Por Marcelo Mudera
De 9 a 20 de setembro vai rolar a décima segunda edição do In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical.
Pra quem ainda não conhece, é um evento que acontece anualmente em vários países apresentando documentários musicais que ainda não entraram nos circuitos comerciais e/ou plataformas de streaming.
No Brasil rola desde 2009, em São Paulo, com programação espalhada em diversas salas da cidade. Também sempre tiveram apresentações artísticas e conversas com diretores/produtores após os filmes.
Nesse ano, obviamente, o festival vai ser online e o público do país inteiro poderá ter acesso, gratuito ou a módicos 3 reais, a mais de 50 títulos nacionais e internacionais inéditos.
A programação será dividida em diferentes mostras, incluindo uma só com os melhores filmes que rolaram no In-Edit de Portugal. A história de Zé Pedro (1956-2017), guitarrista da lendária banda Xutos e Pontapés, é uma das que serão exibidas.
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A pluralidade de estilos musicais e identidades culturais também está bem evidente nesta edição. Na mostra “Competição”, por exemplo, vai ter muito conteúdo sobre música popular brasileira, destacando personagens conhecidos como Dorival Caymmi, o pianista Dom Salvador, os influentes sambistas Garoto e Mateus Aleluia, o ilustre desconhecido Porfírio do Amaral e ainda o incrível trabalho da Orquestra Neojibá.
Mostra Brasil
A Mostra Brasil será ainda mais diversa. Vai da guitarra elétrica de Arto Lindsey
ao samba da Mangueira, do punk rock da banda Flicts à música produzida no Pará,
dos bastidores da produção do álbum “Matriz” da cantora Pitty à sonoridade única
feita pela família Zawose na Tanzânia.
Entrevista com Marcelo Aliche
Para saber mais sobre as mudanças no formato, futuro do segmento, conteúdo da edição e novidades que vêm por aí, troquei uma ideia com Marcelo Aliche, idealizador e diretor artístico do In-Edit Brasil.
Marcelo Mudera: Com a galera assistindo online, como será a dinâmica das exibições?
Marcelo Aliche: Os filmes estarão na plataforma do festival (www.in-edit-brasil.com) de
duas formas: alguns filmes ficarão disponíveis durante todo o período do
evento e outros por um tempo determinado a depender dos contratos
vigentes entre as distribuidoras/produtoras e o In-Edit.
Desta forma, o público terá uma grade de programação dinâmica como sempre foi para os filmes internacionais e outra permanente (de 10 a 20 de setembro) com títulos nacionais.
Marcelo Mudera: Sabemos que o setor audiovisual tem passado por dificuldades, tanto no fomento das produções quanto na viabilização dos eventos de exibição. Isso afetou de alguma forma o festival deste ano? O que mudou com a crise e o coronavírus? Quais os prós e os contras de fazer o festival online?
Marcelo Aliche: A mudança veio mesmo na realização do festival em si. Já os processos de inscrição, curadoria e criação de conteúdos não mudaram. De fato, mesmo com a crise econômica e os ataques a indústria cultural, em 2020 batemos um novo recorde de inscritos (124 títulos). Já a questão de passar o evento para o mundo online é um projeto antigo. Na Espanha, o In-Edit TV já existe há 6 anos e nunca tivemos a oportunidade financeira de investir nisso. Agora, com a pandemia, virou uma questão de sobrevivência.
Quanto aos pontos positivos e negativos, posso dizer que a parte boa é que desta forma poderemos chegar a todos os cantos do país. A ruim é não poder lotar as salas de cinema que é nossa grande alegria.
Marcelo Mudera: Tudo o que for arrecadado de bilheteria virtual será doado pra cadeia produtiva do audiovisual. Como você visualiza a situação atual desses profissionais e o que acredita ser o melhor caminho pro futuro?
Marcelo Aliche: Tantos os profissionais do audiovisual quanto da música estão em más condições financeiras, e isso não é de hoje. Não existe uma política de incentivo ou de apoio a esses profissionais, e nos últimos anos estes setores foram praticamente marginalizados (para não dizer criminalizados). Para que o futuro seja melhor, todas as pessoas que acreditam na indústria cultural deverão fazer seu papel: largar a raiva e a indignação como armas de combate e voltar ao corpo a corpo, olho no olho, para explicar ao resto a importância dessas atividades. Sejam elas do ponto de vista artístico, educacional, civilizatório ou financeiro.
Marcelo Mudera: Como sugestão pessoal, quais documentários dessa edição você destacaria?
Marcelo Aliche: Os 6 filmes da competição: Aleluia, O Canto do Tincoã, Dorivando Saravá, Dom Salvador, Garoto – Vivo Sonhando, Neojibá e Porfírio do Amaral.
Dos internacionais: The Men’s Room, White Riot, My Darling Vivian, Aznavour by Charles e The Changin’ Times Of Ike White.
Marcelo Mudera: Depois do festival vai rolar o lançamento de uma plataforma própria de streaming, o In-Edit TV. Como vai funcionar?
Marcelo Aliche: Os filmes serão diferentes aos do festival logicamente, mas a oferta deve ser boa. Iremos aumentando o catálogo todas as semanas.
Haverá filmes gratuitos e pagos. Para os pagos, o usuário poderá escolher entre pagar filme a filme, comprar um pack ou fazer uma assinatura mensais ou anual. Tal como o festival os preços deverão rondar os 3 reais por click.
Serviço
O quê: 12º IN-EDIT BRASIL
Quando: 9 a 20 de setembro de 2020
Onde: www.in-edit-brasil.com
Quanto: Gratuito e/ou 3 reais por título