Como te contamos por aqui ontem (26), uma operação policial foi deflagrada a pedido de Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo, em relação a músicas do pai.
Policiais da DRCPIM (Delegacia de Repressão aos Crimes Contra Propriedade Imaterial) divulgaram um relatório que afirmava a existência de pelo menos 30 “versões de músicas inéditas” de Renato, todas encontradas durante a Operação Será?, que cumpriu mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro.
Agora, duas das partes envolvidas na operação — o produtor musical Carlos Trilha, que assina os discos da Legião Urbana, e o jornalista, pesquisador musical e produtor Marcelo Froes — se pronunciaram e mostraram que ainda há muita história a ser esclarecida sobre isso.
Novas músicas de Renato Russo?
A primeira questão que teve de ser explicada foi a possível existência de novas gravações.
Quem falou sobre isso foi Carlos Trilha, conhecido por seu trabalho como produtor com diversos nomes e por ter cuidado de toda a carreira da Legião Urbana. Em seu Facebook, ele emitiu um comunicado em que detalha alguns pontos sobre essa situação.
Primeiramente, ele afirma que a operação não se deu em seu estúdio e que Renato só gravou em 5 estúdios durante a sua vida: EMI, Impressão Digital, Discover, Som Livre e Ar. Além disso, Carlos se declara como único produtor musical de Renato e afirma que Marcelo “nunca trabalhou com Renato Russo e o mesmo nunca gravou no estúdio do jornalista-pesquisador que se auto intitula produtor musical do artista”.
A má notícia para os fãs é que Trilha garante que “não existem músicas inéditas”, apenas “letras não usadas por Renato que estariam sendo musicadas por terceiros, escolhidas pelo jornalista Marcelo Froes antes da administração do espólio ser transferida para o herdeiro dos direitos”.
Mais ainda, afirma que as “versões inéditas” de músicas já existentes são provavelmente “remixagens utilizando as vozes guia das faixas que possuíam este registro”, destacando ainda que “Renato odiaria isso”. Ele ainda garante que “o que existia de material inédito já foi totalmente espremido”.
Carlos ainda finaliza dizendo que é “realmente uma pena” que “a morte de um artista conduza sua obra a um universo bizarro de pessoas de critério artístico duvidoso que nunca estiveram próximas a ele”.
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Explicações de Marcelo Froes
Por outro lado, o alvo da operação foi Marcelo Froes. Ainda que Carlos Trilha não o reconheça, o jornalista e pesquisador musical é, segundo O Globo, produtor de três álbuns póstumos de Renato: Renato Russo Presente (2003), O Trovador Solitário (2008) e Duetos (2010), além de dois DVDs (Uma Celebração, de 2005, e Entrevista MTV, de 2006).
Em entrevista para o veículo em questão, Froes explicou que acredita que tudo se trata de um mal-entendido com Giuliano, com quem não fala há pelo menos 10 anos. A matéria afirma que Marcelo era “amigo de Renato Russo” e “ex-representante artístico da sua família junto à gravadora EMI”, o que o levou a produzir o tal relatório que indica a existência das canções inéditas.
Ele explicou como surgiu essa parceria:
Há 20 anos, fui contratado pela família do Renato para fazer um levantamento de tudo o que ele tinha, e depois, como a gravadora e os próprios rapazes da Legião mostraram interesse nesse levantamento, a EMI também me contratou para o serviço. Em 2002, eu entreguei um relatório com tudo o que tinha sido achado na gravadora e no material que a família do Renato, o Dado [Villa-Lobos, guitarrista], o [baterista Marcelo] Bonfá e o Rafael [Borges, ex-empresário da Legião] tinham em suas casas e me passaram. Eles receberam tudo de volta, digitalizado, e cada um dos envolvidos recebeu uma cópia do relatório, para ter como referência. Dona Carminha [mãe de Renato], Seu Renato [pai do cantor], todos receberam.
Segundo Marcelo, parece que uma confusão nas redes sociais pode ter causado toda essa disputa. Ele afirma que conversou por um tempo com “uma menina, a Ana Paula”, que depois de um tempo se mostrou ser Josivaldo Bezerra da Cruz Junior, administrador da página Arquivo Legião no Facebook.
Josivaldo viveu situação parecida no ano passado, tendo sua casa revirada pela polícia por ter sido acusado — também por Giuliano — de ter “se apropriado de obras inéditas de Renato”.
Froes garante que está sendo prejudicado “por algo que não faz o menor sentido” e que mostrou cópias de seus contratos para a Polícia, na tentativa de recuperar seus equipamentos, que teriam outros projetos que precisam de suas atenções, como gravações de Ivan Lins, Quarteto em Cy, MPB4 e mais.
Situação de Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo
Por fim, Marcelo Froes falou ainda sobre a situação que envolve Giuliano Manfredini.
De acordo com o jornalista, pesquisador e produtor, “todo mundo que estava cuidando das coisas do Renato foi afastado porque o Giuliano chegou à maturidade e resolveu tomar conta ele mesmo”. Ele afirma que nunca foi procurado pelo filho de Renato, que ele “nunca demonstrou interesse em saber o que eu sabia” e “virou as costas para todo mundo”.
Em grupos de Facebook, a informação parece já ter se espalhado há algum tempo dentro de círculos. Algumas pessoas afirmam que ele já não fala com pessoas da própria família por conta dessas disputas judiciais pelo espólio do cantor. “Triste, feio, mesquinho”, critica um usuário da rede social.
A boa notícia, do lado de Froes, é que ele garante que “tem muita coisa inédita para editar”, apesar de ressaltar que tudo isso não está na sua casa mas sim “no arquivo da EMI”.
Você pode ler essa entrevista na íntegra por este link.