Detonautas critica idolatria por Bolsonaro e PT em “Político de Estimação”; ouça

Na nova "Político de Estimação", o Detonautas se une a Gigante no Mic e faz críticas à idolatria da esquerda e da direita. Veja o clipe!

Detonautas e Gigante no Mic
Foto por Ricardo Brunini

Detonautas está de volta e, como era de se esperar, com uma crítica política.

A última música dos caras em 2020 se chama “Político de Estimação” e, depois de falar sobre o caso de corrupção envolvendo Michelle Bolsonaro (em “Micheque”), os religiosos que usam a fé como mecanismo (em “Mala Cheia”) e polêmicas fake news (em “Kit Gay”), é a vez da banda falar sobre a idolatria a políticos.

Na letra, Tico Santa Cruz destaca que “político é pra ser cobrado e não idolatrado” e questiona:

Quem é seu político de estimação?
A quem você devota todo seu amor
Que agora tomou conta do seu coração
Pra quem tu passa pano sem qualquer pudor?

A faixa conta ainda com a participação de Gigante no Mic, rapper goiano que chegou até a banda por meio de sugestões nas redes sociais. Acompanhada de um clipe, “Político de Estimação” viaja pela pirâmide social, mostrando as desigualdades, ilusões e percepções do brasileiro em relação à sua consciência de classe. A banda explica:

A música é uma crítica a quem idolatra político independente de ideologia. A ideia é fazer com que o público faça uma reflexão a respeito da importância de se valorizar ideias, pautas, posicionamentos e não personalismos. Político não está fazendo favor pra ninguém, é eleito para trabalhar para o povo.

De fato, são feitas diversas referências aos que idolatram Bolsonaro (“Pra quem falava tanto de corrupção / Agora tem bandido de estimação”) e também ao PT, com Tico aparecendo em frente a uma estrela vermelha em alguns momentos do clipe.

Assista abaixo!

Detonautas feat. Gigante no Mic – “Político de Estimação”

Político virou celebridade num país onde a política de fato é um balcão de negócios
Onde muitos são sócios, feito carne e ossos
De bandido, traficante, empreiteiro, de banqueiro, trambiqueiro, lavadores de dinheiro,
e o povo brasileiro não percebe que de fato quase nada mudou
Muito pouco se fez e quem são vocês nessa embriaguez? Quanta estupidez, uma escassez de percepção, são 500 anos de exploração
Mazelas de um povo que largado a própria sorte já nasce escravizado controlado, até a morte
Do topo da pirâmide acham graça de nós e você aí pensando que faz parte desse jogo
É o peão de tabuleiro que carrega nas costas
Endeusando personagens que te fazem de bobo.

Quem é seu político de estimação?
A quem você devota todo seu amor
Que agora tomou conta do seu coração
Pra quem tu passa pano sem qualquer pudor?

Político é pra ser cobrado
E não idolatrado…
Então lute por ideias, valorize quem te dá valor
Pense coletivamente, olhar pra nossa gente é obrigação do Estado nem nunca foi favor

Aqui tem lobo em pele de cordeiro, vagabundo de carreira que passou a vida inteira, ocupando uma cadeira, nunca fez porra nenhuma por ninguém, só pensou no próprio bem e botou toda
família pra mamar muito dinheiro e não consegue explicar
Pra quem falava tanto de corrupção
Agora tem bandido de estimação

O pior analfabeto é o analfabeto político
Leia Bertold Brecht, cuidado com as brecha
Quem que representa seu estado crítico?
“Matenha” a mente aberta, cuidado com quem “cê” fecha

Se o povo perece por falta de conhecimento
Pra educação eles darão quantos por cento?
Darcy Ribeiro “tava” certo
Te manter alienado já faz parte do projeto

Ficha técnica do single

Produzido por Tico Santa Cruz, Renato Rocha e Phil
Gravado por Renato Rocha no Estúdio Pedregulho (RJ), por Fábio Brasil no Estúdio Mobilia Space (RJ) e por Wes Di Castro no Estúdio Lekhaina (SP)
Mixado por Arthur Luna no Cia dos Tecnicos (RJ)
Masterizado por Arthur Luna no Cia dos Tecnicos (RJ)

Ficha técnica do clipe

Roteiro: Tico Santa Cruz
Direção: Rômulo Menescal
Produção executiva: Lord Bull Filmes
Direção de produção: Tamara Lobo
Câmera: Marcone
Gaffer: Jorge Pimentel
Stylist: Carola Chede e Carol Pereira
Montagem: Ítalo Amaral
VFx: Renan Oliveira e Pepa Films
Fotógrafo Still: Ricardo Brunini