Quando lançou ao mundo a faixa “Summer Girl” em Julho de 2019, o trio HAIM não tinha muita ideia se estava lançando um álbum ou apenas uma música.
Com o tempo, Women in Music Pt. III foi tomando forma e canções como a excelente e ensolarada “Now I’m in It” foram surgindo, bem como a emotiva e íntima “Hallelujah” para mostrar que o novo trabalho seria um dos mais diferentes e criativos das irmãs.
Devido à pandemia, o trio teve de atrasar o lançamento do álbum para o próximo dia 26 de Junho — mas isso significou que os fãs puderam ter mais um gostinho do que virá em breve, com outras prévias como “I Know Alone” e “The Steps” mostrando ainda mais linhas sonoras da banda.
Agora, em meio à quarentena, Danielle, Este e Alana Haim falaram com o TMDQA! e através de um papo sensacional e descontraído pudemos descobrir mais sobre o processo que acompanhou o disco e, claro, os planos pós-pandemia que incluem um rolê pelo Carnaval no Brasil — no qual prometemos ser guias turísticos. Confira na íntegra abaixo!
Entrevista com HAIM
TMDQA!: Oi, gente! Tudo bem por aí? É um prazer estar falando com vocês.
HAIM: [Em português] Oi! Tudo bem e você?
TMDQA!: Por aqui tudo certo! Queria começar perguntando obviamente sobre o novo disco — sinto que houve várias novas influências lá, inclusive algumas canções com um ritmo um pouco Reggae ou até mesmo com uma cara Latina. O que inspirou vocês nesse sentido?
Danielle Haim: Eu acho que “Summer Girl” realmente foi o pontapé inicial nisso, porque a gente nunca tinha usado saxofone em uma música antes desse disco. Bom, talvez… eu não lembro totalmente dos anteriores. [risos] Mas quando fizemos “Summer Girl”, e eu acho que foi o Rostam [Batmanglij, produtor] que teve a ideia de colocar o sax na música e nós ficamos tipo… “sax, sério?”. Isso era território novo pra gente. E nós tivemos muita sorte de ter o Henry Solomon, que é um amigo do Rostam e também está no clipe de “Summer Girl”, porque ele chegou e só começou a fazer umas coisas e… bom, essa música foi a primeira que a gente lançou do novo disco e e eu acho que ela ajudou a ditar o ritmo dos próximos passos que daríamos, porque na verdade nem sabíamos se estávamos fazendo um disco ou só lançando uma música.
Mas, enfim, o Henry realmente nos inspirou e há muito dele no disco. Aliás, o álbum começa [na faixa “Los Angeles”, ainda não lançada] com ele se aquecendo — aquilo nem era uma linha, era só ele se aquecendo e nós ficamos tipo, “Peraí, isso tá incrível! Grava isso!”. [risos]
TMDQA!: Que sensacional! Legal você ter falado do Rostam, porque ele realmente tem um trabalho incrível com o Vampire Weekend e como produtor, e já é a segunda vez que vocês trabalham juntos. Como é trabalhar com ele?
Danielle: É realmente incrível! Sabe, eu sinto que tipo… até quando ele está trabalhando nas coisas dele eu fico super gananciosa! [risos] Eu fico tipo, “Meu Deus, o que é isso?”, e ele responde tipo, “É pro meu álbum”, e eu [com cara de decepcionada] “Poxa, eu adorei, eu amei!”. Eu acho que sonoramente, você consegue dizer o que é uma produção do Rostam se você conhece o trabalho dele — você percebe na hora, “Opa, acho que o Rostam produziu isso”. Eu amo o disco que ele fez com a Clairo, todo o trabalho dele com o Vampire Weekend obviamente, e as coisas dele mesmo, com o Discovery…
Eu amo discos que soam… interessantes. Que parecem únicos, sonoramente falando. E é algo que a gente sempre tentou obter nos nossos álbuns e ele, ele e o Ariel [Rechtshaid, outro produtor do disco], são meus produtores preferidos. Então é realmente incrível que a gente possa trabalhar com eles.
Women in Music Pt. III
TMDQA!: E é algo que vocês conseguiram atingir também, sem dúvidas. Uma coisa que eu sempre quis contar pra vocês é que, sempre que ouço as músicas do HAIM, é como se eu fosse transportado para um lugar onde tudo está bem e está tudo sempre ensolarado…
HAIM: Ahh, que legal!
TMDQA!: [risos] É sempre uma vibe muito boa! E esse disco novamente me levou pra esses lugares. O que eu queria perguntar sobre isso é se essa é uma coisa que vem naturalmente pra vocês ou é uma intenção que vocês colocam nas músicas de fato?
Danielle: Eu acho que, musicalmente, sem dúvidas é algo que sempre nos atrai. Mas acho que em questão de letra é outra história, as letras vêm de um lugar muito mais escuro; mas, sim, eu acho que musicalmente… nós somos todas bateristas, a bateria foi o primeiro instrumento com o qual tivemos contato quando crianças. Então o ritmo é muito importante para nós e eu sinto que tem muito ritmo nas nossas músicas e é algo que nós amamos e eu acho que, bom… musicalmente… você nos descobriu! [risos]
TMDQA!: [risos] Putz, vou ter que tirar essa pergunta pra ninguém ficar sabendo. Queria saber também sobre o título do álbum, que significa “Mulheres na Música Pt. 3” em português. De onde surgiu?
Danielle: Nós só achamos que seria muito engraçado! Porque obviamente é uma pergunta que recebíamos em toda entrevista…
TMDQA!: Isso de como é ser uma mulher na música?
Danielle: Sim… E nós só achamos que isso é tão redutivo, sabe? Então nós pensamos que era o nosso plano maligno de… [conexão com a internet cai]
Este Haim: Ih, cara, você perdeu ela com essa aí. Ela ficou tipo, “Pra mim chega”.
Alana Haim: [risos] Brincadeiras à parte, a Danielle sonhou com isso uma noite e contou pra gente e nós todas rimos muito. E nós também rimos com o fato do acrônimo ser WiMPIII [que se assemelha à palavra “wimpy”, algo como “fracote” em português] e isso pareceu bem engraçado.
TMDQA!: E vocês ainda fizeram uma promoção, né? Para que os fãs tentassem adivinhar qual era o significado da sigla…
Alana: Sim! E tiveram algumas reações muito engraçadas, mas não lembro de cabeça…
Danielle: Voltei! Desculpa! [risos] Eu estava dizendo que era meio que nosso plano maligno de dar esse nome pro álbum pra que ninguém mais perguntasse isso pra gente. E funcionou, então… [risos]
Vinda ao Brasil (e rolê pós-pandemia no Carnaval?)
TMDQA!: Bom, uma coisa que me deixa muito triste é que vocês nunca vieram ao Brasil — pelo menos não pra tocar…
HAIM: [vários barulhos de decepção] A gente nunca esteve aí, cara!
Danielle: A gente sempre quis tanto! Nesse disco a gente pensou, tipo, “a gente. vai. pro. Brasil”. [risos] A gente precisa ir! E aí, é claro, a COVID aconteceu. Mas, sério, acredita na gente: a gente quer muito ir ao Brasil mais do que qualquer outra coisa no mundo.
Este: Mas se a gente for pro Brasil você vai ter que nos levar pra passear!
TMDQA!: Claro! Pode deixar.
Este: Eu quero ver tudo! Acho que seria incrível a gente ir no Carnaval, eu queria muito curtir isso.
TMDQA!: A gente vai, você vai adorar!
Alana: Outra coisa que eu acho incrível sobre o Brasil é que toda banda que vai até aí diz que é o lugar preferido deles pra tocar. Então, eu espero muito que a gente tenha essa chance…
Este: Eu quero muito!
TMDQA!: Eu concordo plenamente, viu? Vocês precisam mesmo vir pra cá. Mas, bom, nas performances ao vivo vocês sempre soam como uma banda diferente — e digo isso como um baita elogio, porque é como se existissem duas versões do HAIM e ambas são excelentes. E eu sempre tive a curiosidade de saber de vocês: quem vem primeiro na hora das composições? A banda ao vivo ou a banda de estúdio?
Alana: Isso meio que mudou bastante com o tempo. O nosso primeiro disco, por exemplo, foi surgindo ao vivo e depois nós o gravamos. E depois disso, principalmente por estarmos saindo em turnês e fazendo esse movimento constante de sair em turnê e voltar pra casa com o objetivo de fazer discos, meio que a versão de estúdio teve que se tornar a principal. Mas ao mesmo tempo, tipo, com o segundo disco a gente tinha algumas músicas que sabíamos que estariam nele e nós as tocamos ao vivo primeiro — meio que muda sempre, mas eu sempre meio que amei que a gente soa meio diferente ao vivo e no estúdio. Eu sempre admirei bandas que fazem isso, sabe? Que botam pra quebrar no palco, e eu sinto que a gente bota pra quebrar no palco. [risos]
Pandemia e aulas de dança
TMDQA!: Enquanto os shows não voltam, eu adorei a ideia de vocês — achei uma das mais criativas — de fazer aulas de dança pelo Zoom durante a pandemia.
HAIM: Ah, obrigada!!
TMDQA!: De verdade, é algo tão diferente e tão simples e que tenho certeza que foi muito divertido para os fãs! Mas e pra vocês, foi legal fazer isso?
Alana: Foi muito divertido. Já perguntaram pra gente várias vezes nos últimos anos, “dá pra vocês fazerem um tutorial das danças?” e, sério, nós não somos professoras… nós mal somos dançarinas! [risos] Nós não somos dançarinas profissionais, e nós ficamos tipo, “a gente nem sabe fazer isso”. Mas como estávamos na quarentena a gente recebeu muitos pedidos disso e pensamos, “quer saber?”, e resolvemos colocar nossos chapéus de professoras e foi muito divertido mesmo que a gente tenha feito tudo aos trancos e barrancos. [risos] Eu espero de verdade que quem quer que tenha assistido às aulas tenha efetivamente aprendido algo, porque a gente não faz ideia de como se explicar. Mas foi ótimo!
TMDQA!: Que bom que vocês curtiram, eu tenho certeza que os fãs adoraram! Eu queria perguntar outra coisa sobre esse período de pandemia. Quão difícil foi pra vocês ter que adiar o disco e vocês acham que foi a escolha certa?
Alana: Cara, então, a gente estava meio que levando as coisas dia após dia como todo o resto do mundo, sabe? Meio que tentando entender tudo que tava rolando. E a gente teve uma pessoa muito próxima de nós que contraiu a COVID e teve que ir ao hospital e, sei lá, só não parecia a hora certa pra isso, sabe? A gente não estava focada nisso. Pareceu muito estranho, então a gente resolveu adiar e de repente adiamos novamente pra 26 de Junho, porque sentimos que agora estamos meio que “acostumados” com esse novo normal durante a pandemia, é o que temos pra hoje. E nós amamos tanto esse disco, queremos muito que nossos fãs ouçam essas músicas. Então, é… está quase saindo do forno!
TMDQA!: Sem dúvidas é algo que vai ajudar os fãs a lidar com toda essa loucura do mundo.
Este: É o que eu espero!
TMDQA!: Bom, a gente está quase sem tempo então eu queria fazer uma última pergunta relacionada ao nome do nosso site, que é Tenho Mais Discos Que Amigos. Nesse momento de isolamento social e de tanta loucura no mundo, que discos têm sido seus melhores amigos?
Alana: Olha, pra ser sincera, o disco que sempre foi meu melhor amigo a vida toda é o Odessey and Oracle, do The Zombies. É o que eu sempre escolhi e… olha, ele foi minha senha do Wi-Fi por alguns anos. [risos] Mas, sério, é o meu preferido desde o ensino médio.
Danielle: Eu vou escolher o Hejira, da Joni Mitchell.
Este: Eu posso te mostrar o meu, espera um pouquinho.
Alana: Olha só, vamos pagar pra ver.
Este: [com o álbum It Is What It Is, do Thundercat] Felipe, você já ouviu?
TMDQA!: Putz, Thundercat! Claro que sim! É um dos meus preferidos do ano até agora, e tem um artista brasileiro incrível na faixa-título, o Pedro Martins.
HAIM: Eita! Que legal!
Este: Eu nunca conseguiria tocar baixo na frente dele [Thundercat] porque eu me sentiria um pedacinho de merda em comparação a ele, mas é tão divertido ver as apresentações dele ao vivo e ele é legal pra caralho. Tão talentoso. Enfim, é isso que tenho ouvido. [risos]
TMDQA!: Então fechou, gente! Muito obrigado pelo tempo de vocês e parabéns pelo novo álbum! Eu espero muito que tudo isso passe logo e a gente possa se encontrar aqui no Brasil. Até mais!
HAIM: Nós que agradecemos, até mais!