"Acústico Brainstorm": Lary vive sua melhor fase e fecha ciclo com EP de versões alternativas para suas canções

Com participações especiais, a cantora Lary lançou recentemente o projeto "Acústico Brainstorm", enquanto já prepara os próximos passos de sua carreira.

Lary
Foto: Divulgação Ari Prensa

É inegável que a cantora Lary vive o melhor momento de sua carreira até o momento! Ela foi se descobrindo, ao longo dos últimos dois anos, uma incrível compositora. Seu pop foi incorporando elementos do R&B e do rap e ganhou um tom mais amadurecido.

Basta reparar nas inúmeras parcerias, gravadas com artistas do mais alto reconhecimento: Choice, 3030, Gustavo Mioto… Isso tudo sem falar no intenso processo de estúdio, pelo qual Lary gravou quatro EPs, disponibilizados entre 2019 e 2020. O que conecta Um Quarto, Metade, Quase Lá e Conclusão, no entanto, não são apenas os nomes. A narrativa é pensada e os temas vão evoluindo. Um lançamento deixa o ouvinte na expectativa pelo próximo. No final, é como se tivéssemos um álbum, o que teoricamente assume o papel de disco de estreia da cantora.

O resultado? Mais de 20 milhões de streams em suas plataformas digitais (e contando). Celebrando essa história, Lary ainda disponibilizou, recentemente, o Acústico Brainstorm, com versões alternativas para músicas de cada um dos lançamentos citados. Para esse “bônus”, ela ainda contou com as contribuições dos colegas Pelé MilFlows, Kiaz, OIK e Camila Zasoul, além da produção de Malak, conhecido por seu trabalho à frente do famoso projeto Poesia Acústica.

 

“Tanta coisa acontece em quase dois anos…”

Por email, Lary respondeu alguns questionamentos do TMDQA! sobre todo o processo que culminou no lançamento do Acústico Brainstorm. Aliás, aqui foi fechada (com chave de ouro) uma fase muito frutífera de sua carreira.

O projeto também foi celebrado com um curta metragem disponibilizado no canal da cantora no Youtube. Dirigido por Guido Santos, o material conta com cenas de estúdio que englobam as performances das quatro faixas.

Confira abaixo a conversa:

TMDQA!: Eu achei muito interessante a proposta deste EP, de revisitar canções lançadas em diferentes trabalhos para apresentar novas versões. Como foi resgatar essas músicas e poder trabalhar novamente nelas?

Lary: Primeiro de tudo, muito obrigada! Fico feliz por isso e pela oportunidade de estar aqui falando sobre o meu trabalho! Bom, resgatar essas quatro músicas nesse projeto foi bem interessante, pois tive a oportunidade de, depois do fim de um ciclo, cantá-las novamente em um formato diferente, com mais maturidade para trazer diferentes nuances de voz e, ainda, participações especiais, transformando os sons com novas letras.

TMDQA! Apesar do curto tempo (o Um Quarto é de 2019), como você avalia a sua evolução musical nesse tempo e nessa narrativa de 4 ótimos EPs?

Lary: Como Um Quarto, o primeiro EP da sequência de 4 que vim lançando posteriormente, foi lançado em março de 2019, estamos de fato falando de um curto espaço de tempo até o último EP lançado, o Conclusão. Mas tanta coisa acontece em quase dois anos… Parece ser muito mais tempo! Sinto que, do início de 2019 pra cá, amadureci muito e me encontrei. Entendi que a sonoridade com a qual realmente me identifico é a do R&B, com muita influência do pop, do rap, do hip hop e do funk. Me aprimorei nas composições, o que me abriu portas, inclusive, para escrever para outros artistas. Hoje, sinto que tenho muito mais controle sobre a minha voz. Todas as etapas foram muito importantes para a minha evolução como artista.

 

“Todos os feats são especiais demais”

TMDQA!: Como, na sua visão, os quatro EPs (Um Quarto, Metade, Quase Lá e Conclusão) se conectam? É como se você tivesse lançado, aos poucos, um álbum, certo? Como essa divisão foi pensada e como foi ver o projeto ganhando vida e força aos poucos?

Lary: Eu sempre tive a vontade de lançar um álbum, mas sentia que ainda precisava amadurecer musicalmente para trazer um material mais concreto que me representasse. Daí surgiu a ideia de lançar os 4 EPs. Eu poderia dar ao meu público lançamentos mais robustos do que apenas um single (cada EP possui 3 faixas), e ir construindo aos poucos cada lançamento, com cada vez mais experiência e maturidade.

Pensamos em nomes que pudessem se relacionar com números representados por cada EP e, ao mesmo tempo, pelos assuntos abordados neles. Um Quarto (1/4) trouxe sons mais íntimos, românticos e sensuais; Metade (1/2) trouxe histórias de relações incompletas e/ou incertas; Quase Lá (3/4) veio com uma pegada mais carnal e também sensual, e Conclusão (4/4) fala sobre diferentes tipos de términos. Ver o projeto ganhando vida foi lindo e mágico. Cada EP foi gerando expectativas do público para o próximo, pois fizemos ações muito legais de pré-lançamento, envolvendo enigmas e histórias.

TMDQA!: Qual foi o seu critério para a seleção das músicas de cada EP? Reparei que os seus maiores sucessos (em termos de número de reproduções em streaming) não ganharam novas versões.

Lary: Meu primeiro critério foi regravar músicas que ainda não tinham nenhuma participação especial. Com isso, “Mapa Astral”, “Montanha-Russa”, “Mal Resolvido” e “Playlist Transante” já foram eliminadas. Das que restaram, deixei meu coração falar [risos]! Como o projeto todo foi muito especial pra mim, selecionei as músicas que mais tinham algum significado nessa trajetória. “Ressaca” foi a primeira composição que lancei sozinha. “Bipolar” sempre foi uma música muito querida por mim e pelos fãs. “Aborta a Missão” é uma das minhas favoritas de todo o projeto. Já “Eu Vou Contar Pra Ela” traz a mensagem de sororidade e valorização da mulher e também não podia ficar de fora.

TMDQA! E as participações especiais? Como você montou esse time, que conta com OIK, Pelé MilFlows, Kiaz e Camila Zasoul. Qual foi o critério para a escolha? Algum dos feats tem algum significado especial?

Lary: Todos os feats são especiais demais, pois tenho muito carinho e admiração por todos. Escolhi o Pelé pela força e, ao mesmo tempo, a sensualidade que ele tem na voz, o drive, as melodias, as letras que ele faz… O Kiaz foi por todo seu conjunto também. Acho seu trabalho incrível desde a sua forma de compor até a voz linda que ele tem. A Camila, por ser uma mulher forte, empoderada e talentosíssima, tem tudo a ver com o som que fizemos juntas. Já o OIK traz tantas texturas na sua voz, nos flows, nas letras… Estou muito orgulhosa desse time que consegui formar!

 

“Meu próximo passo é meu álbum”

TMDQA!: E a produção do Malak? No que o trabalho dele acrescentou ao projeto? Como foi trabalhar com ele?

Lary: O Malak foi o cara que acreditou no projeto desde o início. Ele também foi o responsável por formar um time incrível de profissionais que somaram demais nos sons. Junto com ele, o Slim assinou a produção, Daniel Hunter e Udson, respectivamente nas guitarras e no contrabaixo, fizeram um trabalho impecável. Trabalhar com eles foi gratificante demais. São pessoas envolvidas em projetos gigantescos, que compraram minha ideia e embarcaram junto!

TMDQA!: Foram quatro EPs em um período curtíssimo de tempo que inclui uma pandemia mundial. Como você encarou esse período, tanto em termos artísticos quanto pessoais? O que acha que tirou como aprendizado de toda essa situação?

Lary: Tanto em termos artísticos quanto pessoais, foi um período de muita reflexão, questionamentos e amadurecimento. Foram tempos muito difíceis, em que nós artistas tivemos que nos reinventar para seguir trabalhando. Passei a me perguntar o que realmente eu queria para a minha vida e para a minha carreira e quais eram os meus propósitos diante de algo tão grave acontecendo no mundo. Mas também foi o período no qual mais me dediquei à composição e isso foi muito positivo para mim profissionalmente. Um EP inteiro foi feito no período da quarentena, o Conclusão. As vozes foram gravadas por mim, em casa, e os três clipes, também em casa, com uma equipe de 4 pessoas que se desdobraram pra fazer tudo acontecer.

TMDQA!: Você lançou quatro EPs, vários feats sensacionais e já tem uma carreira consolidada. Senti como se o Acústico Brainstorm resumisse toda uma fase, como se fosse o encerramento de um capítulo. A partir de agora, o que vem pela frente? Pode adiantar algo?

Lary: Mais uma vez, obrigada! De fato, o Acústico Brainstorm veio para fechar com chave de ouro esse ciclo que foi tão importante para mim. Meu próximo passo é meu álbum, e posso adiantar que já estou trabalhando nele com muito, muito cuidado. Inclusive, minha parede da sala virou um carnaval de post-its, de tantas músicas que possivelmente podem estar nele [risos]!

TMDQA!: Alguma contribuição final?

Lary: O que tenho a acrescentar é uma mensagem para quem tiver lendo essa entrevista: confie no seu potencial e no processo. Seja a primeira pessoa a acreditar em você e faça tudo o que for possível para chegar aonde quer chegar, sem passar por cima dos seus valores. Às vezes, temos mania de comparar nossa evolução com a do outro, mas não fazemos ideia dos bastidores de cada um. Tudo acontece do jeito certo e no tempo certo. Isso vale para o meio artístico e pra todos os caminhos dessa vida.