Há 20 anos, Bruce Springsteen estreava canção sobre homem negro morto pela polícia com 41 tiros

Amadou Diallo: esse nome talvez não seja familiar para você mas, infelizmente, representa mais um dos inúmeros casos de brutalidade policial contra homens negros.

Se estamos no meio do turbilhão dos protestos no mundo inteiro contra o racismo e a brutalidade policial, saiba que em 1999 um caso também abalou o mundo quando quatro policiais dispararam 41 tiros contra o imigrante africano, desarmado, na porta de sua casa. 19 o acertaram e o mataram na hora.

Os policiais foram absolvidos em um caso amplamente divulgado pela mídia e que mobilizou toda cidade de Nova York.

Quando tudo indicava que os policiais seriam condenados pelo crime bárbaro, uma reviravolta aconteceu e seus advogados conseguiram transferir o julgamento do Bronx para Albany, cidade do interior do estado de Nova York.

Essa decisão foi amplamente vista como um equívoco, já que Albany fica a cerca de 250 quilômetros do local do crime e as pessoas de lá não tinham nenhuma conexão com a realidade da cidade.

Não à toa, a defesa conseguiu convencer os jurados de que os oficiais estavam apenas trabalhando e acabaram confundindo Amadou Diallo com o suspeito de um crime. No dia da execução eles estavam à paisana, já que faziam parte de uma Unidade Especial criada pela prefeitura de Nova York para ampliar a segurança na cidade através de agentes infiltrados nas ruas da cidade.

O caso, inclusive, é amplamente detalhado em um dos episódios da nova série Condenados Pela Mídia, da Netflix. Apropriadamente, o episódio foi batizado como “41 Tiros”.

Bruce Springsteen

Quem não se calou a respeito foi Bruce Springsteen, músico com origens em New Jersey, estado vizinho ao de Nova York.

Em 04 de Junho de 2000, há exatamente 20 anos, ele estreou uma canção inédita na cidade de Atlanta chamada “American Skin (41 Shots)”, ou “Pele Americana (41 Tiros)”.

A canção seria lançada em Abril de 2001, mas colocando o som em seu setlist a partir do show de Atlanta, The Boss chegou inclusive a tocá-la oito dias depois no Madison Square Garden, em Nova York, onde policiais locais protestaram.