Música

Richard Patrick (Filter) explica saída conturbada do Nine Inch Nails

Em entrevista, Richard Patrick lembrou o conturbado processo de sua saída do Nine Inch Nails e "zoação" de Trent Reznor que o levou a fundar o Filter.

Trent Reznor e Richard Patrick
Fotos via Wikimedia Commons e Reprodução/Instagram

Quando se fala em Industrial, o primeiro som que vem à mente bem provavelmente é o do Nine Inch Nails — ou talvez o Rammstein, de repente. Mas é só mencionar o Filter que você imediatamente já se lembra da clássica “Hey Man, Nice Shot”, maior sucesso da banda comandada por Richard Patrick.

Acontece que antes de fazer sucesso com essa faixa, Patrick foi parte da banda de Trent Reznor e finalmente abriu o jogo sobre a sua saída conturbada do grupo em 1993 já que o assunto voltou à tona depois que o NIN foi nomeado para o Hall da Fama do Rock and Roll e, mesmo tendo passado quase 4 anos com eles e participado do aclamado disco de 1989 Pretty Hate Machine, Patrick não foi chamado.

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Em uma participação no Stop! Drop & Talk (via The PRP), Richard contou como um conselho bem acintoso de Reznor somado a uma “zoação” bem pouco amigável fizeram com que ele fosse buscar seu próprio caminho e acabasse inclusive chegando aos discos de platina duas vezes, com os álbuns Short Bus (1995) e Title of Records (1999).

Confira a fala dele a seguir na íntegra e, depois, o vídeo com a entrevista completa em inglês.

Richard Patrick, Filter e Trent Reznor

Eu comecei no Nine Inch Nails, mas aí eu saí quando eu tinha, tipo, 26 anos. O Nine Inch Nails foi na verdade a única vez que eu tive um chefe.

A gente tinha acabado de tocar no Lollapalooza — o primeiro Lollapalooza — e nós fomos à Europa para abrir para o Guns N’ Roses, o que foi meio que uma coisa estranha, porque ninguém na Europa nos conhecia na época, e eles na verdade nos vaiaram para fora do palco, o que foi doido. Imagine o Nine Inch Nails sendo vaiado para fora do palco.

[Trent Reznor e eu] éramos só dois idiotas de Cleveland, Ohio — nós não éramos grandes ainda. Mas eventualmente, nós ficamos grandes. E houve um ponto no tempo em que o Trent só meio que olhou pra mim, e eu disse, ‘Uau, você vai para Nova Orleans viver nessa bela casa que você está comprando, e eu vou voltar para a casa do meu pai e da minha mãe.’

E o Trent falou, ‘Bom, vá escrever um disco.’ E eu fiquei, tipo, ‘Uau!’ O que você responde pra isso? Ele fala, ‘Você deveria ver a sua cara. Porque você meio que ficou puto no começo, e aí você ficou, tipo, ‘Não, eu deveria mesmo.” Ele disse isso pra mim em Paris. E eu lembro de pensar comigo mesmo que eu iria literalmente voltar e comer na cozinha dos meus pais toda noite, e esse cara vai lá escrever o ‘Broken’ e qualquer outra coisa que ele fosse trabalhar.

Mas eu sentei ali e ouvi o seu conselho, que foi, ‘Vá fazer algo.’ Seu conselho foi, ‘Levante essa bunda e faça algo. Não espere que eu faça. Não espere que eu vá escrever um disco sem você. Só vá e faça.’

Eu cheguei perto de fechar um acordo com gravadora, e [o Trent] não sabia na época, mas eu já tinha alinhado com a Warner Bros.. E eu estava em Los Angeles para meio que trabalhar no ‘The Downward Spiral’, ou só ficar por ali, e eu já meio que tinha tomado uma decisão em um viagem de cogumelo no Grand Canyon. Eu já tinha decidido. Eu fiquei, tipo, quer saber? Eu só vou receber essa bola uma vez, e se eu não caminhar por conta própria agora, eu nunca vou fazer isso.

Mas a gota d’água foi quando o Trent falou, ‘Ei, me ouve, Rich, eu sei que você precisa de uma grana extra. Me ouve. Ali no final [da rua], tem uma pequena pizzaria, e eles precisam de motoristas. Então talvez você possa ir fazer uma grana extra por lá.’ E eu fiquei, tipo, ‘ Uau!’

Isso foi quando eu tinha ‘Hey Man, Nice Shot’ escrita, e eu tinha cinco gravadoras prontas para assinar comigo. E eu fiquei, tipo, ‘Ei, cara, eu odeio te dizer isso agora, mas eu me demito. E eu sinto muito. Mas eu estou fora dessa merda. Eu não vou vender pizzas e eu não vou dirigir [para uma pizzaria].

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