BK' quer lançar novo disco em 2021 e revela o que mais ouviu de Rap em 2020

Em entrevista ao TMDQA!, o rapper BK' fala sobre o sucessor do álbum "O Líder Em Movimento", medo de avião, influência da mãe e mais.

BK, Artista do Mês no TMDQA!

E chegamos ao fim do nosso papo exclusivo com o rapper BK’, dono de um dos melhores discos de 2020 com o ótimo O Líder Em Movimento.

O músico carioca foi o Artista do Mês de Janeiro no TMDQA!, dando o pontapé inicial no projeto que conta com entrevista exclusiva, arte de capa, Podcast e muito mais.

Nessa última parte, BK’ falou sobre as ideias para o sucessor de O Líder Em Movimento, citou influências de outros gêneros musicais e da sua mãe, revelou o que mais ouviu de Rap em 2020 e mais.

Divirta-se no vídeo logo abaixo e leia as outras três partes através dos seguintes links:

Após o vídeo, você pode ler a transcrição da entrevista.

 

TMDQA!: A gente percebe um padrão em artistas que curtem essa versatilidade musical. São pessoas que cresceram com muita coisa diferente em casa, como você mesmo falou da sua mãe com o Jazz. Já te ouvi falando também sobre a importância dela te dando conselhos e te guiando, então é massa ver que, além de tudo, essa relação também foi muito musical. 

BK: É isso, mano. Converso até com alguns amigos e digo, “Tô ficando mais velho e cada vez mais parecido com a minha mãe”. Ela é realmente a pessoa mais incrível pra mim.

E de música, é claro que a gente vai buscando as coisas enquanto cresce, mas minha mãe me moldou muito. Eu nasci dentro do movimento negro, minha mãe sempre lutou. Sou o que sou muito por quem ela é. É isso mano. É a família. É a minha mãe. Minha mãe é braba (risos)!

TMDQA!: Falando sobre futuro, 2021 tá aí… Já te vi falando que você quer aposentar o BK e usar seu nome, o Abebe Bikila, mas que ainda não está pronto. Como é essa dualidade pra você, também? E sobre os próximos passos, o que você pode nos contar? Imagino que esteja se coçando para voltar a fazer shows.

BK: Mano, foi a primeira coisa que falei hoje, de como quero voltar a fazer shows de verdade. Até fizemos alguns no formato que a pandemia permite, estamos voltando devagar. E agora já veio essa segunda de novo, estamos meio sem entender e tal, mas eu quero voltar a fazer show não um aqui e outro ali, sabe? Fazer show final de semana todo. Quero voltar a viajar, fazer as gigs, turnê mesmo. Quero voltar no clima de viagem, de esperar 3 horas no aeroporto…

TMDQA!: Dá saudade até da turbulência!

BK: Mais ou menos, né, disso eu tenho medo (risos). Perdi o medo de avião justamente em turnê, porque teve um final de semana com 5 ou 6 shows, não tem como… Aí eu pensei “bom, eu vou passar mal em todo voo” ou eu vou fazer show.

Eu fiz muita música agora, umas paradas que eu experimentei, coisas que eu me senti mais seguro. Eu já quero lançar um álbum novo no primeiro semestre, pra falar a verdade. 

TMDQA!: Que massa. E vai ser BK ainda?

BK: Vai ser BK. No Líder em Movimento eu até coloquei meu nome mesmo também, porque eu falo muito de resgate das origens nele. O meu próprio nome é uma forma de resgatar essa luta também, então essa foi minha maneira de retribuir. Mas ainda é BK mesmo, acho que isso ainda vai levar vários anos pra mudar mesmo. Deixa pra quando eu estiver mais cascudo, querendo algo mais leve (risos). 

TMDQA!: Pô, e a gente falou tanto do nome, mas não disse a origem dele. Abebe Bikila foi um maratonista etíope, é isso?

BK: Isso mesmo, primeiro maratonista da Etiópia ao ganhar medalha de ouro, correndo descalço. Brabão!

É até por isso que falo tanto de corrida nas letras, por causa do meu nome mesmo.

TMDQA!: Pra encaminhar aqui esse papo incrível aos momentos finais… bom, o nome do site aqui é Tenho Mais Discos Que Amigos, né, então fica a pergunta clássica. Você tem mais discos que amigos?

BK: Caraca, mano, vou te falar que eu tenho. E acho que todo mundo que curte música tem isso também, de ter um disco pra cada sentimento, cada fase, momento. Hoje eu to triste, aí você sabe qual disco ouve quando tá triste. Sabe qual disco pra ouvir quando tá feliz. Vou ouvir um disco pra não bater em alguém.

Tenho uma relação de muito carinho com os discos que me acompanham.

TMDQA!: E qual foi seu ranking do que mais ouviu em 2020?

BK: Pra começar, Jay-Z, que não é nenhuma surpresa, quem me conhece sabe. Tyler, the Creator, Kendrick Lamar, Saba e até o Drake, que foi uma novidade pra mim.

Eu já gostava, mas nunca ouvi tanto assim. E aí ele apareceu ali no meu Top 5 do Spotify, e eu falei “hmm tá bom” (risos). 

A novidade pra mim foi o Drake.

TMDQA!: Você também entrou nessa onda de música de conforto na pandemia? Aquela que você escuta quando precisa ficar bem e já conhece?

BK: Fiz muito isso sim, mas também fiquei pesquisando muita coisa. Trocando muitas ideias com as pessoas, passando música um pro outro. Um disco que descobri e ouvi muito foi do Saba, o CARE FOR ME, que é de 2018, mas fui ouvir mais recentemente. Outro álbum assim, e que se eu conto ninguém acredita, é o To Pimp a Butterfly, do Kendrick.

Quando ele saiu, eu nem fiquei tão viciado, mano, eu to fazendo igual meus fãs com Castelos e Ruínas, eu era muito apegado ao Good Kid, M.A.A.D City (risos). Eu fui mergulhar no To Pimp anos depois.

Isso que é legal de um álbum, né, você poder mergulhar nele a qualquer momento. Às vezes vai demorar uns 10 anos pra fazer sentido, o disco tá ali, a música tá ali.

Foi o mesmo com o 4:44 do Jay-Z, quando saiu. Assuntos e ideias muito legais, mas no meu ouvido não bateu naquela hora. Já o DAMN. foi o contrário, quando ouvi já fiquei viciado. E são esses dois discos que mais influenciaram o Líder em Movimento. Disco é isso aí mesmo, não precisa gostar assim que sai. 

Isso aconteceu até com quem ouviu meus discos, é pra acessar quando você se sentir à vontade e em paz.

TMDQA!: Com certeza, e a indústria vai ao contrário desse pensamento. Os “figurões” da música dizem que você precisa aproveitar o momento, lançar um monte de singles, como se música fosse matemática.

BK: Total, isso é a maior mentira. É o tipo de coisa que eu não deixo subir na minha cabeça, pra eu não me tornar um escravo do algoritmo. A gente fica nessa ilusão do tempo, de que tudo tem que ser agora, e não é assim não. É muito maneiro quando acontece de os números darem certo também, e isso aconteceu aqui, mas não é tudo. O foda é viver a música mesmo, influenciar pessoas. Eu gosto de coisas que durem, eu quero as pessoas falando do meu disco daqui 20 anos, tá ligado?

TMDQA!: BK, muito obrigado, esse papo foi incrível. Espero que da próxima a gente já se converse com disco novo.

BK: Eu que agradeço, mano. Um abraço pra galera do Tenho Mais Discos Que Amigos, e eu tenho mesmo (risos). Quem quiser virar meu amigo, ouve aí meu disco novo, Líder em Movimento. Fé!