Todos sabemos que o cinema se utiliza de diversas estratégias para manipular nossas sensações durante os filmes, mas algumas delas são bem mais conhecidas que outras. É o caso do slow motion, a famosa “câmera lenta”, responsável por eternizar cenas épicas de Matrix e X-Men, por exemplo.
Mas como exatamente acontece esse controle da emoção por meio de uma técnica de filmagem?
Uma das aplicações mais famosas do slow motion é nas cenas de morte. A exposição prolongada àquele contexto dramático faz com que as emoções do público sejam potencializadas.
Entender tudo o que está acontecendo ali em um tempo maior do que aconteceria na vida real faz com que nossa sensação de perda seja mais significativa.
O mesmo vale para as cenas de “quase morte”. Quando a velocidade das imagens é reduzida, a percepção do risco é aumentada, levando também a tensão lá para as nuvens. Às vezes a ameaça é neutralizada, às vezes o perigo se confirma.
Já nos filmes de guerra e de ação a câmera lenta ajuda a focar nos elementos da cena que são realmente importantes e que poderiam passar despercebidos.
Além disso, é possível perceber melhor a dimensão da ação, ou seja, conseguimos aumentar a escala de drama da cena quando visualizamos por mais tempo o contexto no qual ela está inserida. Isso é muito comum em cenas de combates.
A combinação entre slow motion e aceleração das imagens na mesma cena, inclusive, permite que o espectador mensure o nível da ameaça ao mesmo tempo em que é jogado no meio da ação. É a tal da imersão, que nos coloca dentro daquele cenário mesmo que saibamos que se trata de algo ficcional.
Um exemplo clássico é a luta no telhado em Matrix. Veja só:
Outras vezes, a câmera lenta pode indicar o momento em que um personagem se apaixona. Sim! Sem nenhuma palavra, apelando apenas para a atuação e reduzindo a velocidade da cena, o público entende que algo diferente está acontecendo.
Seria o momento em que o cupido acerta sua flecha nos envolvidos, como aconteceria em desenhos animados.
O slow motion também pode ser utilizado para indicar uma alteração na percepção da realidade por parte dos próprios personagens. Isso pode acontecer depois que eles utilizam alguma droga, por exemplo.
Esta é uma forma de colocar o público dentro da cabeça do personagem, passando do papel de espectador externo para um local onde ele próprio passa pelos efeitos sugeridos pela cena.
Às vezes, o clima de tensão pode ser potencializado pela falta de cortes – os planos sequência. Outras vezes, a redução da velocidade da cena é quem mexe com as sensações do espectador.
Mas é possível notar como a trilha sempre é fundamental para que o efeito emocional seja alcançado. A cena desacelerada que conversa perfeitamente com os efeitos sonoros ao seu redor têm muito mais chance de impactar quem está assistindo, como observamos nos exemplos anteriores.
Por isso também X-Men: Dias de um Futuro Esquecido ficou tão marcado na memória do público, com a famosíssima cena do Mercúrio. Além de ser esteticamente caprichada, a conexão estabelecida pela música foi essencial.
Por isso o audiovisual é uma arte tão fascinante. São várias as formas de mexer com os sentimentos, seja qual for o gênero.
Inclusive, o slow-mo é muito popular em clipes musicais, comerciais e nos esportes. Tudo é muito bem pensado e, daqui para a frente, você já pode ficar esperto quando perceber essa técnica por aí.