Não é segredo para ninguém que George Harrison era o Beatle com melhor senso de humor, mas uma história sensacional voltou à tona nos últimos dias e envolve o guitarrista com Phil Collins.
Foi lá nos anos 70, logo depois do fim dos Beatles, que George contatou Collins pela primeira vez. Na época, o baterista tocava com o Flaming Youth e foi chamado para fazer um trabalho como músico de sessão na gravação do lendário All Things Must Pass.
A sua função era tocar congas, mas Phil não era nem um pouco especialista no instrumento. Por isso, a situação acabou se transformando em um mini pesadelo para o baterista que sentiu que tinha jogado fora sua maior chance profissional. Ele explicou isso em uma entrevista à Classic Rock em 2020:
Foi quando eu estava no Flaming Youth. Nosso empresário recebeu uma ligação do chauffeur do Ringo Starr, que disse que eles precisavam de um percussionista e ele me sugeriu. Então eu fui para o Abbey Road e o Harrison estava lá, junto com o Billy Preston e o Klaus Voormann e o Phil Spector, e nós começamos a praticar a música. Ninguém me disse o que tocar, e toda vez que eles começavam a música, o Phil Spector dizia: ‘Vamos ouvir guitarra e bateria,’ ou ‘Vamos ouvir baixo e bateria.’ E eu não costumo tocar conga, então minhas mãos começaram a sangrar. E eu estou mendigando cigarros do Ringo — eu nem fumo, eu só me sentia nervoso.
Enfim, depois de umas duas horas disso, o Phil Spector diz: ‘Ok congas, vocês tocam agora.’ E eu estava com meu microfone desligado, então todo mundo riu, mas minhas mãos estavam destruídas. E logo depois disso todos eles só desapareceram — alguém disse que eles estavam vendo TV ou algo assim — e eu soube que poderia ir embora. Alguns meses depois eu comprei o álbum na minha loja de discos do bairro, olhei para o créditos e eu não estava lá. E eu fiquei pensando: ‘Deve haver algum engano!’ Mas é uma versão diferente da música e eu não estou nela.
Claro que, como todos sabemos, Collins eventualmente veio a se tornar um dos músicos mais bem-sucedidos de sua geração tanto com o Genesis quanto em sua carreira solo. Era natural que ele se reencontrasse com Harrison em algum momento, e isso aconteceu vários anos depois por conta de um amigo em comum.
Foi aí que o senso de humor de George entrou em ação e ele pregou uma peça sensacional no colega:
Corta para anos depois. Eu comprei a casa do Jackie Stewart [ex-piloto de Fórmula 1]. E o Harrison era amigo de Jackie, e o Jackie me disse que o George estava remixando o ‘All Things Must Pass’. E ele disse: ‘Você estava nele, não estava?’ E eu disse: ‘Bom, estar eu estava.’ Dois dias depois eu recebo uma fita de George Harrison com uma nota dizendo: ‘Será que isso é você?’
Eu vou correndo escutá-la, e a reconheço na hora. De repente entram as congas — altas demais e simplesmente terríveis. E no fim da fita você ouve o George Harrison dizendo: ‘Ei, Phil [Spector], podemos tentar outra sem o cara das congas?’ Então agora eu estou sabendo, eles não foram assistir TV, eles foram pra algum lugar e disseram: ‘Livre-se dele’, porque eu estava tocando muito mal.
E aí o Jackie me liga e diz: ‘Eu tenho alguém aqui pra falar com você,’ e coloca o George no telefone. E ele diz: ‘Você recebeu a fita?’ E eu disse: ‘Eu acabei de perceber que eu fui demitido por um Beatle.’ E ele diz: ‘Não se preocupe, era uma zoeira. Eu fiz o Ray Cooper [famoso percussionista britânico] tocar muito mal e a gente dublou por cima. Achei que você iria curtir!’ E eu disse: ‘Seu filho da puta!’
Foi sensacional, não foi? [risos]
Todo esse esforço para uma piadinha? Bom, pelo menos na nossa opinião, valeu a pena — e parece que Phil também caiu direitinho. Sensacional!