Música

Chris Frantz, do Talking Heads, detona “ego e ganância” de David Byrne

Baterista e cofundador do Talking Heads, Chris Frantz detona David Byrne e seu "ego e ganância" e ainda o acusa de destratar a baixista Tina Weymouth.

Chris Frantz e David Byrne
Fotos via Chris Frantz e Wikimedia Commons

Quando se fala em Talking Heads, quase imediatamente se remete ao vocalista David Byrne. Acontece que, de acordo com o baterista e cofundador do grupo Chris Frantz, isso é algo completamente intencional da parte de Byrne.

Promovendo seu novo livro de memórias, Remain in Love, Frantz falou com o The Guardian e soltou o verbo sobre a complicada relação com o frontman que é considerado um dos grandes gênios da música moderna.

Segundo o baterista, Byrne tinha um desejo quase compulsivo de dominar a imagem da banda. Ele explica:

É como se ele não pudesse fazer nada a respeito. Seu cérebro está conectado de tal forma que ele não sabe onde ele termina e as outras pessoas começam. Ele não consegue imaginar que qualquer outra pessoa poderia ser importante.

Foi com isso — e por isso — que Byrne teria tentado (às vezes com sucesso) “roubar” os créditos de diversas músicas como único autor ao invés de creditar a banda como um todo. Ele ainda cita que isso era mais claro do que nunca com a baixista Tina Weymouth, sua esposa.

Como exemplo, ele cita a faixa “Life During Wartime”. Baseada fortemente na linha de baixo de Weymouth e no ritmo que a envolve, a canção ainda assim viu David assumir o papel de único compositor nos créditos.

David Byrne, Chris Frantz e polêmicas com o Talking Heads

Ainda na mesma entrevista, ele cita os problemas que foram surgindo com o produtor Brian Eno, que se aproximou muito de Byrne nos anos com a banda e inclusive teve trabalhos em conjunto com o vocalista.

Frantz ressalta que Brian é “um excelente produtor”, mas que o sucesso foi subindo à sua cabeça e que eventualmente ele fazia exigências como “voar em um Concorde” e a banda tinha que pagar por tudo isso.

Mesmo com tudo isso, o grupo ainda durou vários anos e um trecho do livro citado pelo The Guardian deixa bem clara como era a relação dos colegas de banda quando ocorreu o último encontro em 1991.

Segundo Frantz, Byrne estava “exasperado”, gritando coisas como “Vocês deveriam estar me chamando de babaca!”, enquanto os outros membros não davam a mínima pois sabiam se tratar de mais uma tentativa de David fazer a banda acabar, algo que já havia sido evitado várias vezes pois as músicas continuavam fluindo e todos eles se beneficiavam disso.

Não foi isso que aconteceu daquela vez, no entanto, mas se engana quem pensa que Chris se arrepende ou faria algo diferente. Ele deixa bem claro que duvida que David tenha mudado, e que não sente qualquer tipo de inveja dele:

É verdade que a imagem pública dele [David] mudou. Mas amigos meus me garantem que ele não mudou. Eu acho que ele provavelmente só percebeu que poderia pegar mais abelhas usando seu mel.

Acredite em mim, se você conhecesse o David Byrne, você não teria qualquer inveja dele.