Entrevistas

Com curta-metragem, MAR ABERTO traz uma sensível visão sobre o amor no novo EP "Baseado em Amores Reais"

O duo MAR ABERTO fez de seu mais novo EP, "Baseado Em Amores Reais", uma verdadeira história de amor, com base nos desafios do cotidiano. Venham ouvir!

Mar Aberto
Foto: Divulgação

Já reparou que a maioria das obras artísticas fala sobre o amor?

Indescritível, trata-se de um sentimento crucial para nossas decisões ao longo da vida. Quanto ao conceito, enquadra-se desde uma “ferida que dói e não se sente” (segundo Camões) até “o calor que aquece a alma” (Nando Reis). Sua repetição nunca enjoa, já que reflete a nossa constante necessidade de manifestar amor.

No mundo da música, as diferentes associações desse sentimento com a intensidade do cotidiano geram temáticas que vão desde a curtição até o adultério. Com base nessa relação conflituosa entre a rotina social e o amor, o duo MAR ABERTO lançou o EP Baseado Em Amores Reais, com músicas românticas que, conectadas, têm seu significado ampliado.

Essa conexão fica ainda mais clara com os vídeos. As seis faixas contam com clipes próprios que se encaixam em um curta-metragem. Essa experiência, disponível exclusivamente no Globoplay, narra a trajetória de um relacionamento. O casal protagonista (interpretado por Carla Diaz e Jessé Scarpellini) vive ao longo dos episódios as diferentes fases de uma relação, da conquista até a reconciliação.

É um trabalho sensível, puro e sincero, que nos põe para refletir sobre o impacto do cotidiano em nossos relacionamentos.

 

“O que eu fazia antes já não tem mais graça”

O amor é transformador, e isso fica evidente neste trabalho. A narrativa do EP começa com o medo de se entregar para alguém (em “De Repente É“) e é concluída com a ideia de não se ver mais longe da pessoa amada (em “Dois Caminhos“). Mas diversas reflexões também são pinceladas ao longo da tracklist, como o alívio em ver no outro uma espécie de “refúgio” (em “Paraíso“) e o prazer em compartilhar a vida com alguém (em “Vida a Dois“). Esta última canção, por sinal, é o único clipe disponível no Youtube da dupla.

As músicas contemplam diferentes estéticas, que evidenciam o amadurecimento do projeto. Apesar de essencialmente remeterem à carinhosa atmosfera do “voz e violão”, as faixas incorporam outros elementos da música pop, tornando o som ainda mais acessível para diversos gostos.

Parte disso se deu graças à contribuição do grupo Los Brasileiros, também responsáveis pelo trabalho de artistas pop como Jão e Vitão. Enquanto isso, Mess Santos e Rod Cauhi, da Movie 3 Filmes, ficaram responsáveis por dirigir os clipes e, com isso, amarrar com sensibilidade as canções em uma única narrativa.

 

“O amar comporta o gostar e o não gostar”

O TMDQA! foi convidado para participar da coletiva do lançamento do EP, feita em formato virtual e com direito a performances da dupla formada por Gabriela Luz e Thiago Mart. O papo nos apresentou a um duo mais amadurecido, após os anos de experiência que separam este texto de nossa primeira entrevista com eles, em 2017.

Aproveitando a temática tão palatável do amor, questionamos a dupla sobre a mensagem que este trabalho deseja passar aos ouvintes. Afinal, vivemos tempos em que relacionamentos têm sido vistos, cada vez mais, como descartáveis e provisórios. Isso dialoga com uma sociedade com inovações cada vez mais rápidas, o que acaba influenciando diretamente no nosso comportamento social.

Thiago Mart: Passamos recentemente por uma fase em que vimos vários amigos encerrando relacionamentos. Isso dói na gente. Acho que é um mal da nossa geração. Acho que entendemos, de alguma maneira, que é mais fácil trocar do que consertar. É um tema no qual insistimos, porque o amor é um sentimento tão bonito que é difícil de alcançar. No entanto, uma vez que se chega nele, é um lugar muito gostoso de se estar.

Gabriela Luz: Eu sou uma pessoa muito romântica. Acredito que, por mais que estejamos na vida real, a gente gosta de bater nessa tecla do amor mesmo. Existem brigas e existem términos, mas o amor continua.

Thiago: Um amigo meu terapeuta falava uma coisa muito legal. Ele dizia que o amar comporta o gostar e o não gostar. Isso me fez pensar muito. Não é de qualquer coisa que devemos desistir. Se você gosta muito de uma pessoa, insista nisso. É uma mensagem que podemos passar, que, na verdade, não está em voga. Para algumas pessoas, a ideia de “vamos sair e pegar todo mundo” é válida, mas a gente acredita no amor enquanto um sentimento legítimo e vamos sempre falar disso.

Gabriela: O que tem ali no EP é sobre a convivência. A história mostra um casal indo morar junto, e muitos terminam justamente por isso. É um momento em que você descobre os defeitos do outro, o que pode gerar problemas.

Thiago: Um jeito legal de ir na contracorrente é não tratar o amor como algo espetacular o tempo inteiro. As pessoas buscam tanto a felicidade e o espetacular que elas acabam se desiludindo por causa de algo corriqueiro.