Tosin Abasi e a popularização do "djent" com o Animals as Leaders

Virtuose, tempos quebrados e muito peso: conheça como Tosin Abasi ajudou a popularizar o "djent", vertente do Metal Progressivo, com o Animals as Leaders.

Tosin Abasi, do Animals as Leaders
Foto via Wikimedia Commons

Se você perguntar a Tosin Abasi como é ter sido o grande responsável pela popularização do djent, ele provavelmente irá dar de ombros em resposta a isso.

Isso porque seu grande projeto de vida, o Animals as Leaders, pouco se importou com o rótulo que passou a receber depois que se viu grande na mídia. Para Tosin, o gênero é apenas um nicho do Metal Progressivo e ele ressalta sempre que nunca quis se prender a um estilo específico.

Mas o que é djent? É apenas o termo utilizado para o estilo que ganhou fama em especial no YouTube nos últimos anos que traz músicas geralmente instrumentais com uso frequente de guitarras com mais cordas do que o normal — trazendo uma sonoridade mais grave — e abusando do palm mute, que dá um som percussivo às canções. O nome é uma onomatopéia do som produzido.

Origens de Tosin Abasi e do Animals as Leaders

Como falamos acima, Tosin nunca se importou propriamente em se encaixar em um rótulo específico. Até por isso, o Animals as Leaders segue até hoje como uma das bandas mais diferentes do djent ao lado de outro pioneiro do gênero, o Periphery.

Filho de imigrantes nigerianos, Abasi aprendeu a tocar guitarra sozinho depois que seu pai lhe deu uma de presente — ele se interessou após alugar vídeos de guitarristas do Hair Metal e ver a técnica dos caras. Com o tempo, o músico foi muito além de suas inspirações.

“CAFO”, lançada pela banda em 2009 como parte do disco homônimo de estreia, é altamente considerada uma das canções fundamentais do “gênero” por unir todos os elementos que o representam: virtuose, groove, tempos quebrados e guitarras bem graves.

Soando como se o Dream Theater tivesse encontrado o Meshuggah em um disco totalmente instrumental, Animals as Leaders (2009) abriu caminho para toda uma geração de fãs que, impressionados pela técnica dos instrumentistas, passaram a tentar replicar as técnicas.

Popularização do djent e reconhecimento na guitarra

Até hoje, constantemente vemos músicos, em especial os que têm carreiras no YouTube, tocando guitarras com um número muitas vezes absurdo de cordas. O djent tomou sua própria vida, e grande parte disso se deve ao álbum The Joy of Motion.

Lançado por Tosin com o Animals as Leaders em 2014, o disco trouxe influências do Pop às músicas que ele vinha fazendo e tornou o gênero muito mais “digerível” ao público em geral. Em músicas como “Physical Education” o djent atinge o que é provavelmente seu auge, com os recursos técnicos servindo como base para a musicalidade dos instrumentistas.

Foi graças a esse trabalho que Tosin Abasi ganhou status de lenda da guitarra — mesmo tão jovem, com pouco mais de 30 anos na época. Em Outubro de 2014, ele entrou em turnê com o G4, que era complementado por Joe SatrianiGuthrie Govan Mike Keneally.

Dois anos depois, ele participou da turnê Generation Axe que contou com Nuno BettencourtYngwie MalmsteenSteve Vai Zakk Wylde; o encontro deu tão certo que voltou a acontecer em 2017 e 2018 e consolidou de vez a posição do guitarrista em meio aos grandes representantes do instrumento.

Você pode até não gostar do djent e achar um exagero todo o aparato técnico que o estilo exige. Mas é impossível não falar da influência que um guitarrista descendente direto de africanos em um dos estilos que mais acumula visualizações no mundo instrumental do YouTube nos últimos anos.

Mais do que isso, Tosin é responsável por uma das últimas revoluções recentes da guitarra. Pense bem: há quanto tempo você não via um guitarrista que saísse da fritação vazia e trouxesse algo de novo para o mundo da música virtuosa? É bem provável, aliás, que demore anos até que um músico tão pioneiro surja novamente.

Abaixo, você pode ouvir na íntegra o icônico The Joy of Motion e conhecer um pouco mais de sua obra.