O astro Bruce Springsteen fez uma homenagem a George Floyd em seu programa mais recente para a Rádio E Street da SiriusXM. Ele escolheu músicas de Childish Gambino, Kanye West e Bob Marley para tocar durante a atração.
Intercalando discursos ativistas com canções que abordam temas importantes, Bruce falou sobre a violência da polícia americana contra a população preta, relembrou as milhares de pessoas nos Estados Unidos que estão desempregadas ou doentes e classificou o vídeo que mostra a morte de Floyd como “um linchamento visual do século XXI”.
Ele também citou os protestos que vêm acontecendo no mundo por igualdade racial e relembrou de momentos históricos como um discurso de Martin Luther King Jr. em 1963 e a luta da Conferência de Liderança Cristã do Sul, que avançou o movimento pelos direitos civis no país.
Bruce Springsteen homenageia George Floyd
Bruce abriu o programa com sua própria canção “American Skin (41 Shots)”, com oito minutos de duração, aproximadamente o tempo que George Floyd ficou sob o comando do policial que o asfixiou até a morte. Ele lembrou também que a faixa fala sobre o assassinato de Amadou Diallo, um imigrante africano desarmado morto a tiros por quatro policiais de Nova York, em 1999 [sua história é contada no episódio “41 tiros” da nova série Condenados Pela Mídia, da Netflix].
Por quanto tempo ele implorou por ajuda e disse que não conseguia respirar? A resposta do policial não passou de silêncio e peso. E então ele não teve pulso. E ainda assim o policial continuou. Que ele descanse em paz!
Essa foi uma das primeiras falas de Bruce em seu programa que, na sequência, tocou um bloco de músicas de artistas pretos. Foram elas “This Is America” de Childish Gambino, “Who Will Survive in America?” de Kanye West e “Burnin’ and Lootin'” de Bob Marley.
Antes de tocar três faixas de Bob Dylan, ele afirmou que continuamos assombrados, geração após geração, por nosso pecado original da escravidão. “Continua sendo a grande questão não resolvida da sociedade americana. O peso de sua bagagem fica mais pesado a cada geração que passa. A partir desta semana violenta e caótica nas ruas da América, não há fim à vista”, desabafou.
Vieram então “Political World”, “Murder Most Foul” e “Blind Willie McTell”, e ainda, “Strange Fruit” de Billie Holiday. Já na reta final da atração, Bruce Springsteen discursou:
Agora, quase 60 anos depois, acordamos novamente com uma América que queimou nossos prédios, incendiou carros de polícia e quebrou vitrines de lojas. É o custo que estamos pagando por mais meio século de questões fundamentais não resolvidas da raça. Nós não cuidamos muito bem de nossa casa. Não pode haver paz permanente sem a justiça devida a todos os americanos, independentemente de raça, cor ou credo. Os eventos desta semana mais uma vez provaram isso. Precisamos de mudanças sistêmicas em nossos departamentos de aplicação da lei e na vontade política de nossos cidadãos nacionais para avançar novamente com o tipo de mudanças que trarão os ideais do movimento dos Direitos Civis à vida e a este momento.
As últimas canções do programa foram “In My Hour of Darkness”, de Gram Parson, e a versão de Coro dos Soldados de Campo do Exército dos Estados Unidos de “America (My Country, ‘Tis of Thee)”. Sua última fala foi:
Nós temos uma escolha entre o caos e a comunidade, um despertar espiritual, moral e democrático. Ou tornar-se uma nação que caiu na história à medida que questões críticas foram recusadas ou não foram abordadas. Nosso sistema americano é flexível o suficiente para fazer, sem violência, as mudanças humanas e fundamentais necessárias para uma sociedade justa? A história americana está em nossas mãos. Que Deus nos abençoe! Fiquem seguros. Fiquem bem. Mantenham-se fortes. Até nos encontrarmos novamente, mantenham-se envolvidos. E vá em paz!