Por Nathália Pandeló Corrêa
A mistura de new wave, punk psicodélico, pop, surf rock e krautrock com toques experimentais faz de La Femme uma das bandas que mais se destacaram no cenário indie da França na última década. Depois do EP de estreia em 2010, o grupo vem crescendo em popularidade a cada lançamento e criando uma presença constante na América Latina, com grande público no México e shows no Brasil – dois dos principais mercados da região.
O clima sintético e hipnótico das faixas de La Femme está ganhando novos contornos agora, quando a banda antecipa o próximo disco com uma série de clipes climáticos e cinematográficos. No fim de tudo, os vídeos formam um filme com começo, meio e fim previsto para ser lançado em abril ou maio trazendo uma narrativa construída a cada faixa revelada. É o caso de “Le Jardin”, clipe que acaba de sair. O novo trabalho vem pra somar à discografia que inclui Psycho Tropical Berlin (2013) e Mystère (2016), além de 4 EPs – sendo o mais recente Runway, de 2018.
Se preparando para essa nova fase da banda, conversamos com o guitarrista e membro fundador Sacha Got sobre esse momento. Confira abaixo:
TMDQA!: Já faz sete anos que vocês lançaram Psycho Tropical Berlin. Quando olham para a sua discografia, como vocês veem sua evolução como compositores, instrumentistas e pessoas, se comparados com quando vocês ainda estavam começando?
Sacha Got: Acho que estamos melhores agora em termos de produção e técnica. Temos mais engrenagens também. Além disso, em termos de composição, depende muito do clima das nossas vidas, às vezes a inspiração vem com tudo, e às vezes menos, mas sempre temos ideias novas. Nosso problema é que temos músicas demais e é complicado terminar todas e lançá-las. Gostaria que conseguíssemos lançar mais músicas com mais facilidade. E quanto à escrita, diria que agora nossas canções se tornaram mais sobre coisas relacionadas à realidade da vida.
TMDQA!: Mas dá pra dizer que 2020 foi o ano de uma década da banda. Estavam planejando celebrar essa data de alguma forma?
Sacha: Vamos colocar nossas máscaras e fazer uma grande chamada online juntos nos nossos computadores! Vai ser divertido!
TMDQA!: Falando em passado, “Où va le monde” é uma música que poderia representar o estado de incerteza da atualidade, apesar de que você provavelmente não imaginava um 2020 como o que tivemos. Como parte de uma das indústrias mais afetadas pela pandemia, como vocês veem esse ano que passou e o futuro daqui em diante?
Sacha: Bem, sim, está tudo fodido. Comparados a muitas pessoas, temos sorte, porque continuamos produzindo coisas, e esse momento tornou possível que a gente trabalhasse em um filme inteiro, o que é algo que a gente queria fazer há um bom tempo. Precisamos tentar encontrar as oportunidades de fazer as coisas que não fazíamos antes, mesmo que seja mais complicado de realizá-las do que o normal.
TMDQA!: O clipe de “Paradigme” é uma comemoração, o que é basicamente o oposto do que vivemos nos últimos tempos – pegando uma frase da música, digamos que as máscaras não vão cair tão cedo! Com essa nova leva de canções, vocês chegaram a pensar em como fazê-las ao vivo, se e quando vocês conseguirem fazer turnê do próximo disco?
Sacha: Agora me parece que vamos conseguir fazer turnê em 2022, então não pensamos ainda. Mas tudo está bem incerto no momento, como todos sabemos.
TMDQA!: O clipe de “Cool Colorado” é também parte do mesmo universo de todos os outros clipes e isso vai eventualmente virar um filme. Como vocês lidam com o aspecto visual do trabalho e como as canções e as imagens se complementam nesse caso?
Sacha: Amamos fazer clipes, para nós é sobre dar uma nova dimensão à música. E como disse antes, estamos trabalhando num longa-metragem com todos os clipes desse novo disco dentro dele. Vai ser meio humorístico, mas com drama também!
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TMDQA!: La Femme tem um público na América Latina e vocês até chegaram a vir ao Brasil alguns anos atrás. O que você acha que conecta a banda aos fãs latino-americanos? E pensam em voltar, se for possível?
Sacha: Sim, nós amamos ir aí! A vibração e o estilo de vida… Também fizemos várias músicas em espanhol, então não vemos a hora de poder compartilhá-las.
TMDQA!: O nome do nosso site tem a ver com a companhia que a música nos faz nos bons e maus momentos. Vocês poderiam compartilhar alguns discos que serviram de companhia nos últimos meses?
Sacha: Les folies d’Espagne, Marin Marais; La Zagala, de La nina de la puebla; Jeux dangereux, Les sauvageons; Land of my dreams, de Anna Domino; e Au soleil, je ne veux plus me marier, de Murman tsuladze.