Entrevistas

Elana Dara fala ao TMDQA! sobre a inédita "Ninguém dá certo cmg", um afago na "carentena", Poesia Acústica e mais

Conversamos com Elana Dara, que acaba de lançar "Ninguém dá certo cmg" e se consolida como uma das boas promessas da música brasileira. Leia o papo!

Elana Dara
Foto por Rodolfo Magalhães

Aos 20 anos, Elana Dara tem surgido como uma das vozes mais interessantes da nova geração da música brasileira e seu talento já foi reconhecido a ponto de ser convidada para o projeto Poesia Acústica, onde gravou com nomes como Projota, MV Bill e Cynthia Luz.

Desde que lançou seu primeiro single solo, “Muda Tudo”, em Outubro de 2019, Elana vem acumulando reproduções na casa do milhão em suas canções e fazendo valer as apostas em música autoral depois de ter conseguido repercussão fazendo covers de canções como o funk “Gaiola É o Troco” em versão acústica.

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Agora, depois de mais um single bem sucedido com “Falei de você pra minha mãe”, Elana se volta à reflexão interna — como ela mesma diz, “nessa quarentena a gente não tem escapatória a não ser lidar com a gente mesmo” — e, em meio ao “silêncio da cama da madrugada” e à carência, escreveu a inédita “Ninguém dá certo cmg”.

O projeto tem tudo para ser o mais ambicioso da cantora curitibana até agora, adicionando belos arranjos à sua suave — mas poderosa — voz. Você pode conferir abaixo o nosso papo com ela na íntegra, no qual ela fala sobre isso e muito mais.

Entrevista com Elana Dara

TMDQA!: Oi Elana! Suas músicas têm um tom bem íntimo, talvez por conta da leveza que sua voz combinada ao violão traz. Nesse momento de quarentena e tudo mais, você sente que se voltou mais ainda pra dentro de si mesma? Essa composição é resultado de um processo assim?

Elana Dara: Com certeza! Eu acho que principalmente nessa quarentena a gente não tem escapatória a não ser lidar com a gente mesmo, lidar com a nossa companhia. Essa música foi criada no meio da quarentena, no silêncio da cama da madrugada, na minha carência, enquanto eu estava conversando com uma pessoa que tinha conhecido pela internet. Quando eu achei que ia dar certo, acabou dando tudo errado, foi aí que eu pensei que precisava escrever uma música. “Ninguém dá certo cmg”, acho que não tinha como ser mais quarentena, rs. Momento em que os sentimentos estão à flor da pele, a gente não consegue fugir dos pensamentos da nossa cabeça.

TMDQA!: Eu achei interessante que, em meio a tantos protestos, pandemia e afins, a carência é um problema real que certamente está fazendo muita gente surtar nesse período e a sua nova música fala exatamente sobre isso, em um misto de afago e desabafo. Como você enxerga a importância dessas pessoas se sentirem acolhidas por uma música como a sua?

Elana: Eu acho que a carência é um problema que tem que ser levado muito a sério, porque ela pode desencadear muitas outras sensações ruins. Acho que só de você entender que não está sozinho, mesmo estando sozinho, já é muito importante. Eu vim aqui representar os solteiros sozinhos, haha! Acredito que já temos muitas músicas falando de relacionamentos que dão certo. Acho importante, ainda mais na véspera do Dia dos Namorados, e em situação de quarentena, falar um pouco sobre as pessoas que não têm alguém para dar um aconchego.

TMDQA!: Em questão de arranjo, gravação e clipe, foi desafiador fazer esse processo todo durante uma quarentena? Exigiu muita adaptação?

Elana: Foi, com certeza, muito desafiador, tanto o processo de estúdio quanto o de gravação do clipe. Eu mesma não sou muito experiente nisso, só lancei três músicas até agora, mas todo esse processo tendo que ser feito remoto – eu tive que fazer a parte de maquiagem e cabelo, levar as roupas, me virar mesmo rs, com equipe reduzida e uma única locação. Acho que o resultado ficou incrível mas, com certeza, foi muito desafiador. Acredito que isso vai servir para me deixar ainda mais forte e uma artista mais completa. Se tudo fosse muito fácil, a gente não evoluiria, né? E acho que estou evoluindo muito como artista.

TMDQA!: Como foi pra você dar o pulo de ser uma artista cover pra lançar suas músicas autorais? Deu medo? E como tá sendo o resultado de tomar esse risco?

Elana: Várias coisas na minha vida eu tive que ter coragem para virar a chave e essa foi uma delas. Quando você fala que quer investir em uma carreira autoral, precisa mostrar que a sua música é tão boa quanto as de outros artistas que já fazem sucesso. Para você conseguir bater de frente e falar “essa aqui sou eu”, tem que saber que muita gente vai sair, muita gente vai chegar. Para isso precisamos manter a coragem e a decisão. Acredito que essa foi uma das melhores decisões da minha vida, e com certeza a maior que já fiz. Ela é decisiva para ser a pessoa que estou me tornando hoje. Para eu de fato ser uma artista não posso ficar fazendo cover pra sempre, né? Acho que precisamos ter muita coragem e sermos vulneráveis para colocarmos nossa arte na estrada, é o que estou fazendo e tenho muito orgulho disso.

TMDQA!: Não podemos deixar de falar sobre a sua participação no Poesia Acústica, que certamente ajudou a alavancar seu trabalho. Como foi se reunir com nomes de peso como o Projota e a Cynthia Luz tão cedo na sua carreira autoral? Como foi a repercussão disso pra você?

Elana: Cara, esse foi o projeto mais incrível que eu tive oportunidade de fazer parte! Foi super inesperado e me senti honrada de poder passar dois dias – um de estúdio e um de gravação de clipe – com esses gigantes da música nacional. Interagir do lado do Projota no sofá é surreal! Eu precisava tirar um bloco de notas e anotar, foi uma aula de arte e coragem tudo isso que aconteceu. Todas as pessoas ali tinham muitas histórias pra contar e me encorajaram a querer continuar. O resultado do projeto foi lindo, a música é incrível, e muitas pessoas me conhecem por conta disso. Eu tenho muito orgulho!