Como te falamos por aqui anteriormente, a gravadora Burger Records recebeu nos últimos dias diversas acusações de abuso direcionadas aos donos do selo e a integrantes das bandas do catálogo.
Entre os grupos envolvidos estava o SWMRS, do baterista Joey Armstrong — filho de Billie Joe Armstrong, do Green Day — e foi após as denúncias de Lydia Night, líder do The Regrettes e ex-namorada dele, que tudo tomou outras proporções.
Inicialmente, a Burger afirmou que iria fazer uma “renovação” da marca, se transformando na BRGR RECS e iniciando um “novo capítulo” no qual diversas medidas (descritas aqui) seriam tomadas para criar um espaço mais seguro para mulheres na música.
Acontece que as críticas continuaram firmes mesmo depois do anúncio dessas providências, que estavam sendo encabeçadas pela nova presidente interina, Jessa Zapor-Gray.
Agora, ela emitiu um novo comunicado dizendo que reconsiderou sua posição e não irá mais participar desse projeto. Você pode conferir com tradução abaixo (via Stereogum).
Comunicado de Jessa Zapor-Gray
No último ano e meio, eu trabalhei com a Burger e artistas da Burger nas comunicações e em parcerias com base em um contrato.
Durante o final de semana, me pediram para assumir o papel de presidente interina com a esperança de que eu poderia recriar o selo e torná-lo algo melhor para o bem de todos vocês, os artistas. Meu plano era rapidamente começar a pesquisar e avaliar se qualquer coisa sobre a gravadora poderia talvez ser salvo e se transformar em algo melhor, e eventualmente dar um selo funcional a uma administração futura que não tivesse relação com os fundadores da gravadora; ou se eu pensasse que a reconstrução não fosse possível, então organizar e preparar a gravadora para fechamento.
Quando me pediram para assumir nessa função, eu esperava alguma reação negativa à minha decisão de aceitar mas eu acreditei que a oportunidade de ter um papel em efetivar mudanças positivas reais e duradouras dentro da cena da Burger e indie valia o risco.
Depois de repensar, eu informei à Burger Records que eu não mais acredito que serei capaz de alcançar os meus objetivos em assumir o papel de liderança na Burger no clima atual. Então, eu decidi sair da gravadora completamente para focar em meus outros projetos.
Fechamento da Burger Records
Como conta a Brooklyn Vegan, o fundador Sean Bohrman foi procurado pela Pitchfork e respondeu algumas perguntas sobre o que seria feito a partir de então.
Ele disse que resolveram “fechar as portas” e, questionado sobre a possibilidade de continuar como BRGR RECS, ele respondeu apenas que “não”. Após um pedido de mais comentários, Bohrman teria apenas enviado um vídeo dos Looney Tunes com o famoso “isso é tudo, pessoal”.
O fundador ainda afirmou que todos os artistas e álbuns assinados e lançados pela Burger terão seus trabalhos removidos das plataformas de streaming. Isso inclui grandes nomes da cena que não foram citados diretamente na confusão como Dinosaur Jr, Weezer, Green Day, Iggy and the Stooges, Ty Segall, Turbonegro, Thee Oh Sees, Guided by Voices, e várias bandas lideradas por mulheres como Cherry Glazerr, Bleached, Melody’s Echo Chamber, Jenny Lewis, Sunflower Bean e inúmeras outras.
Ainda de acordo com Sean, isso não será um problema para os artistas já que todos eles são donos das próprias músicas porque, segundo ele contou à Pitchfork, “eu odeio lidar com advogados então nós nunca assinamos contratos com as bandas”.
Não há menção até o momento sobre o que será feito com o catálogo da Burger na América Latina, cujo site saiu do ar do mesmo modo que todas as redes sociais e páginas associadas à marca na internet.