Há exatos 20 anos, Deftones revolucionava o Metal com "White Pony"

Obra essencial da música dos anos 2000, "White Pony, do Deftones, está completando 20 anos de idade. Relembre o incrível disco nesse especial!

Deftones - White Pony

Quando surgiu com Adrenaline em 1995, o Deftones logo se encaixou na crescente cena Nu Metal e se estabeleceu como uma das bandas mais importantes do gênero ao lançar Around the Fur em 1997.

Foi em 2000, no entanto, que o quarteto formado por Chino Moreno (voz e guitarra ocasionalmente), Stephen Carpenter (guitarra), Chi Cheng (baixo) e Abe Cunningham (bateria) recebeu de braços abertos o quinto membro, Frank Delgado (teclados e DJ), para mudar de vez a sua sonoridade e deixar de ser apenas “mais uma” banda.

Trazendo influências de estilos mais experimentais e distantes do Metal, como o Shoegaze, o Post-Rock, o New Wave e até o Trip Hop, a banda se juntou ao produtor Terry Date para mesclar tudo no icônico White Pony, que completa exatos 20 anos neste 20 de Junho de 2020.

Os novos elementos de White Pony

O pioneirismo dos Deftones no disco de 2000 é sentido com força em duas das primeiras faixas: “Feiticeira” e “Digital Bath” traduzem a proposta do disco de mesclar a textura atmosférica vinda das novas influências com o peso que vinha dos anos anteriores de Nu Metal.

A voz de Chino Moreno, apesar de já elogiada à época, atingiu outro patamar no álbum. Ao desenvolver uma capacidade de transitar entre vocais etéreos e às vezes até misteriosos e os tradicionais gritos agressivos que já eram conhecidos por canções como “My Own Summer (Shove It)”, Chino passou a se destacar em relação a toda uma geração de vocalistas.

Até hoje, o estilo de canto de Moreno é “copiado” por inúmeros vocalistas pelo mundo; salvo raras exceções, como a ótima e recente banda Loathe, todos passam longe de conseguir traduzir o mesmo sentimento que ele. Talvez o exemplo mais claro dessa versatilidade, que acompanha a banda até hoje, seja em “Change (In the House of Flies)”, que ainda é o maior hit do grupo.

Peso, sucesso e Grammy

Como fica claro nessa faixa, não é porque o Deftones assumiu um tom mais atmosférico e sensual que o peso foi embora. Aliás, foi com “Elite” que a banda ganhou seu primeiro Grammy, o único até hoje, na categoria de Melhor Performance de Metal.

De longe a música mais pesada do trabalho, “Elite” traz Chino com um vocal extremamente distorcido e que remete até mesmo aos primórdios de gêneros como o Hardcore e o Emocore, de uma maneira que também nos faz imaginar como seria o disco Adrenaline com uma produção um pouco mais dedicada.

O saudoso baixista Chi Cheng, que entrou em coma em 2008 e nunca se recuperou, falecendo em 2013, é outro ponto de equilíbrio da banda para que os elementos possam se unir com coesão.

Se Carpenter usa a guitarra para criar ambiência em canções como “Passenger”, ele só o faz graças à capacidade de Chi de manter toda a conexão entre as partes mais leves e mais pesadas da música, transformando um amontoado de influências em uma música com cada parte se complementando de forma majestosa.

Ah, e é claro que a participação de Maynard James Keenan (TOOL) dá um toque ainda mais especial a essa canção!

Legado de White Pony

Muitos anos após seu lançamento, White Pony continua sendo uma das obras mais influentes e certamente está entre os 10 discos mais importantes da música pesada.

Em 2016, por exemplo, uma resenha retroativa da NPR Music definiu o álbum como um “ponto de inflexão” não apenas para a banda, mas para a música do novo milênio.

Inúmeras bandas de estilos como o Post-Hardcore e Metalcore citam o Deftones e especificamente esse álbum como influência, uma vez que foi com ele que os caras basicamente se livraram do rótulo Nu Metal e passaram a ter um estilo tão único que escapa de qualquer definição.

Durante os anos subsequentes, até os próprios integrantes provavelmente reconhecem que não conseguiram replicar a maestria de White Pony em outros álbuns. Pelo menos não até a chegada de Diamond Eyes, em 2010 — mas essa história fica pra outra hora…