Entrevistas

WME Conference RMX enfrenta baque da pandemia para entregar programação incrível no final de semana

TMDQA! conversou com Monique Dardenne, uma das idealizadoras do WME, a respeito de evento criado por mulheres para mulheres da música.

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Larissa Luz se apresentará no WME Conference RMX 2020 | Foto: Divulgação

Apoiando a luta das mulheres por oportunidades mais justas no mercado da música, a jornalista Claudia Assef e a produtora cultural e advogada Monique Dardenne não desistiram de realizar o Women’s Music Event Conference deste ano.

Previsto para acontecer em Março, após meses de planejamento nesta sexta-feira (18 de Setembro), ao lado de mais de 70 profissionais da música, as idealizadoras do WME se conectam com o público para o primeiro dia da quarta edição do evento que acontece até o domingo (20 de Setembro) em um formato virtual. Este ano, o projeto recebeu no final do seu nome a tag RMX, em alusão à técnica dos DJs e produtores de música de usar as mesmas bases para criar um remix, ou seja, uma faixa “nova” usando os mesmos elementos da música.

Em conversa com o TMDQA!, Monique confessou que a dupla passou por um período de luto até entender o que poderia ser feito para o evento acontecer. A primeira ação foi planejar a conferência para Junho, mas, a produtora disse que após um tempo, ela e Claudia entenderam que a situação do Coronavírus era muito mais séria, e não teriam uma certeza se, de fato, ele poderia acontecer no meio do ano.

Acho que o maior desafio foi reprogramar, no sentido de ‘o que vamos fazer, qual vai ser o novo formato?’. Porque quando tudo aconteceu começaram a surgir várias lives que foram muito importantes, e depois a gente começou a entender que esses profissionais precisavam ser pagos, e aí falamos: ‘não vamos fazer alguma coisa do WME agora, só por fazer. Tem tanta gente fazendo, e quando a gente fizer vamos tentar conseguir pagar essas pessoas’. Porque o que precisamos no mercado é do dinheiro, a arte é muito importante, mas como que esses artistas vão sobreviver?

E aí a gente teve esse período de maturação, de entender o que estava acontecendo, de ver o movimento dos festivais ao redor. A gente começou a fazer lives e conteúdos onde falávamos muito sobre o mercado, possibilidades, mulheres no mercado e isso foi ajudando muito a gente a entender o que íamos fazer.

Após esse período de reflexão, as idealizadoras do WME foram atrás dos patrocinadores e apoiadores e bateram o martelo, decidindo que o evento iria ocorrer em Setembro. Elas entenderam que no mês escolhido já conseguiriam reunir as mulheres convidadas para a conferência, “com muita responsabilidade e pensando na saúde de todas”, como descreveu Monique. E poderiam, mesmo sem público, utilizar uma estética diferente dos ambientes em que as lives estão sendo realizadas. A quarta edição do evento acontecerá na Casa Natura Musical, em São Paulo.

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Claudia Assef e Monique Dardenne | Foto: Vtao Takayama

O que vai rolar na conferência

O WME Conference deste ano terá 15 painéis e 8 oficinas (e como na versão física, a participação é paga) que contam com mulheres espetaculares como Teresa Cristina, Negra Li, Roberta Martinelli, Letrux, Sarah Oliveira, Mahmundi, Luísa Sonza, Karol Conká, Preta Rara e outras e também com 8 shows gratuitos apresentados pelas talentosas Larissa Luz, As Baías, Tiê, Céu, Xênia França, Maria Rita Stumpf e mais artistas.

Devido a pandemia, assuntos foram retirados da programação e outros incluídos e até adaptados para que fizessem mais sentido com a realidade na qual estamos vivendo.

Nós entendemos que estamos vivendo em um momento completamente diferente. Normalmente nós falamos sobre o futuro, sobre soluções, mas a gente não consegue falar do futuro nesse momento. Nós precisamos falar do presente, do que estamos vivendo. Então pensamos muito nisso. Como usar desse presente, para trazer informação e discussões sobre o que está acontecendo? Porque o futuro ninguém sabe o que vai ser.

E foi a partir disso que temas como “Um universo em expansão: as muitas faces do mercado das lives”, “É possível descolar uma grana extra com lives?”, “Para Todes – aprenda a tornar o seu evento online acessível” e “Das plataformas para o hipotálamo: como os podcasts podem ajudar a amplificar discursos e projetos com os propósitos mais diversos” entraram na programação.

Escolhida por sua história e suas obras, a madrinha da conferência este ano será a cantora Daniela Mercury. Ela participará diretamente de sua casa em Salvador de um bate-papo virtual sobre sua carreira, com Claudia Assef, que estará na Casa Natura Musical. Monique explica ao TMDQA! o porquê dessa escolha e a importância de sempre nomear uma representante mulher no evento.

A Daniela Mercury quebrou muitas barreiras ali dentro da música do axé, como empresária e como mulher se assumindo homossexual. Então, isso é muito importante, que [na escolha da madrinha] sejam mulheres muito fortes dentro da sua arte. Mas, o mais importante é dar o reconhecimento porque sempre falamos dos homens quando se tem uma homenagem. As mulheres nunca são homenageadas ou reverenciadas. Então é mais isso, é o espaço para mostrarmos a história dessas mulheres com grandes conquistas. O mercado da música precisa se inspirar nelas.

Sendo uma versão online, a WME Conference 2020 conseguirá expandir ainda mais o seu horizonte e alcançar um público que pode estar em qualquer canto do mundo. Além disso, os participantes terão a oportunidade de revisitar um painel ou uma oficina, pois elas ficarão salvas no site do evento por 30 dias após o domingo. Sobre este novo formato, Monique acredita que o evento não conseguirá voltar a ser somente físico.

Muitas pessoas já pediam para que a gente transmitisse o WME, mas primeiro é que isso é um impacto muito grande na planilha, foi mais de 1/3. As pessoas acham que por não ser um evento físico não terá tantos gastos. Só que a tecnologia que é usada para fazer um evento desse, custa o preço de um evento físico. Então, a gente não fazia transmissões mesmo que simples porque realmente tinha um custo, e a nossa planilha bate ali, no limite, não dá para ter luxo. Fazemos tudo com muita qualidade, mas isso eu acredito que seja uma coisa que não vamos conseguir voltar atrás.

WME Awards

Além da conferência, o WME também conta com uma premiação que celebra as mulheres ligadas ao mercado da música e também serve como um espaço que dá voz a pautas que envolvem questões sociais que precisam de uma atenção extra.

Com todas as incertezas geradas pelo coronavírus, a dúvida sobre a realização do evento surgiu, mas para a felicidade de todos, Monique revelou ao site que: “o WME Awards super vai acontecer”.

A produtora contou que elas já estão trabalhando em cima do evento, e que está sendo até difícil, pois está acontecendo em paralelo à organização da conferência.

Já temos data, ele vai ser transmitido pelo canal TNT novamente, mas agora estamos trabalhando o formato. Estamos estudando muito as premiações que estão acontecendo, as internacionais. Mas, já temos as madrinhas, as homenageadas, já tá um bafo. E estamos começando a trabalhar na nossa identidade que é sempre uma coisa muito forte do WME,. Vai ser incrível, maravilhoso.

Monique finalizou o bate-papo dizendo que sempre conversa com os colegas que também possuem algum projeto que leva alegria, esperança e que geram conexões, e busca incentivá-los a dar um jeito de realizá-los, “principalmente em um ano como esse. Porque se a gente para, todo mundo fica meio perdido, porque um tá sempre se inspirando nos outros”, apontou a produtora.

Se você se interessou pelo WME Conference RMX 2020, confira a programação e garanta seu ingresso para os painéis e oficinas aqui. Apoie a indústria musical e valorize o trabalho de mulheres que todos os dias lutam para conquistar o seu merecido lugar no mercado.