#TBTMDQA: Afinal, o que aconteceu na 21ª noite de Setembro para ser celebrada no maior hit do Earth, Wind & Fire?

Separamos curiosidades sobre o maior sucesso do Earth, Wind & Fire. "September" conta com uma energia dançante que marcou a história da música.

Clipe de "September" (Earth, Wind & Fire)
Foto: Reprodução / Youtube

Grandes sucessos vêm e vão. Muitas vezes, marcam determinada época ao serem reproduzidos incessantemente em canais de mídia como rádios, canais de televisão e até na internet. No entanto, tendem a perder força com a chegada de novos hits, e assim segue a indústria. Em contramão a esta regra, poucas canções na história conseguiram superar barreiras ao ponto de serem sempre relembradas.

São as canções de Natal (alô, Mariah Carey), as marchinhas de Carnaval, as canções de festas juninas… A dica, aparentemente, é ter conexão com algum momento específico que sabemos que vai se repetir e, diante disso, nada mais seguro do que escrever com base em um feriado ou época pontual do ano.

E, como exemplo de que isso realmente funciona, cá estamos nós, em pleno Setembro, falando sobre “September“, o maior sucesso do Earth, Wind & Fire. A canção foi lançada originalmente em 1978, mas todo ano as pessoas relembram da tal 21ª noite do mês, eternizada através de seus versos.

Dito isto, separamos algumas informações sobre um literalmente atemporal hit, incluindo detalhes sobre composição e curiosidades sobre seu legado.

Confira na lista abaixo (e duvidamos você não cantarolar junto):

 

Allee Willis

O ano era 1978. Allee Willis batalhava dia a dia para ganhar o devido reconhecimento como compositora. Eis que, numa bela noite, ela recebe um telefonema do vocalista Maurice White, oferecendo a ela a chance de coescrever músicas para o próximo álbum de sua banda. Em êxtase, ela aceitou o convite e teve a oportunidade de trabalhar diretamente com o White e com o guitarrista Al McKay. Na mesma época, ela também coescreveu o hit “Boogie Wonderland“.

Mas não foi à toa que White entrou em contato com ela. Na época, Willis já tinha um disco lançado (Childstar, de 1974), apesar de não ter vendido muito bem. Mas é inquestionável que “September” foi um auge em sua carreira, abrindo caminho para compor futuramente para nomes como Cyndi Lauper, Crystal Waters, Sister Sledge, Pet Shop Boys e The Rembrandts (sim, ela participou do nascimento da trilha de abertura de Friends).

Em entrevista concedida à NPR, ela relembrou a sua primeira impressão do instrumental de “September”:

Quando abri a porta, eles já tinham composto a introdução de ‘September’. Na hora, pensei ‘Meu Deus, que essa seja a música que eles querem que eu escreva’. Era obviamente a música com a sonoridade mais feliz do mundo.

https://www.youtube.com/watch?v=K2fZb9tDXKE

 

“BAAA-DEE-YAAA”

O refrão de “September” é indiscutivelmente um dos mais pegajosos da história. Além de toda a energia de seu instrumental disco, a faixa conta com um refrão marcado pela reprodução vocal de uma expressão não muito óbvia: “ba-dee-ya”.

Na entrevista à NPR, Willis contou que não era muito fã da expressão durante a fase de concepção da música. Ela estava com medo de que a letra soasse simples demais, e o principal incômodo em relação a isso era a tal expressão:

A ‘frase de referência’ que o Maurice usava em todas as canções que escrevia era ‘ba dee-ya’. Então, desde o início, ele cantava ‘Ba-dee-ya, say, do you remember / Ba-dee-ya, dancing in September’… Eu perguntei: ‘A gente vai mudar esse ‘ba-dee-ya’ para palavras de verdade, né?’. (…) Finalmente, quando ficou óbvio para mim que ele não iria mudar a letra, eu perguntei ‘O que diabos isso significa?’ e ele respondeu ‘Quem liga?’. Minha maior lição na carreira de compositora foi dele, que nunca deixava a letra sobressair o groove.

 

A tal data

Existem alguns mistérios indecifráveis no mundo da música, e um deles permeia essa canção. Afinal, o que faz a data 21 de Setembro tão especial?

Não é só a comemoração do Dia Internacional da Paz. Tampouco diz respeito à proximidade com o fim do equinócio de outono no hemisfério norte. Existem diversas teorias acerca dessa data, mas Maurice já deixou claro que foi apenas uma questão de métrica com relação ao instrumental. Tentaram todas as datas possíveis, considerando os 30 dias do mês. Mas, no final, o dia 21 foi o que soou melhor.

O simples questionamento (“Você se lembra da 21ª noite de Setembro?”) fez com que a data ganhasse um novo significado cultural, o que não passava pela cabeça do grupo na época da composição. O baixista Verdine White se surpreende até hoje com o impacto:

Pessoas hoje se casam em 21 de Setembro. O mercado de ações sobre no dia 21 de Setembro. Todas as crianças que conheço que hoje estão na casa dos 20 anos me agradecem porque nasceram em 21 de Setembro. Dizem que é uma das canções mais populares nas história da música.

Hino subestimado?

Estamos lidando aqui com um grande sucesso da era disco, certo? Mas, em termos comerciais, como foi o desempenho de “September”?

Tememos dizer que não tenha sido um reflexo de seu legado hoje. Apesar de ter conquistado o topo da parada Hot R&B Songs da Billboard, a música, diferentemente de muitas das quais já tratamos aqui, não chegou à primeira posição da Billboard Hot 100.

Mas, de fato, a competição estava difícil. Entre 1978 e 1979, enquanto o Earth, Wind & Fire se desenhava nas paradas com seu maior hit, nomes como Bee Gees, Chic, Donna Summer e Gloria Gaynor se revezavam no topo do mais importante termômetro da indústria fonográfica. De fato, era o auge da disco music. Até Rod Stewart, nome conhecido por sua contribuição ao rock, flertou com elementos do gênero em seu sucesso “Do Ya Think I’m Sexy“.

 

A “letárgica” versão de Taylor Swift

A graça de releituras de canções é ver a criatividade do artista que está homenageando determinada faixa. Ele insere sua própria visão, muitas vezes com elementos diferenciados. Foi o que a cantora Taylor Swift fez, por exemplo, em uma versão mais “sóbria” de “September”.

Guiada por banjo e sem a atmosfera dançante, a cover foi criticada por fãs da faixa original. Allee Willis entrou na brincadeira, mas deixou claro não ter engolido a releitura:

Eu realmente não achei que fez um trabalho ruim. Sim, eu achei tão letárgico quanto uma tartaruga bêbada cochilando sob um girassol depois de ingerir uma garrafa de Valium, e pensei que teve a construção de um hotel de um andar só, mas, quero dizer, a garota não matou ninguém. Ela não atropelou seu pé. Elas apenas fez uma versão calma e, de certa forma, chata de uma das músicas mais animadas, felizes e populares da história.

Em sua versão, gravada no Spotify Singles, Taylor mudou a icônica data para o dia 28 de setembro. Fãs da cantora entenderam a data como referência ao início de seu relacionamento com o ator Joe Alwyn.

https://www.youtube.com/watch?v=8mAURqSdupM

 

Outras versões

O legado cultural de “September” prova que esta é uma música que envelhece como vinho. O Who Sampled conta 38 faixas que usam trechos da canção original. Isso inclui obras de artistas como TLC, Young Thug e Crystal Waters. Por sinal, o próprio Earth, Wind & Fire usou a famosa base para uma canção de Natal chamada “December“, lançada em 2014.

Além da versão de Taylor, outras 50 covers em homenagem a este grande hit estão registradas no site. Os intérpretes vão desde Justin Timberlake a Dave Bennett.

Mas precisamos destacar uma releitura específica…

 

… A “Noite de Setembro” do Fat Family

No início do milênio, em 2001, o grupo Fat Family lançou sua própria versão de “September”. Com o nome de “Noite de Setembro“, a canção foi um single bem tocado em rádios na época.

Apesar das liberdades poéticas que tiveram que ser tomadas durante o processo de tradução, a releitura se mostra bem fiel à versão original. O icônico “ba-dee-ya” foi criativamente substituído pelas expressões “tá no ar”, “mágica” e “brilhará”. Certamente, isso seria um alívio para Allee Willis, cujo santo não bateu inicialmente com a expressão de Maurice White.