No ano 2000, a cena do Rock e Metal era dominada pelo Nu Metal.
O gênero representado por nomes como KoRn, Limp Bizkit e Linkin Park lançava alguns de seus maiores discos, como Chocolate Starfish and the Hot Dog Flavored Water e Hybrid Theory, respectivamente das últimas duas citadas.
Enquanto tudo isso acontecia nas rádios e nas arenas pelo mundo, uma certa banda preparava um trabalho que revolucionaria a música e em especial o Post-Hardcore, abrindo espaço para que inúmeras outras surgissem nos anos subsequentes e trazendo um respiro ao underground.
É claro que falamos do At the Drive-In, que naquele mesmo fatídico ano lançou o aclamado Relationship of Command — completando 20 anos exatamente neste dia 11 de Setembro.
At the Drive-In
Formada em El Paso, uma cidade fronteiriça entre os EUA e o México localizada no Texas, a banda era praticamente toda composta de integrantes que se dividiam entre as duas etnias.
Cedric Bixler-Zavala, Omar Rodríguez-López, Jim Ward, Paul Hinojos e Tony Hajjar integravam o grupo em 2000, e foi essa a formação que deixou toda a sua raiva explodir dentro do estúdio ao gravar canções como “Arcarsenal”, até hoje uma das melhores aberturas de álbum da história.
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Apesar de já ter alguns trabalhos anteriores, o ATDI realmente se destacava por suas performances ao vivo e havia um grande sentimento de que nada capturava a energia dos caras em cima dos palcos, e nem mesmo em Relationship of Command isso aconteceu plenamente.
Justamente por isso, eles viviam sendo comparados às lendas do Proto-Punk MC5, ainda mais depois das participações de Iggy Pop em “Enfilade” e “Rolodex Propaganda”.
O At the Drive-In serviu como a “banda rebelde” de uma geração. Aquele grupo que nunca saiu de fato do underground, e que corria o risco de implodir caso isso acontecesse — o que acabou rolando em 2001.
Menos de seis meses depois de finalmente ter reconhecimento na grande mídia, em especial graças ao sucesso de “One Armed Scissor” que se tornou uma espécie de hino e até relativamente um hit, os caras seguiram caminhos separados e formaram outras bandas, o The Mars Volta e o Sparta.
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Relationship of Command
20 anos depois, o que podemos dizer é que Relationship of Command envelheceu extremamente bem. E, em alguns casos, se tornou até assustadoramente preciso: basta olhar para “Quarantined”, que fala de um vírus que faz com que as pessoas vejam “dias virarem meses” e cita justamente uma quarentena.
Instrumentalmente, o poder do ATDI não chegou a ser repetido nunca mais. Nem por eles mesmos: o retorno com in•ter a•li•a em 2017 está longe de ser ruim, mas não chega nem perto da visceralidade do álbum lançado em 2000, presente até em canções mais experimentais como a incrível “Invalid Litter Dept.”.
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É difícil dizer se é infeliz que a banda tenha acabado tão cedo, já que talvez essa verdadeira obra-prima só tenha surgido por todas as tensões do grupo e por esse elemento “inflamável” que tomava conta dos integrantes.
Da mesma forma, os trabalhos que vieram dali — especialmente o Mars Volta — nos deram ainda mais ótimas músicas, em estilos bem diferentes e ainda que mais contidos, sempre recheados da genialidade dos músicos. E, felizmente, o legado continua vivo e podemos ouvi-lo sempre que precisarmos daquela explosão visceral.
Relembre esse disco incrível a seguir!