Por Bruce Rodrigues e Tony Aiex
Música e imagem. Duas linguagens inseparáveis e característica forte que imprime a assinatura de RROCHA em seu trabalho de estreia. Conterrâneos Estrangeiros é muito mais que apenas um disco previsto para o primeiro semestre de 2021. Pensado da união do analógico com o digital, esse projeto multidisciplinar vai ser narrado em capítulos do mergulho que o músico gaúcho Rafael Rocha deu em si e que se espelham em canções, filmes e fotografias e até mesmo um livro. Tudo concebido pelo próprio.
E o primeiro capítulo dessa trajetória chegou no dia 7 de outubro nas plataformas digitais com “RUA”, single que traz seu espelhamento em um lyric video com fotos que compõem o projeto. São os primeiros passos desse trabalho gravado no começo de 2019 entre Los Angeles, Rio de Janeiro e São Paulo, que começa a se mostrar aos poucos, propondo esse mergulho aos mais diversos universos.
Mas é importante ressaltar que apesar do projeto de estreia, a música não é novidade na vida deste gaúcho. Como parte da Wannabe Jalva, formada em 2011 em Porto Alegre, Rafael abriu shows de Jack White, duas vezes para o Pearl Jam (por escolha da banda norte-americana e com direito a elogios de Eddie Vedder), dividiu line up com Two Door Cinema Club, Vampire Weekend, The Rapture, Mayer Hawthorne, teve música em um dos episódio da série CSI: NY, se apresentou na edição brasileira do Lollapalooza e excursionou com a banda pelos Estados Unidos e América Latina.
“Estar sozinho no sentido da palavra, comigo mesmo, é algo que pra mim nunca combinou com o ato de fazer música. Por isso que desde o primeiro dia deste projeto eu trouxe meus melhores amigos e artistas que admiro para estarem e criarem comigo nessa nova estrada. Buscar a minha identidade através da troca e da expressão artística em algo que me faça novo. Unir tudo que me representa em forma de música, filme, livro, beat, o que for, e apenas ser e estar presente comigo ali, livre. Mas, eu sempre soube que não importa onde e como, seja no palco tocando, seja na rua filmando, seja em um festival, seja fotografando outros artistas que admiro, foi a música que me trouxe e me traz diariamente até aqui. A busca por ela nunca cessou, e a vontade de tocar (de dentro) pra fora já transbordou faz tempo”, pontua RROCHA.
saudade
saudade, projeto solo do músico fluminense Saulo von Seehausen (Hover), divulgou recentemente o single “cabeça ruim”, que marca o início de uma nova fase em sua carreira.
Composta a partir da ideia de que deus é um conceito geográfico – que varia de acordo com lugar, povo ou religião –, a música busca trazer uma reflexão sobre crenças e como suas narrativas são controladas pelo viés de quem detém o poder:
Ao pensar nas religiões, percebemos que era uma lógica parecida com a da guerra, na qual quem conta a história é o vencedor. A crença com mais aderência ou relevância precisa ter sua representação escrita em pedra e sangue.
“cabeça ruim” é a primeiro amostra do álbum jardim entre os ouvidos e já dá sinais do que o público pode esperar para a obra que será lançada agora em outubro. Com as nove canções em sua maioria inéditas, saudade renova seu compromisso em resgatar a sonoridade brasileira e mostra como a música pode ser veículo de transporte para outro mundo. Ao partir de experiências bastante pessoais, o artista consegue tratar sobre relações de uma forma bastante universal.
Rohmanelli
Esse lançamento talvez quebre um pouco nossa lista de projetos nacionais… mas por uma boa causa. Radicado no Brasil há mais de 20 anos, o artista italiano Rohmanelli resolveu celebrar os seus 50 anos de vida cantando sua paixão e suas críticas para a terra que escolheu viver no disco [Brazil’ejru].
Lançado no final de Setembro, o álbum marca o primeiro trabalho do músico inteiramente em português – daí o título inspirado na representação fonética da palavra “brasileiro”. Cantando desde a hipocrisia de quem persiste numa vida de ficção até a alegria fugaz do Carnaval, o disco mostra todas as facetas e experimentações que o artista fez ao longo de sua carreira.
Este lançamento é uma homenagem minha ao Brasil e aos 22 anos de minha vida de estrangeiro neste país que amo, a toda sua cultura, musical, literária e popular. Quero marcar essa identidade híbrida do Brasil que me interessa e amo, não o Brasil da norma culta, das elites, mas o Brasil da oralidade da rua, das comunidades, das periferias, do Nordeste onde vivi e ensinei, cantei, dancei, amei e errei muito.
Usar a música como forma de questionar padrões sexuais, amorosos, políticos e religiosos faz parte do discurso forte na sua arte. Rohmanelli nasce da união de estética, figurino, letra e música. Seus lançamentos mais recentes são um novo passo na sonoridade que une influências do punk, da eletrônica, do rock e do pop. É o que artista chama de “transpop”, uma musicalidade sem barreiras de gêneros e idiomas.
‘[Brazil’ejru]’ é uma mistura de presente e passado, eletrônica e orgânico, glam e urbano, Europa e sertão, a síntese de todas as contradições do Brasil e minhas. Na capa fiz questão de visualizar essa minha entrega total a este país, ao seu povo e à sua bandeira que deve representar todos os brasileiros e não somente um partido político e seus seguidores.
[Brazil’ejru] tem produção assinada por Binho Manenti, Graça e Droeee, em parceria com o próprio Rohmanelli, e mixagem e masterização de Rafael Pfleger. Entre as 8 faixas do trabalho, então as já divulgadas “Macho Discreto“, “Toneaí”, “Do Jeito que o Mundo Está” e “Não Me Ligue Mais”. Você pode conferir o registro completo logo abaixo.