O rapper Emicida, durante sua participação no programa Roda Viva, na TV Cultura, foi questionado pela jornalista Vera Magalhães sobre os valores das roupas vendidas no Laboratório Fantasma, empresa administrada pelo cantor.
No programa que foi ao ar nesta segunda-feira (27 de Julho), Emicida respondeu que essas críticas não o ofendem e falou sobre o compromisso que tem com os seus funcionários:
Eu conheço a cadeia produtiva com a qual eu trabalho, eu sei quanto ganha uma costureira. Eu não vou vender uma camiseta a R$ 9,90 para colocar uma mulher ganhando um salário de miséria, uma mulher que podia ser minha mãe, entendeu?”
O cantor ainda destacou que quem deve ser questionado sobre os preços das coisas que são vendidas são as pessoas que conduzem uma cadeia de trabalho de forma “irresponsável” e que mantêm funcionários em “sistemas de produção que são análogos à escravidão”:
A gente não se relaciona com isso. Todas as pessoas que se vinculam com a Laboratório Fantasma, seja em qualquer função, essas pessoas usufruem dessa conquista. E é por isso que no nosso desfile de moda as costureiras tão lá na primeira fila chorando e emocionadas, porque elas nunca tinham experimentado costurar uma roupa e poder assistir aquilo ser lançado, junto com os jornalistas chiques, com os críticos de moda fudidos, junto com os empresários, com os artistas. Isso é uma conquista coletiva, isso é o hip hop.
Relembrando dos casos de racismo em críticas que ele já recebeu, Emicida falou de quando foi a uma cerimônia em que ganhou o prêmio Homem do Ano da revista GQ:
Eu vou de terno numa festa de gala e aí os MBL da vida saem espalhando que o Emicida tá usando um terno de R$ 15 mil. Todo mundo acha que isso é uma grande contradição porque o Emicida tá vestindo uma roupa chique num evento chique e ninguém consegue perceber o quão racista é dizer uma coisa como essa.
O rapper terminou de responder a pergunta afirmando que não se ofende com esse tipo de crítica e falou sobre o que ele espera que os funcionários do Laboratório Fantasma consigam trabalhando lá:
Eu acho que é uma coisa tão pequena, cê nem tá percebendo o que cê tá falando, você tá dizendo que uma pessoa preta, pobre, pra ser verdadeira, ela tem que vender a coisa dela ruim, barata, zoada. Não, muito pelo contrário parça, a gente trabalha para que as pessoas se emancipem, inclusive economicamente e possam usufruir disso aí. E as pessoas que podem pagar por isso, elas pagam e alimentam essa cadeia, tá ligado?.
Confira esse trecho da entrevista no vídeo abaixo.
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