O McFly está de volta e melhor do que nunca.
Sem perder o traquejo Pop e soando mais madura musicalmente do que nunca, a banda formada por Tom Fletcher, Harry Judd, Dougie Poynter e Danny Jones está prestes a lançar um novo disco intitulado Young Dumb Thrills e as três primeiras prévias do trabalho que chega em 13 de Novembro já mostram que haverá muita novidade boa no som do quarteto.
Conquistando não apenas o público já não-mais-tão-adolescente que o acompanhava há alguns anos como também uma nova audiência talvez um pouco desacostumada com essa sonoridade que constantemente transita entre o Pop e o Rock, os artistas prometem trazer um dos discos mais interessantes do ano — e não falamos isso só pelos singles.
“Happiness”, “Growing Up” e “Tonight Is the Night” são boas amostras do que os britânicos são capazes de fazer (e, aliás, mostram também o vasto espectro de influências que eles têm) mas, conversando com Tom e Dougie, descobrimos alguns outros detalhes sobre o que vem por aí.
Mais do que isso, falamos também sobre algumas questões pessoais dos dois, inclusive algumas curiosidades sobre o trabalho ambientalista de Poynter e as composições de Fletcher que são muitas vezes cedidas a outros fenômenos do Pop para entender como tudo isso tem funcionado.
Confira o papo na íntegra a seguir!
Entrevista com Tom Fletcher e Dougie Poynter (McFly)
TMDQA!: Oi, Tom e Dougie! Queria começar dizendo que essa é uma entrevista bem legal pra mim, porque logo que comecei a ter banda me lembro de tocar “I’ve Got You” e era uma das minhas preferidas. Estou falando isso porque sei que não sou o único, tenho certeza que muitos jovens até se inspiraram a pegar instrumentos por conta de vocês. Foi aí que vocês perceberam que tinham conseguido realizar o sonho de viver como artistas?
Tom Fletcher: Isso é muito legal, obrigado!
Dougie Poynter: Sim! Pra ser bem sincero, é isso. Essa é uma das coisas mais legais. Eu acho que quando éramos mais novos a gente meio… tipo, isso era o que a gente queria, sabe? Obviamente quando você tem 15 anos, isso não vai acontecer. [risos]
Tom: Acho que é um pouco desanimador, no entanto, que qualquer pessoa que a gente tenha influenciado provavelmente já é um músico bem melhor que nós agora. [risos]
TMDQA!: [risos] Ah, pode ficar tranquilo, eu não sou não.
Tom: Será mesmo? [risos]
TMDQA!: [risos] Bom, precisamos falar sobre essa reunião! Parecia ser a hora perfeita para acontecer até que…
Tom e Dougie: [risos]
TMDQA!: …como vocês lidaram com isso?
Tom: Típico.
Dougie: Ah, típico mesmo. Era óbvio que isso ia acontecer, né. Eu acho que de algumas formas, no entanto, a gente estava esperando há tanto tempo, sabe? E ter que adiar a turnê foi muito frustrante, mas meio que a nossa sorte foi termos gravado o álbum antes. Porque a gente sentiu que se divertiu tanto fazendo isso e estávamos tão orgulhosos, parecia o álbum certo que deveríamos estar fazendo mesmo! E é bom que a gente possa seguir em frente com isso e lançá-lo conforme o planejado, porque acho que isso é algo que faz bem pra todo mundo. Tipo, música e entretenimento foram as coisas que me fizeram passar pelo isolamento na pandemia, essas coisas que dão um senso de escapismo. Acho que se a nossa música pode ser isso para algumas pessoas, talvez seja realmente um momento ótimo para essa reunião.
“Growing Up”, “Happiness” e “Tonight Is the Night”
TMDQA!: Isso da identificação com os fãs é algo curioso. Vocês já lançaram alguns singles novos e o meu favorito é “Growing Up”, que tem uma mensagem muito divertida sobre ficar velho sem necessariamente crescer. E ainda tem o Mark Hoppus, que literalmente incorpora esse sentimento, né…
Dougie: Não é? [risos]
TMDQA!: Como foi trabalhar com ele e fazer essa música?
Dougie: Na verdade, foi meio que ele que começou com essa música mais ou menos um ano atrás. Estávamos trocando mensagens e eu realmente queria escrever uma música, mas não tinha nada pra escrever sobre. Ele falou: “escreva sobre a adrenalina de estar no palco”, e aí a primeira coisa que eu escrevi foi a primeira linha do refrão [“Não há muito que possamos fazer sobre envelhecer / Mas muito que podemos fazer sobre envelhecer”] e aí eu meio que empaquei ali por tipo, uns 9 meses ou mais. E eu mostrei pros outros caras e nós começamos a juntar as peças, mas continuava ficando empacada, a gente não sabia muito bem o que fazer com os versos. Então mandamos todos os arquivos pro Mark…
Tom: Mark, ajuda a gente, por favor! [risos]
Dougie: Mark, ajuda, ajuda! [risos] E ele viajou com ela, se divertiu pra caramba e trabalhou muito nela e nos mandou de volta. E nós amamos, pelos mesmos motivos que você acabou de falar, ela captura tanta coisa. E meio que é uma coisa diferente para escrever sobre, né?
TMDQA!: Sem dúvidas! Bom, os outros dois singles são “Happiness” e “Tonight Is the Night”. Eu sinto que essas duas são quase completamente opostas, né? Uma é leve e divertida, enquanto a outra explora um sentimento mais maduro e um pouco triste, mas necessário. Vai ser uma montanha-russa de emoções esse disco, hein?
Tom: [risos] Eu acho que sim. A vida é assim, né? A vida é cheia de altos e baixos e quando você está tentando descobrir sobre o que vai escrever, tipo, eu não acho que a gente chegue a sentar e pensar sobre qual vai ser a mensagem da música. Às vezes só acontece e sai desse jeito, e “Tonight Is the Night” foi exatamente assim. Eu tinha o primeiro verso da música [“Eu estava ali quando aconteceu / Eu estava ali quando você caiu / Primeira vez que te vi chorar / A magia morreu também”] mas não sabia sobre o que o resto da música seria. Mas aí, conforme você vai escrevendo, você vai descobrindo o significado da música.
E o disco todo é meio que assim, na verdade. É uma grande união de todas as nossas experiências e emoções e pelo o que passamos como uma banda e como pessoas. [pausa] É, é uma montanha-russa. [risos]
TMDQA!: [risos] Estou empolgado pra ouvir o resto! Dessas duas faixas, “Tonight Is the Night” me chamou muita atenção por ter uma mensagem tão franca e aberta — em especial quando você diz “eu admito pra mim mesmo que estou pedindo ajuda”. Quão importante você acha que foi escrever essa canção, tanto pra você quanto para os fãs que precisavam ouvir essas palavras agora?
Tom: Eu sinto que você nem sabe que precisa antes de escrever. Tipo, você nem sabe que precisa dizer coisas antes de dizer, às vezes. É uma experiência estranha. Eu não penso muito sobre o que isso representa para as outras pessoas — a gente já fez isso no passado, tentar escrever uma música que meio que resume como um coletivo de pessoas se sente e eu sinto que é impossível.
Acho que você tem que escrever sobre algo que você sente profundamente e entender que quanto menor for, quanto mais íntimo for pra você, alguém mais irá sentir isso. Alguém mais definitivamente estará sentindo essas mesmas emoções e fazendo as mesmas coisas. Eu acho que esse é o caso de “Tonight Is the Night”: sinto que quanto mais pessoal você torna, mais genérica se torna e mais identificável com os outros ela se torna, sabe?
TMDQA!: Interessante! Ainda sobre essa música, até em questão de sonoridade ela é bem madura — honestamente, me lembrou algo que os Beatles fariam. Acontece que muita gente iria se doer só com essa comparação, porque vocês ainda têm uma imagem associada ao fã adolescente — mesmo que muitos já tenham crescido e continuam curtindo vocês. Isso já chegou a incomodar ou a influenciar em algo no trabalho?
Dougie: Acho que quando éramos mais novos, sim. Na real, só porque as pessoas não acreditavam que as músicas eram realmente nossas e que a gente realmente ia na TV e tocava ao vivo e tudo soava bem e as pessoas ficavam, tipo, “ah, é playback“. [risos]
E quando você é adolescente, fica aquela coisa meio “NÃO!!! NÃO!! NÓS SOMOS UMA BANDA DE VERDADE!!”. [risos] Mas agora eu acho que nós só não ligamos muito, não falamos muito disso. E a coisa mais legal sobre a música de hoje em dia é que os gêneros estão tão misturados! Tipo, o Machine Gun Kelly é um Rapper e ele acabou de lançar um disco de Pop Punk.
TMDQA!: E está muito legal! A gente teve o prazer de conversar com ele um tempinho atrás. [confira por aqui]
Dougie: Né? Ele é legal, eu adorei o disco. Mas é isso, não parece importar mais hoje em dia. E tipo, antigamente, até dentro do Rock havia o Metal, o Emo, o Pop Punk, o Post Pop Punk, o Hardcore, sei lá. E você só podia gostar de um gênero, mas hoje em dia isso não significa nada!
Carinho pelo Brasil e curiosidades de Tom e Dougie
TMDQA!: E que bom que isso está assim agora, né?! Olha, eu tenho algumas perguntas individuais aqui e vou começar falando com o Tom. Eu sei que você escreve muitas músicas para outros artistas, e fiquei curioso para saber se já houve alguma situação em que você escreveu algo pro McFly e a música acabou gravada por outro artista, ou vice versa.
Tom: Sim! Acontece bastante, a jornada que as músicas trilham é bem interessante às vezes. Com frequência eu escrevo algo pensando que é para nós e talvez só não ressoa com o resto dos caras e ninguém curte muito, mas tem outra pessoa procurando uma música. Com frequência, acho que na real a grande maioria das músicas que escrevi para outras pessoas começaram essa jornada como sendo de outra pessoa antes de chegar ao destinatário final.
A primeira música que eu escrevi para o One Direction [“I Want”, do disco de estreia Up All Night], eu acho que escrevi inicialmente para a Demi Lovato, e aí por um tempo ia ser gravada pela Miley Cyrus, e depois os Jonas Brothers, e aí foi parar no One Direction. [risos] Passou por todos esses artistas incríveis, e eu realmente não me importava com quem a gravaria, nesse caso. Cada música tem uma história.
TMDQA!: Que legal! Agora é a vez do Dougie e é um assunto um pouco mais complicado. Você está sempre muito envolvido com causas ambientais, e a gente passa por uma crise bem complicada mundialmente, e no Brasil em especial. Você tem visto tudo isso? O que pensa do que está rolando aqui no Brasil, principalmente?
Dougie: Sim, estou completamente ciente de tudo. Vejo muito sobre as coisas aí pelo Instagram, sempre postam vídeos importantes. Olha… agora parece muito difícil chamar a atenção das pessoas para esse problema. Sinto que no final de 2019, com a Greta Thunberg, e aí os incêndios na Austrália, todo mundo estava fazendo muito barulho com essa causa, as pessoas estavam realmente acordando para essa realidade. Surgiram alguns documentários excelentes na Netflix sobre isso, sobre viver com uma dieta à base de plantas e não comer tanta carne, essas coisas.
Mas a pandemia meio que tomou as manchetes do mundo todo e todo mundo ficou meio, “ah, bom, vamos resolver isso aqui antes e deixa o meio ambiente pra depois”. É realmente triste, mas eu sou otimista. Eu espero que a nova geração — eu sei, na verdade, que a nova geração é muito mais sábia e muito mais informada e espero que, uma vez que essas pessoas entrem no poder e comecem a se tornar líderes mundiais e tudo mais, e espero que não seja tarde demais, elas vão ajudar a resolver isso.
TMDQA!: É verdade, não podemos perder as esperanças! Eu tenho mais duas perguntas, e a primeira pode ser meio aleatória. Nós recentemente fizemos um vídeo aqui no site [disponível acima] relembrando passagens icônicas de artistas internacionais pela TV brasileira, e colocamos por lá uma participação de vocês no Casseta & Planeta. Vocês lembram disso?
Dougie: Com o ônibus e as favelas?
TMDQA!: Sim! Como foi isso pra vocês?
Dougie e Tom: A gente não tinha ideia do que estava acontecendo! [risos]
Tom: Foi um daqueles dias que a gente só acordou e falaram pra gente que estávamos indo para algum lugar filmar alguma coisa, sem muitas explicações. A gente entrou no ônibus, nos levaram pra algum lugar e… foi muito bizarro, ninguém estava entendendo nada. [risos]
Dougie: Porque a gente não fala a língua, então a gente não tinha a menor ideia que era pra ser uma piada! [risos]
Tom: E tipo… tinha uns caras armados lá! E a gente não sabia se elas eram reais ou não, sabe? Se eram atores ou sei lá, foi tudo muito estranho. Mas acho que as pessoas acharam engraçado.
TMDQA!: Ah, acho que sim, mas o que realmente estava muito claro era que vocês não estavam entendendo nada. [risos]
Dougie e Tom: [risos]
TMDQA!: Bom, infelizmente vamos à última pergunta e é claro que eu não poderia deixar de perguntar sobre a turnê brasileira, cancelada de última hora. Como foi lidar com isso e como está a saudade dos fãs brasileiros?
Dougie: É difícil! Já é difícil adiar uma turnê no Reino Unido, onde nós estamos por cima de tudo, mas ainda por cima ter que lidar com o nosso agente, o promotor do Brasil, sabe? A gente meio que só obedece ordens, em especial por conta das orientações de saúde do Brasil e tudo mais. Só meio que temos que fazer o que acham que é melhor pra todo mundo, e tem sido frustrante e difícil ficar em cima de tudo.
Mas a real é que assim que tivermos uma certeza de que é seguro ir até aí e fazer um show pra vocês, nós faremos isso. É literalmente a primeira coisa que queremos fazer. Você sabe, o primeiro lugar para o qual iríamos em turnê seria o Brasil. A gente não tinha tocado há anos e nós estávamos no estúdio, nos arrumando para ir pro Brasil quando tudo isso aconteceu.
A gente mal pode esperar pra voltar. O Brasil significa tanto pra gente! Quando eu penso sobre as coisas, quando fico viajando, as coisas que, tipo… os melhores momentos, as coisas que eu mais sinto falta, tudo foi no Brasil. Fazendo turnês, shows, então foi muito frustrante.
TMDQA!: Estamos no aguardo aqui! Tom, Dougie, muito obrigado pelo tempo de vocês. Foi um prazer enorme bater esse papo! Se vocês quiserem terminar deixando uma mensagem para os fãs brasileiros, fiquem à vontade…
Tom: Vai lá, Doug!
Dougie: [pega um microfone especial]
Tom: Uau, que microfone chique!
Dougie: [risos] Não é um microfone chique, é um microfone USB na verdade. [risos] Eu pareço um locutor agora?
Tom: Sim, muito profissional.
Dougie: Olá pessoas do Brasil. Nós somos Dougie e Tom, da banda McFly. Nós sentimos muito, muito mesmo que uma pandemia global nos impediu de tocar no seu país. Mas, assim que pudermos, estaremos por aí e iremos suar as nossas bundinhas bastante fofas para que seja o melhor show de todos. Obrigado!