Cultura

Japinha (CPM 22) se manifesta a respeito de acusações de assédio

Após conversa com menor de idade ser exposta na Internet, o baterista Japinha se manifestou sobre o caso e a banda CPM 22 deu uma declaração oficial.

Japinha, do CPM 22
Foto: Arquivo Pessoal

Na semana passada um perfil de Twitter batizado como “Exposed Emo” passou a compartilhar diversos relatos de garotas que teriam sofrido assédio de integrantes de bandas ligadas, de alguma forma, ao movimento Emo dos Anos 90 e 2000.

Entre as publicações, uma sequência de prints mostra um diálogo do baterista Ricardo Japinha, conhecido pelo seu trabalho no CPM 22 e também ex-membro de grupos como o Hateen, onde ele conversa com uma garota de 16 anos de idade.

A troca de mensagens aconteceu em 2012 e, à época, o músico tinha 36 anos de idade e deu a entender em vários momentos que gostaria de se encontrar sozinho com a fã, que respondia dizendo que sua vontade era de conhecer a banda.

Resposta de Ricardo Japinha

Há algumas horas, e após a saída do baixista Fernando Sanches da banda, o baterista usou a sua conta oficial no Instagram para falar a respeito do caso, mesmo que não tenha endereçado diretamente as acusações.

Por lá, Japinha disse:

Considerando as últimas informações que circulam na internet a meu respeito, senti necessidade de me manifestar: quem me conhece, de verdade, sabe da minha índole e do meu caráter, e que jamais agiria com o intuito de machucar alguém, seja física ou psicologicamente.

Abomino qualquer forma de desrespeito ou abuso contra quem quer que seja.

Humildemente, coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos em face de qualquer pessoa que tenha se sentido mal ou prejudicada, por algum mal entendido. Por fim, informo que, todas as medidas legais cabíveis já foram tomadas, para evitar a propagação de informações que não condizem com a verdade.

“Brincadeiras”

Além da declaração em seu veículo oficial, Japinha também conversou com o G1 e por lá confirmou a conversa mas disse que as mensagens eram “brincadeiras” e ainda que “não tinha intenção de seduzir”.

Em uma das respostas, ele disse que a conversa “incomoda até ele” hoje em dia:

Essa específica realmente incomoda, incomoda até a mim. Eu fiz uma brincadeira naquele momento com a menina. Falei que eu tinha oitenta anos. Ninguém em sã consciência conseguiria acreditar. A menina fala que não adianta mentir, sabia que eu tinha 38. Aí eu dei risada.

Estava rolando um clima meio de paquera, porque ela estava puxando papo comigo. Ela veio me procurar. Aí eu perguntei se ela tinha namorado. Ela falou que sim. Aí eu recuei. Brinquei e falei que não, eu tinha ciúmes. E aí ela falou que tinha 16 também, aí que eu recuei mais. Eu não tenho essa mania. Eu não gosto.

Na estrada, chegava ao ponto de eu pedir RG para as meninas para não ter que tomar nenhum susto nesse sentido. E o principal: eu nunca vi essa menina pessoalmente. Nunca falei com ela. Acho que ela até foi no show, mas não falou comigo. Eu falei: ‘Você falou que ia aparecer com o namorado e não apareceu’. E ela não respondeu. Ela mandou esses prints sem se identificar. Porque ela sabia que se se identificasse eu ia procurá-la e falar: ‘Por que você está fazendo isso?’

Quando é questionado sobre não ter parado de conversar quando sabe a idade da garota, ele diz:

Conversar não mata ninguém. Eu não fiquei falando que queria… Tudo bem, teve um papo lá de virgindade. Eu até brinquei em relação a virgindade. Mas nunca querendo… sabe? Depois que ela falou que tinha namorado, eu já evito mulher com namorado. E já brinquei falando que tinha ciúme. Foi esse o sentido da conversa.

Eu consultei advogado para saber se tinha algum tipo de crime na conversa. E os três que eu consultei falaram que não há. Primeiro que eu nunca vi a menina, não encostei na menina. Não cheguei a falar: “A gente podia, a gente vai…” E aí começou a rolar essa proliferação de prints. E eu acabei tendo que me pronunciar.

Ele ainda explica quais são as “medidas legais” sobre as quais fala no texto:

Tem pessoas me chamando de pedófilo, estuprador, e isso é calúnia. Se fosse verdade, alguém já teria me processado quanto a isso. Eu estou há vinte anos tocando e nunca ninguém veio falar comigo, não há prova, eu nunca fiz isso.

Se continuar esses ataques, vou ter que tomar [uma atitude]. Eu não queria, não gosto de brigar. Meu advogado falou que eu posso até ganhar dinheiro em cima dessas pessoas. Não é meu objetivo, não é o que eu preciso, não é o que eu gosto. Não gosto de briga, eu sou da paz. Sou espiritualizado, religioso.

Só que aí começou a esbarrar na banda. Os meninos da banda falaram: pô, se posiciona aí, Japinha, tão enchendo o saco. Sua imagem. É o Japinha do CPM. E eu falei: então tá, vou colocar um post, uma frase explicando. E que eu tenho também como me defender. E que estão colocando na internet informações que não são verdade.

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Japinha conversa com menor
Foto: Reprodução / Twitter / G1

Quando o repórter insiste que o ponto central é falar sobre sexo e namoro com uma menina de 16 anos, Japinha diz que o papo estava “divertido”:

Vou falar uma coisa. Várias vezes na minha vida, até por essa questão da lei… Não que eu tenha essa vontade, que goste de meninas de tal idade, não tenho isso. Eu várias vezes evitei de ficar com menores de idade, com meninas até bonitas, até crescidas e interessantes, por saber que podia dar dor de cabeça.

E ali naquela conversa, era ‘direct message’. E aquela conversa estava divertida. Porque ela também estava rindo. E na verdade eu não estava com a intenção real de ficar com aquela menina. Principalmente porque quando eu soube que ela tinha namorado, já brequei. A questão da idade, eu vou te falar que várias vezes recuei.

E provavelmente recuaria se visse aquela menina e ela estivesse solteira. Com namorado muito menos. Tanto que a conversa não passou de uma esfera virtual. Não saiu dali. Não vi a menina no dia do show.

E aí, oito anos depois, porque você vê o post e é de 2012…. Se fosse crime, coisa que não é, já teria prescrito, inclusive. Quanto à questão da lei, eu estou tranquilo. Aí fui me aconselhar com advogado para poder me tranquilizar nesse sentido. Mas a questão virtual está me incomodando.

Eu já entrei com o pedido para as redes sociais tirar aquela página do ar. O jeito que foi colocado distorce a conversa. A manchete faz você começar a ler acreditando numa coisa que não rolou. Tanto que eu nunca mais vi aquela menina e nunca mais falei com ela, nem por mensagem e nem ao vivo.

Se eu dei continuidade para aquela conversa, naquele momento, é porque aquela conversa estava agradável. Não estava um clima de sedução, simplesmente. O pessoal pode ter achado isso aí, mas a maldade está no olho de quem vê. A bondade também. A beleza, né?

Continua após os Tweets

Posicionamento do CPM 22

Vale lembrar que ao sair da banda ontem, o baixista Fernando Sanches não mencionou o caso, apenas agradeceu seu tempo com o grupo e disse que irá se dedicar a outros projetos.

Na conversa com o G1, Japinha disse que ele já teria “outros desentendimentos” dentro do grupo, principalmente com o guitarrista Luciano.

Já o CPM 22 se manifestou a respeito das acusações em sua conta no Instagram, também após a saída de Fernando, e disse:

Boa noite!

Fomos surpreendidos com postagens sobre o comportamento de um integrante da nossa banda. Somos um coletivo onde cada um responde por suas atitudes.

Mas uma coisa é clara, não compactuamos com atitudes desrespeitosas contra quem quer que seja. Nosso maior interesse é que tudo isso seja esclarecido o quanto antes.

Amamos vocês!

Beijos e abraços.

Você pode ver outros relatos de mais acusações de assédio no perfil que publicou a conversa original, Exposed Emo, clicando aqui.

Entrevista exclusiva com Fernando Sanches

Pouco antes do episódio, tivemos um papo incrível com Sanches a respeito de seus trabalhos no estúdio El Rocha, pandemia e, então, até as gravações para o novo disco do CPM 22.

Você pode ler a entrevista por aqui.

https://www.instagram.com/p/CBPLxiHDjL6/?utm_source=ig_embed

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