Discos de estreia muitas vezes não saem como o planejado, mas quando a banda acerta a mão eles podem significar o começo de uma longa e prolífica trajetória — ou, às vezes, até mesmo o ponto alto de uma carreira.
Recentemente, nós falamos por aqui sobre artistas que tiveram apenas um disco de estúdio lançado oficialmente e conseguiram eternizar suas obras mesmo assim; por isso, nos inspiramos a revisitar outros álbuns de estreia que foram primeiros passos gigantescos.
É claro que alguns da lista anterior voltam a aparecer aqui porque seria impossível deixá-los de fora, mas a ideia é buscar 25 obras que serviram como base para todo o sucesso das respectivas bandas e se tornaram marcos eternos.
Confira a seguir, em ordem alfabética!
Arctic Monkeys – Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not (2006)
Você pode até não curtir muito o Arctic Monkeys, mas é impossível dizer que os caras não trouxeram o que se tornou praticamente uma nova vertente do Indie, mais crua, dançante e próxima do Punk graças a sons como “I Bet You Look Good on the Dancefloor” e “Dancing Shoes”.
Beastie Boys – Licensed to Ill (1986)
Antes do Rap e o Rock coexistirem de forma pacífica e praticamente darem origem a novos gêneros musicais (o Nu Metal e o Rap Metal, por exemplo), os Beastie Boys fizeram esse crossover acontecer de forma irretocável no icônico Licensed to Ill.
Claro que os caras viriam a fazer sons muito mais elaborados do que “Fight For Your Right” depois e foram eternizados na música, mas as contribuições de canções como “No Sleep Till Brooklyn” seguem ecoando até hoje.
Black Sabbath – Black Sabbath (1970)
O ideal aqui seria falar da dupla de álbuns lançada pelo Black Sabbath em 1970 para incluir o incrível Paranoid, mas mesmo mantendo a proposta de discos de estreia é impossível deixar de fora o homônimo dos caras. “N.I.B”, “Evil Woman” e, claro, “Black Sabbath” são hinos inesquecíveis e a influência desse trabalho é totalmente imensurável.
Obra prima.
Chico Science & Nação Zumbi – Da Lama ao Caos (1994)
Da Lama ao Caos é uma revolução da música brasileira e até hoje, mais de 15 anos depois da chegada do disco de estreia de Chico Science & Nação Zumbi, é difícil encontrar alguém que faça esse som tão bem quanto os caras fizeram aqui e no sucessor Afrociberdelia.
Felizmente, ainda podemos deixar canções incríveis como “Samba Makossa” e “A Praieira” no repeat para relembrar o saudoso Chico. Vamos todos celebrar!
Clube da Esquina – Clube da Esquina (1972)
Há um certo debate quanto à discografia oficial do Clube da Esquina, em relação a incluir ou não os trabalhos solo de nomes como Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes e mais.
O fato é que exaltar o disco homônimo de 1972 nunca é demais, então resolvemos fazê-lo para relembrar que essa é — e sempre será — uma das obras mais espetaculares não só da história da música brasileira, como de toda a música mundial.
Daft Punk – Homework (1997)
Se o Kraftwerk foi responsável pela primeira onda revolucionária da música eletrônica, não há dúvidas de que o Daft Punk é o nome que leva a segunda onda nas costas. E tudo isso começou com Homework, onde a repetição dos grooves e a sonoridade próxima à de festas e bailes foi traduzida perfeitamente para um álbum.
Até hoje, beira o inexplicável perceber que canções como “Around the World”, “Da Funk” e “Phoenix” sobrevivem como verdadeiros clássicos e os robôs seguem colecionando sucessos com a fórmula orgânica-eletrônica desvendada aqui.
Guns N’ Roses – Appetite for Destruction (1987)
Appetite for Destruction é mais um daqueles casos que você pode até não ser fã, mas não pode refutar a influência do trabalho de estreia do Guns N’ Roses. Hits gigantescos que sobrevivem até hoje, “Sweet Child O’ Mine”, “Welcome to the Jungle” e tantos outros pegaram o mundo de surpresa em 1987.
A verdade é que as pessoas não estavam prontas para o GN’R, mas Appetite for Destruction chegou chutando portas e obrigou essa prontidão a vir mais cedo do que o esperado.
Jeff Buckley – Grace (1994)
Considerado um dos vocalistas mais geniais de todos os tempos, Jeff Buckley só pôde nos dar um disco — o incrível Grace, de 1994 — antes de sua morte quase inaceitável por um afogamento acidental (e, vale ressaltar, sem estar sob efeito de drogas).
O legado ficou e muitos lançamentos póstumos foram feitos, mas basta ouvir a clássica “Last Goodbye” ou a imortal versão do cara para “Hallelujah” para saber que ele teria muito, mas muito mais a entregar se não tivesse nos deixado tão cedo.
João Gilberto – Chega de Saudade (1959)
Talvez o disco mais essencial da bossa nova, Chega de Saudade lançou o inesquecível João Gilberto e trouxe algumas das canções mais especiais da história da música — novamente, não só do Brasil mas de todo o mundo — como a faixa-título e a icônica “Desafinado”.
Vale lembrar que o disco é um dos poucos brasileiros a entrar no Hall da Fama do Grammy.
https://www.youtube.com/watch?v=eWXGsgI-QGk
Kanye West – The College Dropout (2004)
À época já conhecido como produtor, Kanye West finalmente pôde se soltar e fazer exatamente o que queria quando lançou sua carreira solo com The College Dropout. O resultado foi a criação de um novo estilo totalmente único, que até hoje influencia produtores e rappers pelo mundo todo.
Mais do que isso, The College Dropout estabeleceu Kanye como um artista na linha de frente e não mais fechado no estúdio graças ao sucesso de faixas como “All Falls Down”, abrindo caminho para outras das grandes contribuições do cara à música nos anos seguintes.
The Killers – Hot Fuss (2004)
É impressionante a quantia de hits que o The Killers conseguiu produzir em sua estreia: mesmo com uma carreira prolífica desde então, “Mr. Brightside”, “Somebody Told Me” e “Smile Like You Mean It” ainda estão entre seus maiores sucessos e abriram caminho para toda uma geração de bandas com uma pegada mais radiofônica sem deixar de lado o Rock alternativo/Indie.
Lady Gaga – The Fame (2008)
Se o assunto é hit, poucas pessoas conseguiram começar melhor do que Lady Gaga com o icônico The Fame.
Sucessos como “Just Dance”, “Paparazzi” e “Poker Face” foram os primeiros passos do que viria a ser uma das carreiras mais interessantes do Pop e serviram de trilha sonora para inúmeras festas do final dos Anos 2000 e início dos 2010. Marcante!
Lauryn Hill – The Miseducation of Lauryn Hill (1998)
Desiludida com os problemas que levaram ao fim do The Fugees, a incrível Lauryn Hill deu a sua maior amostra de genialidade em seu único disco de estúdio The Miseducation of Lauryn Hill.
Pioneira do Neo Soul, a cantora entregou em canções como “Doo Wop (That Thing)”, “Lost Ones” e “To Zion”, esta última parceria com Carlos Santana, uma sonoridade completamente nova — em especial se capitaneada por uma mulher.
Led Zeppelin – Led Zeppelin (1969)
Poucas bandas deixaram sua marca na história de forma mais clara do que o Led Zeppelin, e o disco de estreia dos caras está entre os mais aclamados deles — logo, uma escolha óbvia para essa lista.
A abertura com “Good Times Bad Times” já é o cartão de visitas perfeito, e dali pra frente tudo só melhora e temos sem dúvidas um dos maiores hinários do Rock.
Metallica – Kill ‘em All (1983)
Em 1983, não havia nada que soasse remotamente parecido ao que o Metallica fez em seu disco de estreia. Esse verdadeiro clássico já começa mostrando a que veio com “Hit the Lights”, canção que junto a outros hinos como “The Four Horsemen” e “Whiplash” viria a sacramentar a influência da maior banda de Metal de todos os tempos.
Mais de 30 anos depois, Kill ‘em All ainda é uma pancada absurda e o será daqui até o fim dos tempos.
Os Mutantes – Os Mutantes (1968)
Se Chega de Saudade é a obra essencial da bossa nova, Os Mutantes é a obra essencial da Tropicália. O novo movimento brasileiro que conquistou o mundo é representado com perfeição em toda sua plenitude no disco de estreia da banda de mesmo nome, que viria a se estabelecer como lendária.
E olha que nem estamos falando sobre todas as revoluções tecnológicas de timbres e afins…
Nas – Illmatic (1994)
A produção única de Nas em Illmatic, seu disco de estreia, somada às letras também impressionantes do rapper em canções como “N.Y. State of Mind” e “The World Is Yours” inspiraram toda uma nova cena do Rap, em especial dentro de Nova York.
Até hoje, é difícil encontrar uma lista dos melhores discos do gênero que não inclua a obra de 1994. Mais do que isso, Nas se estabeleceu como presença constante e uma verdadeira lenda viva do Hip Hop.
Nine Inch Nails – Pretty Hate Machine (1989)
Pretty Hate Machine foi uma revolução espetacular e um atestado à genialidade de Trent Reznor, que viria a criar muito mais com o Nine Inch Nails e em carreira solo nos anos subsequentes.
Ainda que não seja visto como sua obra prima, o disco traz canções como “Head Like a Hole” que foram parte da base para a construção de todo o gênero que veio a ser conhecido como Industrial.
Panic! At the Disco – A Fever You Can’t Sweat Out (2005)
A nova onda do Emo foi capitaneada por outras bandas como o My Chemical Romance, e o Panic! At the Disco sempre se viu um pouco desconectado desse movimento mesmo com o seu ótimo disco de estreia A Fever You Can’t Sweat Out.
Apesar de fazer parte da mesma cena, o Panic! tinha uma atmosfera muito mais burlesca que parecia não se encaixar com mais ninguém — e justamente por isso é que ele está nessa lista.
Mais ainda, essa capacidade de transitar entre tantos gêneros também é o motivo do projeto de Brendon Urie ter deslanchado mais em relação às outras bandas.
Pearl Jam – Ten (1991)
Várias bandas do Grunge poderiam estar aqui, mas nenhuma representa tão bem o sucesso do gênero em seu disco de estreia quanto o Pearl Jam com o aclamado Ten.
O álbum capitalizou maravilhosamente em cima de toda a onda que vinha surgindo, expandindo algumas das sonoridades do movimento em canções como “Even Flow”, “Alive”, “Black” e “Jeremy”, todas consideradas clássicas até hoje.
O PJ pode não ter inventado o Grunge, mas Ten certamente foi um marco para o gênero e sobrevive como um manual de como fazê-lo da melhor forma possível.
Rage Against the Machine – Rage Against the Machine (1992)
A influência dos Beastie Boys que citamos acima — e de outros grupos, como o Anthrax — culminou quando o Rage Against the Machine jogou ao mundo a sua estreia em 1992.
“Killing in the Name” é o grande sucesso do disco e um exemplo perfeito do que o crossover entre o Rap e o Heavy Metal poderia ser, mas outros clássicos como “Bombtrack”, “Bullet in the Head” e “Know Your Enemy” são tão especiais quanto e ajudam a transformar o álbum em um diamante de valor inestimável.
Secos & Molhados – Secos & Molhados (1973)
A influência do Secos & Molhados é muito respeitada até hoje, mas ainda assim é quase injusta a falta de reconhecimento do grupo que nos revelou Ney Matogrosso com canções como “Sangue Latino” e “Rosa de Hiroshima”.
A união de elementos do Rock e do Psicodélico que dominavam as paradas internacionais com a MPB e a música tradicional portuguesa juntamente às críticas de tom político em plena Ditadura Militar transformam o disco de estreia da banda em um dos mais especiais da história.
Sleater-Kinney – Sleater-Kinney (1995)
Clássico do Punk e fundamental dentro do movimento Riot Grrrl, o disco de estreia do Sleater-Kinney segue imortalizado como uma obra extremamente única que transita entre canções como “Don’t Think You Wanna”, uma pancada direta, e “The Last Song”, que mostra mais influências de nomes como Sonic Youth.
Dali pra frente, a banda foi conquistando cada vez mais sua identidade e se tornou ícone na cena.
Van Halen – Van Halen (1978)
Bem antes do Guns N’ Roses chocar o mundo (ou até mesmo do Metallica), o Van Halen lançou sua estreia e mostrou uma sonoridade que era definitivamente além do que os Anos 70 tinham oferecido até então.
“Runnin’ with the Devil”, “Eruption”, “You Really Got Me” e “Ain’t Talkin’ ‘Bout Love” é a sequência que abre o disco e que certamente marcou a vida de muita gente, sem contar outros clássicos como “Jamie’s Cryin'” e “Ice Cream Man” que seguem aclamados até hoje.
Wu-Tang Clan – Enter the Wu-Tang (36 Chambers) (1993)
Enter the Wu-Tang (36 Chambers) nasceu no underground e transmitia a energia crua do Hip Hop Hardcore dos Anos 90, mas chegou ao mainstream para mostrar a todo o mundo a que o Wu-Tang Clan veio.
O disco ganhou status de lendário quase que imediatamente, abrindo caminho para os rappers da Costa Leste dos EUA — nomes como The Notorious B.I.G., Jay-Z e o próprio Nas, que citamos acima, devem muito ao Wu-Tang e em especial a esse disco e seus sucessos, como a inesquecível “C.R.E.A.M.”.
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