Djonga, um dos maiores nomes do Rap no Brasil nos últimos anos, está recebendo uma chuva de críticas nas redes sociais depois da publicação de vídeos de uma apresentação que realizou no Rio de Janeiro no último final de semana.
Os registros mostram grandes aglomerações de pessoas sem máscaras e sem qualquer tipo de distanciamento social, fazendo com que diversos usuários do Twitter questionem a responsabilidade do artista e da produção do evento com a contenção da pandemia da COVID-19.
As imagens chocaram algumas pessoas, que fizeram duras críticas; em uma publicação de Lana de Holanda, ex-assessora de Marielle Franco e atual colunista da Lado B do Rio, diversos comentários mostraram incredulidade com a situação e com a participação do rapper.
Lana chegou a ironizar o nome utilizado por Djonga no Twitter (“Deus”), pois “talvez assim ele consiga cuidar da vida dessas pessoas” e cravou:
E vai pro raio que o parta quem for idiota de ver uma situação dessa e usar o argumento medíocre de “o trabalhador pega ônibus lotado, então não faz diferença”. A gente tá cobrando responsabilidade do Estado todo dia! E não faz diferença? Vai ver na UTI ou no cemitério se não faz.
Continua após o Tweet
Resposta de Djonga
Rio de Janeiro batendo recordes de internados e mortos por covid. Que bom que o nome do Djonga nas redes é “Deus”, talvez assim ele consiga cuidar da vida dessas pessoas. pic.twitter.com/xBsWaCWGl9
— Lana de Holanda (@lanadeholanda) December 7, 2020
Por outro lado, muitos usuários também mostraram apoio ao rapper. Ainda na publicação de Lana, um Tweet aponta para o fato de que o setor de produção de eventos está parado há meses e afirma que “era pra ser obrigação do governo impedir que as pessoas morram de fome pra manter o isolamento”.
Outros atentam, também, para a realização de diversos outros shows por todo o Brasil (nós até falamos por aqui, há alguns meses, de um evento no interior do Pará financiado pela prefeitura local) e de festas que geram aglomerações tão grandes quanto a que viralizou, afirmando que se trata de mais um exemplo do racismo no Brasil.
Em sua própria conta na rede social, Djonga se pronunciou sobre o acontecimento e ressaltou que “o show foi pra galera que só trabalha e se fode” e se vê constantemente exposta ao vírus; o mineiro afirma que acha “estranho a favela só poder se fuder e não poder curtir”, e afirma ainda que “não sou cego e sei toda a problemática que essa fita envolve”.
Ele também se mostrou tranquilo quanto à repercussão, dizendo que “se for uma grande mancha e o fim da credibilidade, sem drama, tô preparado e tem mais gente foda por aí”.
Novamente, as reações foram divididas e você pode ver alguns exemplos, bem como os Tweets do próprio Djonga, logo abaixo.
Não sou cego e sei toda a problemática que essa fita envolve. . .inclusive não me isentei em estar do lado do meu povo tanto no micro, quanto no macro, nunca, que seja na pandemia ou antes. . .eu boto a cara sempre,mas minhas opiniões as vezes são controversas sobre solução ++++
— Deus (@djongadorge) December 7, 2020
levantei o debate aqui sobre a área técnica inclusive por ouvir o lado das outras pessoas ! De qualquer forma meu povo, Nenhum argumento que eu usei pra minha escolha de ter feito o show é irrefutável e eu sei disso e eu acho que é justo vcs falar o que for tb +++++
— Deus (@djongadorge) December 7, 2020
isso não significa nós terminar em paz e concordando sempre. . .pedir desculpa nesse momento igual geral faz quando é questionado aqui seria hipocrisia minha !
— Deus (@djongadorge) December 7, 2020
Sei da minha construção da minha história, des de um antes que nós nem se conhecia e tb sei de depois que nós se conheceu o que fiz de dahora, inclusive minhas contradições, se for uma grande mancha e o fim da credibilidade, sem drama, tô preparado e tem mais gente foda por aí !
— Deus (@djongadorge) December 7, 2020
Com todo respeito Djonga, a favela precisa sim se divertir mas n sem responsabilidade. Somos nós, pessoas pretas e pobres as maiores vítimas do Covid-19
Se divertimos hj e amanhã choramos nossos lutos? A conta não fecha. O que nos cabe é pensar e articular outras possibilidades.
— Tati Nefertari (@TatiNefertari) December 7, 2020
Não dá pra gente só trabalhar e se foder, isso é fato. Ter momentos de lazer é importante pra nossa saúde
Mas a gente sabe que há maneiras mais seguras de fazer isso. E que também é importante dizer que nem todo mundo que vai no show, é esse trabalhador que se fode no dia a dia
— Caio César (@geocaio) December 7, 2020
Nem perde tempo se explicando, cara. Tá tendo shows de pagode e sertanejo a tempos. No mesmo dia teve show do sorriso maroto no RJ. Mas quando é pro trabalhador, favelado, gera repercussão negativa. Pobre só tem que trabalhar e se foder, lazer jamais.
— Ale ✠ (@AleVieira99) December 7, 2020
menor, tá tendo evento no rio de janeiro inteiro.
péricles e ret aqui em cosmos, ferrugem no imperial ali em paciência, teve até sorriso maroto no dia, várias rodas de samba… tá tudo aberto porra.
voces gostam muito de pegar alguém pra Cristo, não é possivel.
— calmo (@xvictorvinicius) December 7, 2020