Com apenas 16 anos de idade, o prodígio luso-americano Nuno Bettencourt tentou a sorte para conseguir seu emprego dos sonhos: tocar ao lado de Ozzy Osbourne, que havia acabado de perder o amigo e guitarrista Randy Rhoads.
Acontece que, na época, nada aconteceu e Nuno acabou seguindo sua vida e fazendo parte do Extreme, que foi bem sucedido em meio à cena do Hair Metal da época e até hoje certamente lucra bem com o hit “More Than Words”.
Porém, bem nesse momento — por volta de 1994 — o guitarrista recebeu uma proposta que balançou sua vida. Com a saída de Zakk Wylde da banda de Ozzy, ele foi convidado a assumir o posto dos sonhos e, segundo o próprio contou em uma entrevista com Thom Hazaert e David Ellefson (via MetalSucks), recusou a proposta para se dedicar ao Extreme.
Três semanas depois, a banda acabou. Você pode entender tudo isso no relato completo a seguir, com tradução logo abaixo! Não dá pra deixar de imaginar como ficaria essa dupla em ação, hein? Quem sabe, ainda dá tempo…
Nuno Bettencourt e Ozzy Osbourne
Eu lembro de ler a Circus ou talvez a Hit Parader e tinha um anúncio — um pequeno anúncio que dizia, ‘Ozzy está procurando por um guitarrista’, e, ‘Mande sua demo para cá’. Tipo, aprenda algumas músicas e mande-as. Eu tinha acabado de desistir do ensino médio, eu não sabia qual era a porra da minha idade [ele estava fazendo 16 anos na época] — e eu fiquei tipo, ‘Essa é a minha chance! Eu vou conseguir esse emprego!’ [risos] Sabe, você acredita nessas coisas quando tem 15 anos.
Então eu literalmente peguei emprestado um harmonizador Eventide de um dos meus amigos produtores para pegar aquele som do Randy [Rhoads] — eu coloquei no meu quarto, tranquei a porta pra ninguém entrar, e pensei que eu estava detonando ‘Crazy Train’. Eu fiquei tipo, ‘Eu vou mandar essa belezinha com uma carta, colocá-la no correio, e eu só vou esperar porque esse emprego é meu!’ [risos] E eu queria, eu esperei… ‘Como assim não chegou nada?! É impossível!’.
Então, anos se passaram, tudo foi acontecendo, e aí anos depois — estamos falando… Isso tudo foi em 1982; agora, corta para 1994 e, em turnê, em Londres, abrindo para o Aerosmith [com o Extreme], e o [agente] Rod MacSween aparece. Ele vem para o show, me leva para a van, bem sério, e, ‘Ei, eu preciso falar com você…’. E é aí que o Zakk [Wylde], eu acho, tinha saído. Então, ele diz, ‘Eu acabei de receber uma ligação da Sharon [Osbourne]’ — e ele está me falando isso nesse corredor, somos só eu e ele. ‘Eu acabei de receber uma ligação da Sharon no caminho pra cá. Ela disse, ‘Fale com o Nuno; se ele quiser, vai ter um jatinho em algum lugar no aeroporto Heathrow, de Londres. Se ele sair agora mesmo, ele pode ir direto para a turnê. Sem testes’.
E ele está me contando tudo isso, e eu não falei uma palavra, ele está seguindo em frente, ele está me falando todos os detalhes… E você sabe quando alguém fala nos filmes e a voz delas desaparece e é só um silêncio? Quando ele finalmente acabou, todo o som voltou, e tudo que eu pude balbuciar quando olhei pra ele foi, ‘Eles ouviram a fita K7? Eles finalmente ouviram a fita K7?!’. E ele ficou tipo, ‘Que fita K7…?’ ‘Esquece, esquece!’. Isso me torturou por 12 anos.
E o que eu disse? ‘Não, não posso fazer isso. Estou com a minha banda’ e tudo mais. O que foi um erro estúpido porque aí a minha banda acabou, tipo, três semanas depois.
Nota do editor: a banda só foi entrar em hiato oficialmente em 1996, sendo que em 1995 lançou inclusive um disco com Waiting for the Punchline.
Nuno diz que o convite foi em 1994 e banda acabou três semanas depois, apesar a informação parecer não fazer sentido dentro da linha do tempo da banda. Talvez ele tenha se confundido nas datas?