Pink Floyd e a história da icônica capa de “The Piper at the Gates of Dawn”

Vic Singh, fotógrafo responsável pela icônica capa de "The Piper at the Gates of Dawn", do Pink Floyd, deu rara entrevista explicando a obra. Veja!

Pink Floyd - "The Piper at the Gates of Dawn"

Nem sempre o Pink Floyd é lembrado logo de cara pelo disco The Piper at the Gates of Dawn, mas é fato que a estreia da lendária banda está entre seus trabalhos mais icônicos e grande parte disso é associado à linda capa da obra.

Pouco se fala sobre ela, no entanto, que é de autoria do fotógrafo Vic Singh, especializado em moda. Em uma rara nova entrevista com a revista Classic Rock, Vic falou mais sobre a foto — pela qual ele não foi pago, inclusive — e como se deu essa colaboração inusitada e extremamente bem-sucedida:

Só aconteceu. As pessoas se juntavam. Uma coisa levava à outra e elas se ligavam e fazíamos coisas. Havia esse sentimento de que você poderia tentar qualquer coisa. Era uma atmosfera tão criativa, até que finalmente se tornou essa coisa enorme que fez esse país [Reino Unido] ser a linha de frente da música e da moda, até dos carros motorizados, aliás.

Eu era parte de uma galera influente. Eu tinha um flat na Kings Road e minha namorada era uma modelo. Eu chegava do estúdio e chegava a ter cerca de 30 ou 40 pessoas ali — atores, músicos, modelos, designers, editores de moda, malandros, traficantes. Era um lugar popular para morar.

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Curiosamente, Singh não era muito ligado à música até um dia em que, por coincidência, sua amiga e modelo Patti Boyd apareceu com o ex-Beatle George Harrison. Ele explica a sensação:

Havia essa coisa estranha de conhecer alguém que era muito famoso e aí ir ao pub e tomar uma cerveja com eles e só agir muito normalmente. George e eu viramos amigos e eu costumava ir e ficar de rolê na sua casa no interior, perto de Henley. Nós ficávamos sentados por horas conversando sobre misticismo porque era um interesse mútuo.

Com pouca ligação à cena, Vic foi pego de surpresa quando recebeu uma ligação da equipe do Pink Floyd em 1967, o convidando para fotografá-los.

Vic Singh e a histórica capa do Pink Floyd

Na entrevista, o fotógrafo descreve como foi esse primeiro contato e elabora contando todo o processo de concepção do registro, que contou justamente com uma participação de George:

Eu conheci a banda em um evento na Piccadilly algumas semanas antes — nós costumávamos chamá-los de ‘acontecimentos’ naquela época. Então eu sabia deles mas eu nunca os tinha visto tocar. Eu perguntei se eles tinham algo em particular para a sessão mas eles disseram que não, que deixariam comigo.

Eles me mandaram uma cópia do disco adiantada, e eu fiquei encantado com aquilo. Soava muito alienígena pra começo de conversa, mas aí eu comecei a entender o tipo de coisa que eles estavam mirando e eu queria pensar em uma foto que refletisse isso.

Eu tinha essa lente de prisma que o George Harrison me deu um dia quando eu estava em sua casa. Nós estávamos assistindo ao seu cinema caseiro e só de boa. Ele disse: ‘Leva, porque eu não sei o que fazer com isso e você pode encontrar algum uso pra isso.’ A lente de prisma divide a imagem mas você tem que arrumar a foto com cuidado antes disso, porque se você só apontar a câmera e tirar uma foto com ela, sai parecendo estranho. Tudo parece piegas porque a lente suaviza a imagem.

Eu pensei que seria perfeito para a luva. Então eu ajeitei o estúdio e testei e parecia funcionar. Mas ainda era bem suave então eu pedi para o grupo trazer algumas roupas bem coloridas consigo porque eu achei que isso traria um contraste mais brilhoso, especialmente se a iluminação fosse certa. Então eles chegaram no dia com todas essas roupas e depois que nós tomamos um café eles se vestiram.

Eu, então, tive de posicioná-los contra esse fundo branco para pegar a foto que eu queria. O posicionamento foi crucial porque a imagem iria se quebrar e eles todos tinham que estar exatamente no lugar certo se a foto final fosse funcionar.

Atualmente, uma foto assim seria abordada de maneira bem diferente. Na verdade, você provavelmente nem tentaria fotografar a banda junta. Seria mais fácil tirar fotos individuais e sobrepô-las, mas isso não era uma opção na época.

Uma vez que mostrei a eles as Polaroids e eles puderam ver quão importante era o posicionamento e a iluminação, eles começaram a curtir o processo, especialmente o Syd [Barrett]. Eles podiam ver que se tudo fosse feito corretamente ficaria muito bom. E nós estávamos ouvindo a música do ‘Piper’ bem alto desses alto-falantes enormes que eu tinha no estúdio. Dava pra ouvir lá embaixo na rua.

Aí foi uma questão apenas de tirar as fotos certas. Não havia muitas formas diferentes de fazê-las por conta da sobreposição e tudo mais, e se um deles se movesse mudava todo o cenário da foto. Eu acabei tirando quatro ou cinco filmes — 40 a 50 fotos — então eles tiveram várias para escolher e esperávamos que houvesse pelo menos uma que estivesse boa.

É claro que tivemos, de fato, e Vic Singh confirma que a banda logo aprovou quando recebeu o material. Ao mesmo tempo, ele conta que ficou sabendo que Syd Barrett faria a contracapa e o contato com a banda acabou por aí. Ele nunca os viu tocar, inclusive.

Como falamos acima, ele não foi pago pelos serviços e parece não se incomodar muito com isso — “até onde eu sei, eles eram quebrados na época”, afirma o fotógrafo.

Você pode ler a matéria completa, em inglês, por este link.

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