Em 2020 nós fomos golpeados, testados e redirecionados a uma nova realidade.
Vimos os planejamentos indo embora, os contatos ficando distantes e as telas recebendo protagonismos que, mesmo sendo utilizadas diariamente pela população global, não gostaríamos que tivessem ganhado tanto quanto na famigerada era da pandemia.
Mas aí temos a arte. Temos a música. E temos a música brasileira. Inventiva, curiosa, festiva, introspectiva e revolucionária, a música de nosso país luta contra tudo e contra todos, pura e simplesmente pelas vontades individuais de compartilhar, de mudar, de trazer esperança, dividir medos e afirmações, de deixar sua marca no mundo para um tempo melhor.
Ao contrário do que muita gente pensa, 2020 foi um ano extremamente produtivo para a música nacional. Rap, Rock, Pop, Funk e mais fizeram bonito, e após um ano inteiro onde diariamente falamos sobre bandas e artistas daqui, chegou a hora agridoce de celebrar o que ouvimos de melhor ao mesmo tempo que deixamos tanta gente incrível de fora.
Obrigado, rappers, cantores, cantoras, guitarristas, baixistas, bateristas e tantos outros: sem vocês 2020 teria sido muito mais difícil.
Se você ainda não ouviu, mergulhe por nossa lista e siga nossa playlist ao final da matéria. Os discos daqui definitivamente deixarão seus próximos meses mais fáceis.
Textos por Tony Aiex, Pedro Henrique Pinheiro, Daniel Pandeló Corrêa e Felipe Ernani
50. Wry – Noites Infinitas
Verdadeira instituição do indie brasileiro, o grupo paulista Wry retornou com um novo álbum onde vai além do pós-punk que apresenta há décadas.
Em Noites Infinitas as novidades estão na sonoridade e também nas letras, que aparecem em português.
49. Taco de Golfe – Nó Sem Ponto II
Poucos são os grupos que, mesmo sem usar uma palavra sequer, conseguem dizer bastante coisa. É exatamente o caso da banda Taco de Golfe, que lançou este ano o disco instrumental Nó Sem Ponto II.
A incrível aventura proporcionada pelo álbum lançado lá no comecinho do ano une, através do experimentalismo, o universo intenso do Rock Progressivo e o universo melódico do Jazz. A atmosfera imersiva é cativante!
48. Vivendo do Ócio – Vivendo do Ócio
O homônimo álbum dos baianos da Vivendo do Ócio é o primeiro disco da banda em 5 anos, mas a espera valeu a pena. A sonoridade apresentada mostra um grupo mais amadurecido e tem sua riqueza reforçada nas participações especiais de Fábio Trummer e de Luiz Galvão (Novos Baianos).
A narrativa aborda temas distintos como liberdade, perdão, tempo e amor, mas também não poupa críticas sociais à “família tradicional brasileira” e ao “tribunal da internet”.
47. Hiran – Galinheiro
Direto da Bahia, tivemos o lançamento de Galinheiro, segundo disco do rapper Hiran. Fruto de suas vivências pessoais, o álbum tece suas referências do Funk à MPB.
Enquanto isso, Hiran mostra sua versatilidade lírica ao falar sobre o amor sob as mais diversas perspectivas. Essa amplitude é reforçada pelo time de participações especiais que integram o disco: Illy, Astralplane, Tom Veloso e mais.
46. Olívia de Amores – Não é Doce
A amazonense Olívia de Amores faz um som ao mesmo tempo delicado e sujo, com reflexões pessoais, sociais e urbanas que refletem as perdas e mudanças que guiam a vida adulta. Essa é a base para Não É Doce, disco com produção de Bruno Prestes e masterização do vencedor do Grammy, Steve Fallone (The Strokes, Tame Impala, Kacey Musgraves).
Como o nome e a capa do disco antecipam, o trabalho enfrenta o amargor da vida, como se fosse parte do que move as pessoas para o crescimento.
45. Priscila Tossan – Iceberg
Tudo em Priscila Tossan exalta a “carioquice”, desde sua voz (e seu sotaque) até as várias referências musicais que transportam o nosso imagético para uma bela praia ou locais floridos.
Dos vagões do metrô para uma das maiores gravadoras do país, a cantora se consagrou de vez com o lançamento de seu disco de estreia Iceberg. O time envolvido também agregou muito ao resultado final, indo da produção de Kassin às colaborações com Criolo e Luccas Carlos.
44. Mateus Aleluia – Olorum
Em meio a um ano tão conturbado, a música de Mateus Aleluia soa como uma oração.
Trazendo os Afrosambas e uma busca pela ancestralidade desde seu trabalho com Os Tincoâs, o artista faz um disco que já nasce clássico ao levar o ouvinte pela manhã pelo sagrado negro.
43. Exclusive Os Cabides – Roubaram Tudo
A banda catarinense Exclusive os Cabides fez de seu disco de estreia Roubaram Tudo um registro frenético e psicodélico sobre crescer, seja como pessoas ou como artista.
O surrealismo e o bom humor peculiar das letras estão já no nome do disco. O familiar de um dos integrantes teve sua loja roubada e aparece no recorte sintetizando o ocorrido: “roubaram tudo, ‘exclusive’ os cabides”.
42. Illy – Te Adorando Pelo Avesso
É inegável o talento de Illy quando o assunto é imprimir suas características musicais em composições de outros artistas. Após o ótimo Voo Longe (2018), ela dedicou seu segundo disco, Te Adorando Pelo Avesso, à obra de uma famosa intérprete da música brasileira: Elis Regina.
Nesse contexto, ela foi capaz de trazer um olhar novo e atualizado a alguns clássicos da nossa música como “Alô, Alô Marciano”, “Como Nossos Pais” e “Querelas do Brasil”. Sob uma estética moderna, as releituras englobaram elementos de Funk Melody, Rock, Ska, Samba-Reggae e mais.
Tudo isso com as participações de Baco Exu do Blues e de SILVA.
41. SILVA – Cinco
Não é à toa que SILVA é considerado um dos maiores nomes da cena conhecida como “nova MPB”. Seu mais recente disco, Cinco, é um amadurecimento dessa abrangente e versátil sonoridade já vista anteriormente em seu trabalho anterior, Brasileiro (2018).
Com participações de Anitta, João Donato e Criolo, o álbum é basicamente uma celebração à antropofágica cultura musical do Brasil, abraçando elementos de Reggae, Ska, Soul e até Pagode.
https://www.youtube.com/watch?v=TqqCkf4q9hI
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