools porque ouviram algo similar em uma música do hip hop e isso fez com que eles se sentissem grandes e legais. Temos a responsabilidade de deixar os nossos ouvintes cientes de que estamos aqui com eles quando as coisas ficam difíceis, não apenas quando é fácil. Não apenas quando nos beneficiamos. Estamos vendo vocês e estamos aqui.

Eu ainda estou aprendendo as nuances disso tudo. Eu ainda estou aprendendo sobre como praticar ativismo enquanto me afasto das redes sociais. Os números dos protestos e das vigílias falam bastante alto, e espero que leve a mudanças na lei, então eu faço isso. O dinheiro ajuda de forma concreta, pagando coisas como fundos para fianças de ativistas presos injustamente, então eu faço isso. Eu não me sinto completamente à vontade compartilhando links de doações e pedindo dinheiro para vocês – eu não sei em que tipo de situação financeira você se encontra agora. Tenho o dever de usar os meus recursos – recursos que vocês me deram, direta ou indiretamente – para doar em nome de vocês.

Aos meus ouvintes negros e pardos – eu sinto muito que essa seja a realidade de vocês, que vocês não tenham uma escolha a não ser serem definidos por isso, para dar a isso suas energias. Eu estou ciente desse peso em vocês. Eu espero que as pessoas brancas que vocês conhecem estejam fazendo o que puderem para aliviarem a sua barra. E eu realmente, realmente espero que os sistemas mudem para que possam proteger vocês de maneira melhor.

Vidas Negras Importam.

L

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