10. Sebastianismos – Sebastianismos
Conhecido por seu trabalho no grupo Francisco, el Hombre, Sebastian Piracés-Ugarte usou o ano de 2020 para se dedicar à sua nova persona artística que atende pelo nome Sebastianismos. E vimos essa história se consolidar com seu homônimo disco de estreia.
Majoritariamente, é um disco de escapismo para o ano que está se encerrando. É leve, dançante, conta com letras chicletes e tudo o que há de melhor no Pop latino misturado a sonoridades brasileiras como o Skank em início de carreira.
As faixas finais ainda nos revelam umas “porradas” críticas (sem perder o tom da dança) e percebe-se a liberdade com a qual Sebastian produziu o projeto e fez dele uma ode à manifestação.
É um disco encorajador, que conquista por sua delicadeza e que valoriza cada detalhe de sua essência.
9. Pelé do Manifesto – Gueto Flow, Preto Show
Pelé do Manifesto é um rapper do Pará que tem talento de sobra para se tornar um dos principais nomes do país.
Inspirado em nomes como Tupac, Edi Rock, Rincon Sapiência e principalmente pelo projeto “Boogie Naipe” de Mano Brown, o músico resolveu misturar suas rimas fortes com a Black Music e chamou um time de primeira para gravar o álbum que tem 10 faixas e 35 minutos de duração.
Além de evidenciar todo talento de Pelé do Manifesto, Gueto Flow, Preto Show ainda conta com participações especiais como as de Luê, que abrilhanta várias das faixas.
Coisa fina!
8. Djonga – Histórias da Minha Área
E cá estamos novamente com Djonga em uma posição de destaque na nossa lista.
Novamente no dia 13 de Março, o artista lançou seu novo disco, Histórias da Minha Área, e chegou, podemos dizer, a um “Oto Patamá”.
De fato, pode ser considerado o disco mais pessoal de Djonga, já que ele dedicou o espaço para musicalizar histórias vividas por ele e por alguns colegas. No entanto, muitos conseguem entender com clareza as situações contadas, o que faz com que o álbum ganhe um importante fator de identificação com seus ouvintes.
Não é sobre criar universos e considerar utopias. É, sim, para denunciar a dura realidade e abrir espaço para diálogo.
7. Kiko Dinucci – Rastilho
Um dos artistas mais prolíficos do país, Kiko Dinucci tem explorado muito bem a relação dos instrumentos de corda na música brasileira em seu trabalho solo.
Após o brilhante Cortes Curtos (2017), ele entrega em Rastilho um trabalho atmosférico para ser ouvido com calma no fone que ecoa Dorival Caymmi e Baden Powell com um olhar moderno.
6. Marcelo D2 – Assim Tocam os MEUS TAMBORES
Desde o final dos Anos 90 somos agraciados pelos discos solo de Marcelo D2. Inquieto, o músico sempre deixou clara a sua busca por aprimoramento. Para ele, não existem limitações quando o assunto é música.
Neste ano, ele se empenhou em um de seus mais ambiciosos projetos, o disco Assim Tocam os MEUS TAMBORES. Gravado e produzido de uma forma bastante original, durante suas lives na Twitch, todo o contexto permitiu ainda mais experimentações em sua sonoridade.
Nunca antes Marcelo se aventurou tanto em termos de participações especiais. O disco conta com Juçara Marçal, Criolo, Djonga, Jorge Du Peixe, Don L e muito mais. O material, descrito por D2 como “transmídia”, ganha ainda mais força e impacto através do curta homônimo dirigido pelo próprio.
5. Yamasasi – Colorblind
Colorblind foi lançado em Janeiro e é uma pena que o projeto Yamasasi não tenha contado com a possibilidade de levá-lo para os shows e festivais de música independente pelo Brasil.
Aqui a banda mistura, como poucas, a inventividade das bandas mais novas de Rock and Roll com timbres e traços dos Anos 90 e 2000, e, desculpem o papo batido, mas se fosse norte-americana já teria caído nas graças do público indie no mundo todo.
Falando sobre assuntos pessoais e te deixando com vontade de pegar um skate e sair por aí, o Yamasasi vai do Punk ao Indie passando pela Psicodelia e pelo Rock Progressivo no melhor formato para a geração Spotify: 10 faixas em 27 minutos.
Diversão, introspecção e verdadeiras viagens sobre distâncias, frustrações e isolamento parecem confrontar a trilha sonora de um programa de TV de décadas atrás e as influências de nomes como Wavves, Best Coast e FIDLAR ficam evidentes, mas sem tirar o mérito da originalidade dos brasileiros.
4. Hot e Oreia – Crianças Selvagens
Inquestionavelmente um dos maiores achados do Rap nacional, a dupla Hot e Oreia tem um jeito característico de expressar seus versos, usando uma linguagem leve e bem humorada para falar dos mais diversos assuntos.
Crianças Selvagens é o segundo disco de estúdio do duo e se mostra capaz de nos expor a temas como política, machismo e sexo oral dentro de uma única narrativa de 10 músicas. Não existe uma preocupação conceitual, o que é ótimo e atribui ainda mais versatilidade ao material.
O que faz esse álbum ser tão bom é a sua desconstrução. Em meio a tantos temas (eles têm muito a falar), Crianças Selvagens encontra espaço para falar de temáticas religiosas (“Oxossi”), liberdades criativas (“Ela com P”, que basicamente conta uma história centralizada em palavras que começam com a letra P) e samples vocais de outras canções (“Domingo” e “Presença”, que homenageiam, respectivamente, Nelson Ned e Caetano Veloso).
3. Rapadura – Universo do Canto Falado
Rapadura é singular no assunto inventividade.
Ao misturar seus versos afiados com uma paleta formada por elementos de Baião, Reggae, Maracatu, Rock Psicodélico e mais, ele cria um mundo característico que fica claro no ótimo Universo do Canto Falado.
As temáticas também são variadas, indo de questões migratórias a educacionais, obviamente não poupando críticas às autoridades políticas. Ao samplear o clássico “Súplica Cearense” na canção “Meu Ceará”, por exemplo, o rapper contrasta a ideia da seca com uma chuva de palavras e reflexões poderosas.
A riqueza de temas e estéticas representa planetas e astros desse tal “universo” citado logo na faixa de abertura. Apertem os cintos para essa viagem profunda à infinitude do Nordeste!
2. BK – O Líder em Movimento
BK é um dos rappers mais talentosos e importantes do Brasil nos últimos anos.
Sua trajetória com discos gravados é curta mas impressiona desde a estreia com Castelos e Ruínas (2016) e o aclamado Gigantes (2018), onde contou com nomes incríveis ao seu lado.
Para o terceiro álbum, BK queria ser o protagonista. Queria botar o dedo na ferida e lançar um disco de Rap daqueles que impulsionam movimentos e ficam marcados para sempre: conseguiu.
Em ano de pandemia e de holofotes em movimentos como o Black Lives Matter, Abebe Bikila mostrou que sabe muito bem matar a bola no peito e fazer um golaço. Suas canções falam sobre racismo, violência policial, dinheiro, desigualdades sociais e muito mais, tudo com primor.
Além disso, o lançamento do álbum causou comoção em seus seguidores que, aos montes, disseram que precisavam daquelas palavras há muito tempo. Um verdadeiro líder.
1. Luedji Luna – Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água
2020 foi um ano muito difícil e, para abstrair de tudo isso, fez-se necessário um mergulho para limpar a alma e espairecer um pouco. Eis que Luedji Luna surge com seu novo disco, Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água. Trata-se de um trabalho que alivia, refresca e vicia, tal como as liberdades individuais que tanto buscamos.
O álbum desenvolve-se de forma fluida e inesperada, mas sempre com conexões entre as faixas que prendem o ouvinte e tornam a audição do álbum uma experiência única. Mais amadurecida do que em sua estreia Um Corpo No Mundo (2017), a nova jornada se desenha sobre elementos de MPB, Jazz, Blues e R&B.
Enquanto isso, a narrativa da mulher preta em busca da justiça social marca presença dentre os temas do disco que permeiam a afetividade, a maternidade e a independência.
Complementando a beleza do disco ganhamos ainda um belo curta-metragem e só temos uma coisa a dizer: obrigado, Luedji!
Playlist com os 50 Melhores Discos Nacionais de 2020
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