O lendário Chris Cornell nos deixou de forma muito precoce mas, neste plano, temos um legado enorme de sua vida — e isso vai além de suas músicas.
Além de Toni Cornell, que já mostrou bastante aptidão à carreira artística, a outra filha do vocalista do Soundgarden e Audioslave tem feito um trabalho muito importante.
Lily Cornell iniciou nos últimos tempos um programa de saúde mental, intitulado Mind Wide Open, no qual recebe especialistas no tema para tratar de traumas e outros assuntos englobados nessa questão, em especial durante esses tempos de pandemia.
Lily, Chris Cornell e saúde mental
Em uma nova entrevista à Rolling Stone, Lily falou sobre diversas questões relacionadas à iniciativa e compartilhou algumas das lições que ela aprendeu com seu pai. Aliás, ela revela que foi ele quem inspirou o título Mind Wide Open, que se traduz para algo como “Mente Muito Aberta”:
Quando eu estava no último ano do colégio, eu tive uma aula de poesia — o que é, tipo, bem Seattle. [risos] Nós tivemos uma tarefa na qual tínhamos que encontrar uma lembrança [da família] e escrever um poema sobre. [Meu pai compartilhou algumas] letras dos Anos 90 e tinha essa parte que ficou muito comigo: ‘Half alive/Heard the most brilliant lie/Sleep is eyes closed to the light/Death is the mind wide open’. [‘Meio vivo/Ouvi a mais brilhante mentira/Dormir é olhos fechados à luz/A morte é a mente muito aberta’]. E isso grudou em mim. Só ressoou comigo tão intensamente.
A garota ainda comentou sobre as conversas que teve com Chris sobre a depressão, e afirma que ele sempre a apoiou muito em relação a essas questões. Contando detalhes de uma conversa franca entre os dois, ela disse:
Nós falamos sobre nossas experiências compartilhadas com a saúde mental. Eu tenho ansiedade desde que eu era bem pequena e ele sempre validou muito isso e me tranquilizou muito nesse sentido. Quando eu tinha tipo 12 anos ou algo assim, ele ficava tipo, ‘Quando eu tinha 12, eu ficava deitado acordado na cama e meu coração ficava disparado. Parecia que eu ia ter um ataque cardíaco’. Ele sempre dizia, ‘Você se encontra [com a sua ansiedade] de forma honesta, e é algo com o que eu batalhei a minha vida toda’. E foi só essa segurança, tipo ‘Vai ficar tudo bem’.
Algo que ele costumava dizer para mim que sempre me fazia gargalhar era, ‘Pessoas estúpidas não têm ansiedade. O fato de você estar preocupada com o que virá de uma situação e pensando no que qualquer opção possível pode ser e se preocupando com todas as formas que as coisas podem dar errado, é porque você é muito esperta e porque seu cérebro funciona muito rápido. E mesmo que isso seja ruim, e pode parecer um peso enorme, você vai dominá-la e vai aprender como usá-la de formas que irão te ajudar e ajudar os outros’. Então foi algo com o que ele me ajudou a ficar confortável, sem dúvidas.
Você pode conferir a entrevista na íntegra (em inglês) por aqui. O programa de Lily está disponível no Instagram dela, com novos episódios sempre às segundas-feiras.