Rita Lee e Roberto de Carvalho trocam confissões em entrevista incrível

Juntos há 44 anos, os músicos Rita Lee e Roberto de Carvalho se entrevistaram pela primeira vez e falaram de relacionamento, pandemia, música e mais.

Rita Lee e Roberto de Carvalho

Rita Lee e Roberto de Carvalho estão juntos há 44 anos.

Um dos casais mais famosos da música brasileira, os dois navegaram contra tudo e contra todos, já que viveram épocas onde uma relação estável não apenas era algo complexo como também visto com maus olhos por colegas do meio artístico.

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Pois pela primeira vez em mais de quatro décadas os dois toparam se entrevistar e é claro que o papo inédito de um conversando com o outro rendeu momentos sensacionais e emblemáticos.

Rita Lee entrevista Roberto de Carvalho

A entrevista para o Estadão teve momentos em que um fez perguntas para o outro e vice-versa.

Naquela que talvez seja a pergunta mais icônica do texto, Rita Lee perguntou ao seu marido, com toda sinceridade do mundo, como ele “a aguenta”:

Como você me aguenta há 44 anos? Confissão: Sou uma mulher esquisita, ex-presidiária, ex-AA (Alcoólicos Anônimos), ex-NA (Narcóticos Anônimos), não sei cozinhar, sou cinco anos mais velha, sem peito, sem bunda e fumante.

Fofíssimo e ainda apaixonado, Roberto de Carvalho respondeu:

Sou teleguiado pela paixonite há 44 anos, espero que tenhamos pelo menos mais 44 anos pela frente. Só consigo visualizar a antítese do que está nesta confissão. Quando você se declara esquisita, vejo original e genial. Ex-presidiária por injustiça, vítima da repressão. Não precisa cozinhar, eu cozinho pra você. Os peitos amamentaram nossos 3 filhos. Cinco anos mais velha, não, mais antiga, e você sabe o quanto eu adoro antiguidades. Tenho Vênus em Capricórnio, que sempre vai me ajudar a relevar essa sua Lua em Virgem que vejo se manifestando aí na confissão. E quanto aos AA e NA, ‘well, shit happens to everyone!’ (‘bem, merda acontece com todo mundo!’).

Logo na sequência, ela perguntou sobre nomes da música que Roberto admira, o elogiando:

Seu piano é desbundante e sua guitarra é poderosa. Qual outro pianista/guitarrista brasileiro [você citaria] além de você? Confissão: grande frustração/preguiça minha é não saber tocar piano nem guitarra pra valer.

O músico que acompanha a banda de Rita Lee há longos anos respondeu:

Poxa, não acho nada disto. Então, vou adiante, como pianista, tenho profunda admiração por João Donato e Cesar Camargo Mariano. Guitarrista, são muitos os que adoro, mas muitos são meus amigos, daí fica complicado fazer essa escolha de Sofia, sendo assim, fico com nosso filho Beto. Fico impressionado com a qualidade de guitarristas e músicos em geral que vejo no Instagram. Se hoje fosse montar uma banda, uma pesquisa no Instagram já dava conta do recado. E tenho que citar dois violões maravilhosos que para mim são influências basilares, João Gilberto e Gilberto Gil, além do Guinga e Yamandú entre tantos. E viva Caetano!

Roberto de Carvalho entrevista Rita Lee

Em sua parte, Roberto de Carvalho fez perguntas a respeito de assuntos como os animais e os seres humanos:

Por que uma grande parte da raça humana não consegue captar a divindade que existe nos animais?

Rita, então, respondeu:

Pela ignorância espiritual dos humanos em se considerarem arrogantemente como a única imagem e semelhança de um deus que eles mesmos inventaram, se achando superiores aos reinos mineral, vegetal e animal. A defesa da causa animal é a luta contra a nova escravidão.

Seu companheiro engatou, então, uma pergunta a respeito do mundo pós-Coronavírus, e ela respondeu:

Minha esperança um tanto utópica é pensar que essa pandemia trará um upgrade na consciência espiritual em um bom número de humanos em termos de respeito à nossa Nave Mãe Terra. Ainda vivemos em tribos, é hora de nos unirmos como uma única humanidade e respeitarmos todas as formas de vida.

Em outro momento, Rita Lee ainda celebrou a música após ser questionada sobre o que ela trouxe para a sua vida:

A música me trouxe a oportunidade de levar às pessoas alegria e divertimento, fazendo-as esquecer por uns momentos de seus problemas e de seus sofrimentos. É o tal do prazer em ter prazer comigo.

Você pode ver a entrevista completa, com fotos de acervo do Estadão, nesse link aqui.

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