#TBTMDQA: "La Bamba" e sua trajetória de tradicional música mexicana para #1 nas paradas

Cantada com frequência em casamentos da região de Veracruz, no México, "La Bamba" se tornou a primeira canção em espanhol a ir para o topo das paradas.

Lou Diamond Phillips interpretando Ritchie Valens em "La Bamba"
Foto: Divulgação

“Um pouco de graça e outra coisinha”. Isso é o que é necessário para dançar “La Bamba“, canção do folclore mexicano que conquistou o mundo através da performance de vários artistas.

Sem uma gravação específica, a canção já era extremamente popular em seu país natal, mais especificamente no estado de Veracruz. As versões originais combinavam elementos da música espanhola, indígena e africana e sequer tinham uma letra definida.

Publicidade
Publicidade

Com o passar do tempo, a divertida faixa passou a ser gravada por diversos artistas que ajudaram a impulsionar seu reconhecimento. As diferentes versões incluem os toques pessoais de nomes como Trini Lopez, Harry Belafonte, Ritchie Valens e Los Lobos. Os dois últimos, inclusive, ajudaram a impulsionar a música como um grande hino do rock ‘n roll mundial.

Sobre este sucesso, separamos algumas curiosidades. Confira abaixo:

 

Trilha de casamentos mexicanos

Fazendo parte da cultura mexicana, “La Bamba” costuma ser tocada em casamentos em Veracruz. A melodia de fácil assimilação é motivo para improvisos entre os cantores ao longo da performance. A trilha serve para os noivos dançarem, apesar de que essa tradição tem sido menos vista atualmente.

No entanto, a canção permanece viva no imaginário musical latino americano. Fora que é certamente uma presença constante nas setlists de bandas de mariachi!

 

Um dos primeiros grandes hits do rock

O ano é 1958 e o rock, com grande base em elementos do blues, ganhava popularidade enquanto um gênero de música jovem. Um dos pioneiros neste movimento foi o cantor norte-americano Ritchie Valens. E, dentre seus maiores e mais impactantes sucessos, adivinhe que música se encontra.

Valens, orgulhoso de suas raízes mexicanas, adaptou “La Bamba” para a estética dançante do rock n’ roll. Esta foi a primeira versão a sair do folclore mexicano para conquistar o mundo comercialmente. Não à toa, a canção permanece viva no imaginário musical não apenas do México, mas como de todo o mundo.

Após o trágico acidente que tirou a vida do jovem músico em 1959 (o mesmo acidente de avião que, por sinal, também tirou a vida de Buddy Holly, outro pioneiro do rock), a canção continuou sua trajetória e até hoje se mantém como essencial para a cultura da América Latina. “La Bamba” é descrita, por representantes da Biblioteca do Congresso dos E.U.A., como “culturalmente, historicamente e esteticamente relevante”.

 

Uma das 500 melhores músicas de todos os tempos

Em 2004, a revista Rolling Stone lançou uma edição especial em que elenca as 500 Melhores Músicas de Todos os Tempos. A lista conta com a versão de “La Bamba” de Ritchie Valens, que, por sinal, é a única música cantada em um idioma sem ser o inglês.

A canção ocupa a 354ª colocação na lista, à frente de sucessos de artistas como Elton John, 2Pac e de nomes da época como Elvis Presley e Muddy Waters.

 

A versão da banda Los Lobos

Graças a Valens, o icônico riff de “La Bamba”, tal como a letra gravada, se tornou de conhecimento mundial. Mas o ápice do sucesso teria vindo quase 30 anos depois, em 1987. O motivo foi uma versão icônica (e mais moderna) do clássico, sob a instrumentação da banda californiana Los Lobos.

A então nova versão, no entanto, conseguiu algo que Ritchie Valens não conseguiu: ir para o topo da Billboard. A música permaneceu na primeira posição da parada durante três semanas, perdendo o posto para “I Just Can’t Stop Loving You“, de Michael Jackson e Siedah Garrett.

Para “bailar la bamba”, o Los Lobos fizeram um clipe divertido tocando em um parque de diversões. A adaptação audiovisual rendeu à banda um VMA em 1988.

 

O filme homônimo

Parte do sucesso da versão da banda Los Lobos se deu por causa de outra mídia: o cinema. Em 1987, foi lançado o filme “La Bamba“, do diretor Luis Valdez, como uma cinebiografia em homenagem ao legado de Ritchie Valens. O longa aborda sua trajetória até o trágico acidente de avião que tirou sua vida, tal como as vidas de Buddy Holly e The Big Popper, em Fevereiro de 1959.

O filme não conta com um elenco dos sonhos para o cinema da época (Valens é interpretado por Lou Diamond Phillips), mas foi muito bem avaliado pelo público e pela crítica. A trilha sonora ajudou nisso, uma vez que conta com seis versões da Los Lobos para clássicos de Valens. Além de “La Bamba”, a banda também regravou “We Belong Together“, “Donna” e “Come On, Let’s Go“. Howard Huntsberry, Marshall Crenshaw, Brian Setzer e Bo Diddley também contribuíram com a trilha.

 

“O aspecto multicultural da América”

Tal como o Brasil, a formação da cultura norte-americana absorveu influências diversas, tanto da Europa quanto dos vizinhos latinos. Durante a gradual construção do rock no continente, Valens está aí para provar sua amplitude cultural. Ao resgatar uma canção folclórica do México, Valens espelhou as diferentes origens que estão presentes nos EUA.

Membro da Los Lobos, Louie Pérez falou uma vez sobre o impacto dessa canção, especialmente por conta da letra em espanhol. “Mostra o aspecto multicultural da América”, disse (vale lembrar que os norte-americanos referem-se a si mesmos como “América”).

 

Trini Lopez

O cantor Trini Lopez, que faleceu recentemente, está na longa lista de artistas que gravaram suas próprias versões de “La Bamba”. Sua versão, também bastante popular, foi lançada em um disco ao vivo de 1963. Três anos mais tarde, a gravação foi reaproveitada como single.

Ao anunciar a morte do cantor, muitos veículos o relembraram como o cantor de “La Bamba”, apesar não ser dele a versão mais icônica.

https://www.youtube.com/watch?v=YwRTwXGJ5x4

 

Como que se dança isso?

Existem músicas que são quase um manual de dança, ao explicar detalhes sobre os passos ideais para “arrasar na pista”. É o caso de canções como “Peppermint Twist” (Joey Dee & The Starliters), de “Watch Me” (Silentó) ou até mesmo do clássico nacional “Um Morto Muito Louco” (Jack e Chocolate). Mas não é o caso de “La Bamba”.

Não existem dicas de como se dança, nem nas letras e nem em vídeos (mas vale o desconto, já que videoclipes não eram tão populares na época). Verdade seja dita, “La Bamba” não é uma dança oficial e tampouco uma palavra com tradução oficial.

Portanto, só nos resta mexer!

 

Bônus 1: “Twist and Shout”

Já reparou que a introdução de “La Bamba” é muito semelhante à da versão de “Twist and Shout” gravada pelos Beatles (sim, originalmente a canção não é deles)? Conseguimos fazer, facilmente, um mashup entre as músicas. Por sinal, ambas falam sobre “mexer o esqueleto”.

Bruce Springsteen (e, certamente, vários outros artistas) já provou isso ao vivo.

 

Bônus 2: “Lasagna”

Para finalizar, fique com a versão que o músico “Weird Al” Yankovic fez para “La Bamba”. Sem contexto, a paródia, intitulada “Lasagna“, submete o clássico latino à cultura gastronômica italiana.

Bom, existem coisas que a gente apenas aceita que existem.

Sair da versão mobile