Se você perguntar a algum fã do TOOL sobre a importância do disco Lateralus, é possível que a resposta dele vá muito além do que você imagina.
Apesar de ser o disco mais aclamado da banda comandada por Maynard James Keenan, Lateralus tem uma história extremamente mística que o envolve há anos e algumas pessoas chegam até a dizer que o trabalho seria um “Presente Divino” que tem diversas referências matemáticas e segredos escondidos.
Essa teoria circula na internet e nunca foi confirmada pela banda — e provavelmente nunca será, se considerarmos a natureza sempre sarcástica de seus integrantes. Até mesmo uma parte dos fãs também rechaça a ideia e diz que tudo não passa de um processo superanalítico de pessoas com muito tempo livre, mas o fato é que as teorias são no mínimo interessantes.
A gente já te explicou por aqui como a faixa-título do trabalho usa a Sequência de Fibonacci para criar simbologias. Você pode ler abaixo de forma resumida ou, se preferir, pular direto para o próximo título e ler essa parte inteira depois clicando neste link.
“Lateralus” e os números
A sequência de Fibonacci é uma série numérica iniciada pelos algarismos 0 e 1 e, depois destes, descobre-se o número seguinte ao somar os dois anteriores: o terceiro seria 1 (0+1), depois 2 (1+1), 3 (1+2), 5 (2+3) e assim por diante. Para nós, o que importa é a sequência 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13 – ou seja, os sete primeiros “passos” dela.
A banda encontrou duas formas geniais de explorar essa ideia e a primeira foi por meio da letra. As sílabas cantadas por Maynard James Keenan vão formando uma sequência de Fibonacci, como podemos observar a seguir:
[1] black [1] then
[2] white are
[3] all I see
[5] in my infancy
[8] red and yellow then came to be
[5] reaching out to me
[3] lets me see[2] there is
[1] so
[1] much
[2] more and
[3] beckons me
[5] to look through to these
[8] infinite possibilities
[13] as below so above and beyond I imagine
[8] drawn outside the lines of reason
[5] push the envelope
[3] watch it bend
Já a outra forma talvez seja ainda mais interessante e, para apreciá-la, precisamos primeiro entender o que acontece quando representamos a sequência de Fibonacci graficamente. Se criarmos quadrados cujos lados são os números da série numérica, obtemos como resultado uma espiral.
Na música, o TOOL explora essa questão das espirais constantemente. Maynard canta alguns versos com menção a isso: “Swing on the spiral of our divinity and still be human” (“Balançar na espiral de nossa divindade e ainda ser humano”) e o emblemático “Spiral out, keep going” (“Mova-se em espiral para fora, continue se movendo”) do final.
Além disso, os compassos identificados no tema principal da faixa também fazem um movimento espiral: iniciando em 1:12, temos, em sequência, três compassos com os tempos 9/8, 8/8 e 7/8 respectivamente que se repetem algumas vezes. Esse toque provavelmente tem o dedo do baterista Danny Carey, que é um estudioso da geometria sagrada e cujas crenças certamente influenciaram bastante a composição dessa música.
Mais ainda: o número 987 é também parte da sequência de Fibonacci, sendo o décimo sétimo passo desta.
TOOL, Lateralus e o “Presente Divino”
A grande questão que faz os fãs do TOOL criarem teorias é o fato de que tudo isso tenha sido feito intencionalmente, abrindo precedente para que outras mensagens “escondidas” na obra também sejam enxergadas dessa forma, em especial na música “Parabola”.
Por lá, Maynard canta um trecho que é usado como a base dos conspiracionistas: “Recognise this as a holy gift” (“Reconheça isso como um presente divino”), como se estivesse dando uma ordem ao ouvinte de que tudo aquilo que passa por seus ouvidos é, de fato, sobrenatural.
Assim, os fãs desenvolveram uma forma de aplicar o padrão de Fibonacci ao disco como um todo, criando uma espécie de nova versão do álbum que seria capaz de expor a verdadeira mensagem: “Parabol/Parabola” seria a primeira canção, seguida por “Schism”, “Ticks & Leeches”, “Mantra”, “Lateralus”, “Faap De Oiad”, “The Grudge”, “Triad”, “Eon Blue Apocalypse”, “Reflection”, “The Patient” e “Disposition”.
Com isso, os principais argumentos dão conta de que as músicas se encaixam de maneira muito mais clara — em especial, por exemplo, na transição de “Schism” para “Ticks & Leeches” — e a mensagem verdadeira do trabalho seria revelada. Só que, até hoje, nunca chegaram a um consenso sobre qual seria essa tal mensagem.
Você pode tentar descobrir ouvindo a tal sequência do “Presente Divino” logo a seguir!