Música

“Não somos inimigos”: Neil Young pede empatia com invasores do Capitólio

O lendário Neil Young, sempre crítico de Donald Trump, pediu empatia com as pessoas que foram "manipuladas" e invadiram o Capitólio dos EUA. Entenda.

Neil Young em 2006
Foto de Neil Young via Shutterstock

Um dos nomes mais críticos de Donald Trump dentro da música, Neil Young publicou uma mensagem que acabou ganhando tons polêmicos nos últimos dias.

O lendário músico Folk usou seu site oficial para postar uma carta em que pede “empatia” com as pessoas que foram “manipuladas e tiveram suas crenças usadas como armas políticas”, resultando na invasão ao Capitólio dos EUA que deixou mortos e feridos.

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Na mensagem intitulada “tristeza e compaixão”, Neil falou ainda que “não somos inimigos” e que é preciso “encontrar um caminho”. O músico também reclamou do “duplo padrão” e citou os protestos do Black Lives Matter há algum tempo, afirmando que “não há lugar aqui para a Supremacia Branca” em referência ao tratamento muito menos agressivo que os invasores receberam em comparação aos movimentos recentes antirracismo.

Você pode ler a publicação dele na íntegra com a nossa tradução logo abaixo, ou a original clicando aqui (o link parece não funcionar em celulares, então também disponibilizamos um print ao final da matéria).

Mensagem de Neil Young sobre invasão ao Capitólio

Tristeza e compaixão me atacaram na última noite conforme eu assistia aos compatriotas dos EUA contando suas histórias.

Uma jovem mulher em lágrimas falou sobre levar spray de pimenta na Capital. Ela estava chorando porque ela tinha sido atacada e tudo que ela estava fazendo era tentar ter a sua voz ouvida nessa Revolução. Ela era uma de milhares que têm carregado o sentimento de serem perseguidos por suas crenças, seus sentimentos de que o poder dos EUA simplesmente não se importa.

Isso, para mim é além dos meus próprios sentimentos de que o nosso presidente traiu as pessoas, exagerou e amplificou a verdade para fomentar o ódio. Ressentimento do partido Democrata entre os ‘insurrecionistas’ no Capitólio era desenfreado. Nós não precisamos desse ódio. Nós precisamos de discussão e solução. Respeito pelas crenças uns dos outros. Não ódio.

Eu fiquei devastado em ver o duplo padrão. A forma como as pessoas foram ratas nas demonstrações do BLM [Black Lives Matter] recentemente, comparada ao outro dia. Não há lugar aqui para a Supremacia Branca. As pessoas precisam que as outras sejam verdadeiramente livres. O ódio nunca vai encontrar a Liberdade.

Eu descobri que algumas das pessoas invadindo o Capitólio eram eles próprios policiais, e entraram pacificamente ao mostrar suas identificações. Eu fiquei chocado em ver a bandeira dos Confederados sendo balançada dentro da câmara; a destruição e o desrespeito. Mas acima de tudo eu me senti mal pelas pessoas. Com as redes Sociais, os problemas são transformados em armas psicológicas e usados para angariar ódio em apoio de um lado ou do outro. É isso que Donald J. Trump tem como seu legado.

Eu ainda tenho minhas fortes crenças. Isso não mudou. Mas agora eu sinto empatia pelas pessoas que foram tão manipuladas e tiveram suas crenças usadas como armas políticas. Eu posso estar entre elas. Eu queria que as notícias da internet fossem bilaterais. Ambos os lados representados nos mesmos programas. As redes sociais, nas mãos das pessoas poderosas — influenciadores, amplificando mentiras e falsas verdades, estão aleijando nosso sistema de crenças, nos virando uns contra os outros.

Nós não somos inimigos. Nós precisamos encontrar um caminho de volta pra casa.
ny

Reprodução/Neil Young Archives
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